Diretamente de Saquarema, Tritões do Grande Mar disputará o Grupo de Acesso II

Logo da agremiação.

A Tritões do Grande Mar, fundada em dezembro de 2020 fará sua estreia no Carnaval Virtual 2021 com o enredo: “Ipsis litteris, ipsis verbis” de autoria de Roberto Carijó e Alaor Júnior.

Logo completo da agremiação.

Confira abaixo a sinopse:

“Sabe o fardão das lautas folhas? Letras. Quem diria! 

Laureei meu versar na Academia,

Descobri em meio às pautas, que nobres Avenidas são linhas,

Nelas (re) escrevo meu sambar. Bailado fidalgo, ideias coroadas são minhas.

Cercado de luzes, com brilhos e cores, qual conto surreal, surge o rei-folião,

No desfile procissão, onde alma tudo pode. Nostálgica Magia! É dia de exortação!

Risco um cortejo prá lá, e no elegante rodopio rendado, um leque de sonhos pra cá,

Rima na fantasia é amar, proseando com leveza, samba no pé vem já – já,

Batuques de outrora, tambores de agora, forjam no compasso, um só coração,

Pois entre os enredos da vida, o nome grafado de primeira é transformação.

E no desfile de palavras da gente, Literatura-arte faz o canto ecoar,

É da linguagem que anima este povo, que o meu Carnaval vem falar!”

O Grêmio Recreativo Escola de Samba Virtual Tritões do Grande Mar, no primeiro desfile após sua fundação e filiação à Liga Carnaval Virtual, incorporando a responsabilidade sócio – educativa de alavancar a transmissão cultural através da maior festa popular, traz para o Desfile do Carnaval 2021 o enredo “Ipsis Litteris, Ipsis Verbis” em homenagem à Literatura Brasileira enquanto manifestação de “culturas” escritas e orais, traçando para tal um paralelo conceitual entre artes: o manuseio aprimorado das palavras, a arte da palavra, e o manuseio da dinâmica carnavalesca, a arte da cor, do brilho, da emoção, da fantasia… Ambas como genuínas formas de expressar e resistir, fazer-nos refletir e compreender a realidade, usando dos recursos estéticos e plásticos para dar sentido e emoção às mensagens e ideias que desejam imprimir. De forma abrangente podemos afirmar que Literatura e Carnaval são manifestações que nos levam às interações, que dialogam e percorrem (se nos permitem o trocadilho), as passarelas comuns no desfilar da vida, incorporando às suas produções, seja no “Letrar” ou no “Carnavalizar”, quesitos como: comunicação, linguagem, entretenimento, criatividade, entre outros.

A avenida se descortina aos sonhos surreais, pauta branca que aguarda ansiosa pelos apaixonados rabiscos dos nobres foliões que, qual leveza das penas tinteiro, transportam as almas para os pés, através de gingados malandreados, rodopios vigorosos, cortejos sensuais, passos ensaiados… um singular bailado de encantados deslizando num mar de páginas. E assim passam a escrever mais um capítulo de suas vidas, compartilhando emoções difusas junto à “inebriada plateia de leitores”. A garganta antes seca é tomada pelo êxtase do canto que se eleva em sublime oração, o coração fibrilado se rende ao compasso da bateria, cadenciando os versos em poesia, o espírito forjado pela marca cultural dos antepassados se une à sinfonia dos fogos vibrando freqüência sem igual, os sentidos se afloram no corpo proseado, viajam em devaneios pela fumaça perfumada em uma explosão de sensações que se mesclam às cores, às luzes, ao brilho, às formas que, a cada nova linha, emanam novidades que atraem os envolvidos.

[Toque de Sirene – Tempo… É hora de sambar, escrever nova (nossa) história…] 

Sim! Somos seres gregários. 

Nossas relações envolvem comunicação, letras, palavras. Criações artísticas como a Literatura e o Carnaval permitem a expressão da nossa identidade e a manifestação de resistência frente à árida realidade que nos cerca. Visando preservar memórias, disseminar informações e desfrutar do prazer de se exprimir refinamos o artista primitivo que recorreu à linguagem escrita simbólica para registrar e compartilhar suas ideias, vivências e emoções. As descobertas de inúmeras intervenções gráficas nas cavernas em tempos pré-históricos, ainda que não configurem literatura em essência, são exemplos que endossam nossa viagem pelas letras. O tempo passou, linguagem e artes se aprimoraram acompanhando o progresso das sociedades, ladeando a evolução humana.

Até hoje, quando o escritor garimpa palavras, dando ao texto um caráter estético e emocional, ali se faz presente o Espírito Literário. Aristóteles escreveu: “no manuseio das palavras o homem imitava a realidade”. Independente da Grécia, ao longo de todo o mundo a literatura exerceu seu papel que transcende os devaneios, se difundiu no registro de histórias expressando a realidade, os clamores, denúncias, condições sociais, cultura. O advento da imprensa deu vigor a todo esse processo.

Na Terra de Vera Cruz não foi diferente… 

Em meio às palavras escritas ou sambadas, em meio à cadência dos versos ou marcações dos bumbos, em meio às páginas impressas e avenidas pisadas, em meio às singulares capas de livros ou marcantes fantasias multicores, em meio às ilustrações dos textos ou à cenografia das alegorias, sempre haverá o ponto comum, o homem, desfilando pelas letras ou passarelas, a figura humana protagonista da vivência da felicidade e aberta à assimilação cultural, autor e personagem, real e fictício, nobre ou plebeu, herói ou vilão, vassalo ou suserano,… Um Alguém! Alguém que viu, contou, escreveu, viajou, sentiu, apresentou, leu, se emocionou, brincou, chorou e sorriu, viveu… Hoje, Folião Literato…, aqui na passarela, é protagonista do feliz destino de se investir do poder que emana da sua identidade, se revestir da paixão carnavalesca, e se vestir de letras para, com todo gingado envolvente que habita sua personalidade, riscar em verso e prosa mais um capítulo da vida. É dessa mágica implícita que se apodera da alma que brinca na escrita ou no samba que nos apropriamos para folhear a Literatura Brasileira, relacionando algumas obras e autores aos movimentos literários e contextos históricos do nosso país, como um conto da história de resistência de um povo.

Comentários

 




    gl