Dragões Lendários criticará os ‘Mercadores da Fé’ em seu enredo para o Carnaval Virtual 2020

Buscando retornar ao Grupo Especial, o GRESV Dragões lendários apresentou seu enredo para a disputa do Grupo de Acesso do Carnaval Virtual 2020. A escola apresentará o enredo  com o título “Mercadores da Fé” de autoria do Carnavalesco Isac Ferreira.

 

FICHA TÉCNICA:

Presidente: Victor Fernandes
Carnavalesco: Isac Ferreira
Intérprete: Nubia Hirose

 

ENREDO:

Mercadores da Fé

Autor: Isac Ferreira

 

“Andar com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá…”
Gilberto Gil, 1982.

Depois de muito caminhar pelo planeta buscando sobreviver, a humanidade deixou de ser nômade quando descobriu que podia plantar e que podia domesticar animais para seu sustento, era a primeira das grandes revoluções. Entretanto, ela ainda não controlava os caprichos da natureza. Às vezes faltava chuva, às vezes chovia demais, outras vezes, os animais e plantas que os alimentavam simplesmente não cooperavam. E eles começaram a pedir ajuda e clemência às forças da natureza para que conseguissem ter condições para sobreviver. Quem seriam os poderosos seres que controlavam estas forças? Estariam eles zangados com os humanos? Era necessário agradá-los! Assim surgem as oferendas e sacrifícios, tudo o que fosse necessário para agradar aos deuses e aplacar sua ira.

Alguns humanos pareciam mais próximos destes deuses, pois prediziam o que poderia acontecer e entendiam melhor como estes agiam com os humanos. Estar próximo à tais pessoas tornava a vida nos primórdios das civilizações menos penosas, e assim estes “mensageiros do divino” passaram a ser cada vez mais importantes na sociedade e estes a organizavam de acordo com os desígnios divinos e preparavam rituais e criavam formas de cultuar o sagrado, formando as bases daquilo que viria, mais tarde ser chamado de religião.

O comum era que as sociedades tivessem suas regras ditadas por seus anciões, que com sua vivência conheciam a natureza e entendiam os presságios, assim eles se tornavam os primeiros sacerdotes. E para estar dedicados a interpretar tais presságios, eles começaram a receber doações de seus compatriotas, seja para sobreviverem ou para conseguir favores pessoais das divindades. Até os soberanos os procuravam e precisavam ter os sacerdotes a seu lado

Desta forma religião e política passaram a conviver intimamente, e a religião passou a ter uso político e alguns sacerdotes inescrupulosos começaram a usar seu poder sobre as massas para manipular os governantes. Foi desta forma que vários excessos começaram a ser cometidos. Os soberanos usavam da fé para justificar suas ações, muitas vezes inescrupulosas para massacrar seus oponentes e sufocar quaisquer questionamentos contra seu poder. Assim, sacerdotes e soberanos estabelecem uma relação espúria para que seus privilégios ante as sociedades se tornassem eternos.

A religião agora criava e terminava guerras entre nações, além de manter os menos abastados sob sua mão de ferro implacável, cobrando tributos altíssimos da população que já mal conseguia sobreviver, prometendo uma vida melhor àqueles que se submetessem à suas regras, se não neste mundo, seriam recompensados no plano divino. Criou-se a cultura do medo, ameaçando com castigos inimagináveis e danação eterna para aqueles que não seguissem as regras. Era obrigatório se contribuir para a religião se se quisesse escapar de tamanha penúria na vida após à morte e devia-se aceitar sua condição terrena, sem questionamento, porque era o caminho para uma existência mais feliz em outro plano.

Os dízimos já não eram mais suficientes, a simonia tornou-se uma prática recorrente. Vendia-se de tudo em nome da fé, relíquias sagradas e objetos abençoados. Alguns religiosos se opunham e condenavam tais práticas financeiras, buscando inclusive votos de pobreza para a liberação das tentações mundanas para atingir a iluminação. Muitos daqueles que recriminavam tais práticas, com o passar do tempo, começaram a adotá-las com uma dedicação ferrenha.

No século XX, com a urbanização da sociedade e os problemas decorrentes desta, as pessoas estavam cada vez mais carentes e emocionalmente perturbadas. Se sentem mais solitárias e angustiadas em meio a seus problemas, se tornando presa fácil para aqueles que buscam se aproveitar daquelas almas em agonia. Promete-se de tudo em troca de uma pequena contribuição financeira, que é tão insignificante perto das recompensas divinas. Por preços módicos, compram-se pedacinhos no céu, vassouras para varrer o mal, canetas ungidas para se passar em concursos públicos e até mesmo traz-se o amor de volta em sete dias. As pessoas não são mais responsáveis por suas conquistas, todas elas lhes são dadas como retribuição pela contribuição que fizeram ao divino.

A Dragões Lendários, neste momento de alegria para os fãs do Carnaval Virtual, fãs do carnaval de todo o mundo, um monte onde se esquecem as tristezas e dissabores, chega para questionar: É necessário um intermediário para se conectar com as forças da natureza? Será que precisamos de alguém para entendermos que todos somos parte do planeta e estamos inexoravelmente ligados uns aos outros e que ajudando ao próximo estamos nos ajudando? Será que realmente somos um rebanho que precisa de um pastor para nos conduzirmos por caminhos que nem sempre queremos ou precisamos? Onde está a tua fé? Será que tua fé tem preço?

 

INFORMAÇÕES DA DISPUTA DE SAMBA:

— ERRATA—

Prazo de Entrega: 20/05/2020

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