Estrela Guia reedita seu carnaval de 2011 na Edição Especial do Carnaval Virtual

O GRESV Estrela Guia apresenta seu enredo e samba para a Edição Especial do Carnaval Virtual que acontecerá nos dias 14 e 15 de Fevereiro deste ano! A escola assimila e deglute o samba enredo apresentado em 2011, que versava sobre as origens da língua brasílica e rumina uma nova proposta de enredo baseado na obra de Mario de Andrade: Macunaíma – O herói sem nenhum caráter com o enredo: “Jiboia juru-ru não Kutúk perereca”.

A escola informou que optou por participar da Edição Especial pois “Ficamos empolgados com a subida da escola para o grupo de elite do carnaval virtual, assim, nosso carnavalesco Thiago Santos encontrou uma forma de agradecer ao presidente Rafael colaço por esses 4 anos de parceria, realizando a releitura de um carnaval do início da Estrela Guia que infelizmente teve muitos problemas para por o desfile no ar em 2011.”

A opção por reeditar o enredo e samba do carnaval de 2011 da escola se deu pois o presidente da agremiação Rafael Colaço acredita ser o melhor samba que a escola já apresentou em seus 10 anos de carnaval virtual.

O Carnavalesco da agremiação Thiago Santos promete um visual totalmente novo “menor e mais simples, porém original”.

Confira o samba que embalará a apresentação da agremiação!

 

Confira a sinopse do enredo da escola:

Jiboia juru-ru não Kutúk perereca.

Autor: Thiago Santos

Assimilar, deglutir e ruminar!

Inspirada na essência do manifesto antropofágico de 1922 que dava início ao modernismo no Brasil. A Estrela Guia, para a edição especial do carnaval virtual em 2021, assimila e deglute o samba enredo apresentado em 2011, que versava sobre as origens da língua brasílica e rumina uma nova proposta de enredo baseado na obra de Mario de Andrade: Macunaíma – O herói sem nenhum caráter.

 

Sinopse

Logo oficial do enredo

Entre baforadas do cachimbo mágico, Tupã cantava criando mundos e estrelas. Um dia ele se entregou a preguiça, adormeceu e sonhou com nosso planeta. Ao acordar, cachimbou o que seria o espírito da mãe terra, que se espalhou no espaço na forma de uma jiboia iluminada e prateada. A jiboia serpenteou e serpenteou até ficar jururu de tanto serpentear, se enrodilhou e e decidiu parar, ficando ali até virar um imenso jabuti.

Tupã inebriado pela fumaça do seu cachimbo, começou a imaginar o planeta no casco do jabuti mas a danada preguiça lhe pegou novamente, e então, Tupã deu vida a Macunaíma, nosso primeiro ancestral, para terminar sua criação. Um índio preto, birrento e ardiloso, predestinado a ser errado. Feio, inconstante, libertino, covarde, de pouca confiança e preguiçoso.

Macunaíma não sabia andar por aqui e saiu desnorteado pelos quatros cantos do casco, tal qual um bicho brabo. Olhou pro céu e vociferou: Pirarucu! E surgiu o primeiro peixe. Assim falou tudo o que que vinha a cabeça: Jacaré! Tambaqui! Paca! Tatu! Cotia! Passou muito tempo falando muitas coisas terem sido criadas. Até que: “ai que preguiça!” e voltou a falar: Gariroba! Jequitibá! Peroba! Macaúba!  E muitas árvores surgiram. Então ele amarrou uma rede entre os troncos e dormiu.

Quando acordou, Macunaíma se sentiu sozinho, caminhou pela mata adentro e encontrou o Caipora, o guardião das matas. Prosearam e fumaram juntos um fumo de rolo. Malandramente Macunaíma tenta enganar o Caipora para pegar o fumo todo pra si mas o Caipora percebe a traquinagem e enfurecido persegue Macunaíma. Nosso herói corre tanto, mas tanto que chega a grande floresta Amazônica.

Na beira de um igarapé ao olhar seu reflexo, feio, ele se assusta e grita: “kunhã-porang-a!” E surgiu a primeira mulher, na verdade meio mulher, meio peixe. kunhã percebe que faltava cores nas criações de macunaíma e cantou dando origem a muitas pererecas coloridas. Kunhã então, deu a perereca mais preciosa a Macunaíma, chamada de Muiraquitã, o amuleto da sorte, e os dois passam o resto do dia a se cutucar.

Muito tempo passou, e os dois geraram muitos Tupis da cor do guaraná. Apaixonado, Macunaíma levou kunhã para conhecer as belezas do litoral e ao chegar na Bahia, nosso herói se depara com os Perós, homens brancos. Macunaíma nunca tinha visto um homem branco. Macunaíma ficou tão encantado com toda a modernidade que eles traziam, que escambou o amuleto muiraquitã por uma penca de quinquilharias.

Decepcionada, Kunhã decide deixar seu amado e se transmuta em uma linda lua indo viver no céu. Triste, sem sorte e se sentido enganado, Macunaíma foi tomado pela raiva. Desse dia em diante sempre que chegava um Peró por essas bandas, ele distribuiu boas sovas e os devorou com muita vontade. De tanto comer sentiu preguiça e adormeceu. Pego no susto, Macunaíma, é capturado e catequizado. Banhando na água santa dos Perós, ele que era preto como a noite, embranquece e perde seu caráter original.

Derrotado e sem rumo, nosso Herói caminhou.

Caminhou por muito tempo…

Até que ao passar pelas bandas do Rio de Janeiro ouve o som de atabaques. Era um zungu onde se rezava uma macumba para Exu-Diabo e saudavam todos os santos da pajelança: O Boto Branco, Omolu, Iroco Ochosse, Boiuna Mãe Feroz.

 

“VAMO SA-RA-VÁ!…

E Macunaíma provou da cachaça

“VAMO SA-RA-VÁ!…

 

Incorporado e desvairado, reencontrou seu canto original na voz dos caboclos: Sete flechas, Arranca Toco, Ventania, Flecha Certeira, Boiadeiro. O caráter tupi da língua brasílica resistiu entre os filhos tupis, da cor de guaraná de Macunaíma e Kunhã. Entre os mamelucos e caipiras. Nas macumbas de todas os quatros cantos, bibocas e matagais do Brasil.

 

Então, já tomado pela preguiça, Macunaíma parte cantando:

“Vou-me embora,

vou-me embora,

Eu aqui volto mais não

Vou morar no infinito

E virar constelação”

 

Livremente inspirado no livro Macunaíma e em diversos contos indígenas de origem Tupi-guarani que versam sobre a criação do mundo.

 

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