Dragões Lendários apresenta enredo para o Carnaval Virtual 2022

Logo oficial do enredo

O GRESV Dragões Lendários divulgou o enredo que levará para a disputa do Grupo Especial do Carnaval Virtual 2022.

Pavilhão oficial da agremiação.

A preto, amarelo e branco de São Gonçalo/RJ irá apresentar o enredo “Uma Vida em Quatro Estações”, que será desenvolvido pelo seu carnavalesco Isac Ferreira.

Confira abaixo a sinopse do enredo:

UMA VIDA EM QUATRO ESTAÇÕES

SINOPSE

Como previu o poeta, o sol brilhou mais uma vez, como um resultado de um amor de carnaval, uma flor ascendeu do meio das cinzas e eu nasci em plena primavera. No meio de tantos retalhos de cetim, entre o tilintar as máquinas de costuras, onde minha mãe e as velhas baianas enquanto costuravam, fui crescendo, e o samba cada vez pulsando mais forte em minhas veias.

Vibrava a cada pagode que acontecia no quintal de casa e ali eu também queria versar o partido sem mesmo saber falar. Foi batucando nos baldes de minha mãe que comecei a cantar. Na escola, os meus desenhos eram fantasias, minhas redações eram letras de samba que um dia iriam nascer.

Surgia também a minha primeira paixão. Eu achava lindas aquelas passistas que eu via nos ensaios de toda semana e sonhava que um dia, uma delas iria se apaixonar por mim. Cresci ajudando meu velho pai a serrar as madeiras das alegorias, queimei muito os dedos com cola quente, mas como o sol de verão que teima em queimar nossa pele, eu me recusava a desistir.

Me sentia forte, me sentia bravo e brigava com todo mundo que falasse mal da minha escola. Eu me sentia invencível, e as conquistas que vinham me deixavam cada vez mais assim. Foi o samba que me ensinou e me deu oportunidades, ali aprendi à soldar, sabia serrar, colar e até mesmo costurar. Fui fazendo disso minha profissão.

E aquela passista que cresceu comigo e que eu tanto admirava, virou a porta bandeira. E muito mais do que isso, virou minha namorada, minha musa, minha paixão. Agora eu também era um dos bambas, sempre com o pandeiro nas mãos animando os pagodes no terreiro, enquanto, o cheiro que vinha das panelas, aguçava o paladar de todos. A gente sempre tinha de botar água no feijão, já que o povo todo não parava de chegar.

Logo oficial do enredo

E não era só a família do samba que crescia, subi ao altar com minha musa, e logo ela me deu o mais preciso presente de todos, chegava mais um pequeno bamba à nossa vila para manter a tradição. O trabalho não parava, mas o dinheiro apertava, e a gente sempre juntava as moedinhas para colocar nosso sonho na avenida. À cada lantejoula colada, à cada adereço aplicado, a cada bastão de cola quente que ia, a felicidade aumentava, assim como a experiência.

Agora eu era um exemplo, era o espelho que muitos queriam olhar. Era admirado pelo amor ao nosso pavilhão, pelo cantar até ficar rouco, pelo sambar até de manhã. E, com a experiência, os cabelos brancos começavam a aparecer, símbolos de cada luta, de cada glória, de cada lágrima que caía como caem ao chão as folhas de outono.

É, o peso da idade chegava à cada batalha travada, à cada desfile na avenida. Eu já não era mais aquele moleque faceiro, que podia sambar o dia inteiro, agora era a hora de sambar no miudinho, do jeito que aprendi com os bambas de outrora. Agora era eu o velho griô, que mantinha a chama viva do samba nos corações dos jovens. A velha guarda agora era o meu lugar, sentia a chama no peito ainda arder, mas sabia que ela já estava mais fria, como aquele vento frio de inverno que corria pelas madrugadas ao sair dos ensaios da quadra.

Era chegada a hora de passar o meu anel de bamba, mas somente àquele que o merecesse usar. Encontrado meu sucessor, eu podia descansar, à sombra daquela velha jaqueira majestosa, que de cima do nosso morro, abençoava o povo do samba enquanto eu descansava em paz.

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