Unidos de Mesquita apresentará o enredo Rendeiras – A tradição bordada no Sertão no Carnaval Virtual 2021

Logo oficial da agremiação.

A azul, dourado e branco estreante do Carnaval Virtual, a Unidos de Mesquita, apresentará o enredo intitulado Rendeiras – A tradição bordada no Sertão de autoria de Rodrigo Barboza.

Confira abaixo a sinopse da escola:

“ Olé  mulher rendeira, olé mulher rendá. Tu  me ensina a fazer renda, que eu te ensino a namorá…”

 É assim que cantam os cabras de Lampião nas alegres cantigas do Nordeste. A música rítmica contagiante tornou-se o hino de Cangaço, e ainda é cantada em todo o Nordeste. A tecelagem de renda de bilro começou há cerca de 500 anos (por volta do final do século XV). O tempo está passando e a divergência da origem continua. Algumas pessoas dizem que tudo começou na Itália, outras chamam Flandres de pioneira, mas algumas versões acreditam que países como Inglaterra, Espanha e Bélgica são os disseminadores dessa cultura na Europa.

“É como a trama da renda da terra,

Logo oficial completo da agremiação.

Que a rendeira rebate e retorce e

pontilha os espinhos,

Na ânsia de endurecer a graça

petulante de uma traça,

no afã de alinhar mais o trocado

do ponto de filó,

e sai tão fina, tão delicada,

tão perfeita,

que vocês, meus irmãos do Sul,

mandam buscá-la aqui, na

barraquinha anônima das várzeas,

para ostentá-la, depois,

no meio do seu luxo…’’

Renda da terra – Rachel de Queiroz

A origem, de fato, não pode ser unânime, mas a chegada no Brasil se deu pelas mãos dos portugueses, sendo uma tarefa das moças de fino trato das grandes e pequenas fazendas na época colonial brasileira. Durante o século XVI até meados do século XX, as meninas eram educadas para as tarefas domésticas tais como lavar, passar, cozinhar, bordar, costurar e fazer rendas de bilros, para vender em casa ou até mesmo em feiras . Assim, as primeiras rendeiras do Ceará eram esposas de pescadores, que dá sua pesca trazia o seu ganho. 

Todavia, tal prática, logo ganhou traços brasileiros, após se misturarem com os costumes indígenas, uma nova tradição nascia. A renda de bilro é feita no travesseiro, e seu recheio é feito de diversos materiais, como crina de cavalo, serragem, grama ou algodão. Em condições normais, é coberto, um tecido de cor mais neutra, para não confundir a visão do artesão. A esteira é a base do processo, o processo segue a direção do molde ou gabarito, que é o desenho, e depois a tecelagem do carretel. Esses fios são fixados pelo artesão com alfinetes para formar tranças, formando laços de diversos tamanhos, sejam eles coloridos, brancos ou de algodão. O carretel é feito de madeira e tem uma pequena cabeça em uma das extremidades. O fio trançado é enrolado nele. Eles geralmente são usados ​​em pares. Os principais pontos de fazer renda de bilro são abacaxi, folhas de renda, coco, não me deixe ir, com fome, palmito, palma, ziguezague, mudança, trança, moldura, margarida, mudança, matachim, aranha, meus olhos e o banquinho de Cupido. Eles variam de acordo com a região de produção do artesanato. E é responsável pelo belo design das rendas.

    É feito de renda de bilro, vestidos, blusas, corredores, toalhas de mesa, toalhas de banho, porta-copos e muitos trabalhos, que variam de acordo com a criação de cada artesão. O tipo de renda varia de acordo com o fio utilizado (mais grosso ou mais fino). Porém, quase todo o processo é feito de forma sustentável, ou seja, com materiais naturais. O carretel é uma haste usada para guiar o fio emaranhado, feito de árvores. As agulhas são os espinhos de um cacto. As folhas de bananeira são colocadas na almofada que sustenta o fio.

Este é um trabalho coletivo que exige habilidade e dedicação. A maioria das rendeiras faz isso a  20, 30 ou até 50 anos. Quase todas,irmãs, mães, filhas, tias, sobrinhas, avós, netas. Algumas pessoas têm apenas esse tipo de profissão na vida e são proficientes em tricô desde a infância.E é assim que vive a nossa mulher rendeira. Uma tradição de mãe para filha e agora, de nós para o Carnaval. 

Vem trazido pela maré

numa caravela portuguesa

as ondas que carregam axé

as rendas que botam o pão na mesa

não sei da Espanha, Bélgica, outro lugar

o primeiro fio se passou

sei que hoje é raiz do Ceará

raiz que um dia o índio incorporou

Fios de tradição

construída pela mulher do nordeste

cultura impregnada nesse chão

com a força desse povo do agreste

Lampião e a tropa da resistência

cantava alto na secura do sertão

olê rendeira e sua essência

que faz valor, com a própria mão

Foi dado um baile em cajazeira

as moças de vila bela

cantam pra mulher rendeira

almofada é folha de bananeira

cacto é alfinete

na mão da mulher rendeira 

o bilro guia o fio entrelaçado

pra fazer renda pra bela mulher

se perde sertanejo apaixonado

ora encantado, se esquece de outra qualquer

a renda é renda no artesanato

que na seca sustentou

meus meninos o alimentou.

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