Conheça o enredo da Unidos do Tijucano para sua estreia no Carnaval Virtual

Em sua estreia no Carnaval Virtual o GRESV Unidos do Tijucano será a primeira escola de samba a participar no mesmo ano de 2 plataformas de carnaval, participará do Carnaval Virtual e do Carnaval de Maquete. A escola apresentará o enredo: “O Auto da Trupe de La Mancha” de autoria do presidente e carnavalesco Nícolas Gonçalves, a logo do enredo foi desenvolvida pelo artista Igor Avelino.

 

 

FICHA TÉCNICA:

Nome: Grêmio Recreativo Escola de Samba Virtual Unidos do Tijucano
Cidade sede: Rio de Janeiro
Data de fundação: 03/07/2015
Cores: amarelo ouro e azul pavão
Simbolo: Pavão

Presidente: Nícolas Gonçalves
Carnavalesco: Nícolas Gonçalves
Intérprete: Roberto Eloy

 

ENREDO:

O Auto da Trupe de La Mancha

Autor: Nícolas Gonçalves
Revisão: Thiago Laurentino e Cleiton Almeida

Ao abrir o pano, o cabra vestido de Dom Quixote apita. Sancho puxa no repinique. Entram todos os atores, sambando, se exibindo ao público ao som de um arretado samba-enredo,. O Palhaço anuncia o espetáculo:

PALHAÇO, grande voz
O Auto da Trupe de La Mancha! A aventura de um Cavaleiro Andante que conheceu uma trupe mais andante ainda pelas terras dos que andam fugindo dessa terra.

SANCHO PANÇA
Andam-se pra fugir pra cá, o que vamos fazer lá? Se não for minha ilha, que queres que faça num tal sertão? Não há justificativa para convencer o grande cavaleiro andante a se meter com jegueiros artistas.

PALHAÇO, tomando a frente de Sancho
Eu sou acaso loucura, para me meter na cabeça do seu amo? Justificativa do enredo: não sei, só sei que foi assim.

DOM QUIXOTE
Andea, Sancho Pança! Arreda o pé, coração, espírito valoroso, que juro, à fé de cavaleiro andante, que, nesta jornada, há de ver o mundo quem é D. Quixote de la Mancha; que, se até aqui foi Cavaleiro da Triste Figura, daqui em diante será o alegrão do Universo. Anda, vai-te a preparar!

SANCHO PANÇA
Mas que jornada nova é essa?

PALHAÇO
Senta que lá vem história! Resumo do Enredo:

ATO I
Começamos com Quixote descobrindo um novo espaço em sua biblioteca, em meio a tantos romances de cavalaria, encontra romances brasileiros, e se põe a ler:. Referências: O Sertanejo de Alencar, Os Sertões de Euclides da Cunha, A Bagaceira de José Américo, O Quinze de Rachel de Queiroz, Menino do Engenho de José Lins, Capitães da Areia e Terra do sem fim do amado, Jorge, Vidas Secas de Graciliano, Morte e Vida Severina de João Cabral, cordéis como o Cante de lá que eu canto de cá de Antônio Gonçalves da Silva e os mais queridos do leitor, os autos, salve o Auto da Compadecida, salve Suassuna! Ele deixa se levar pelos versos do musical Auto do Reino do Sol e na ópera Vida do grande D. Quixote e do gordo Sancho Pança do Judeu António José da Silva, poemas de Fernando Pessoa, nos carcarás, mortal loucura e até no silêncio cantado por Bethânia, no xenhenhém de Elba, de Gonzaga a Alceu Valença e samba com todas as escolas e suas homenagens, vamos invadir o Nordeste!. “Incrusive” a historia que vou contar tem trechinhos copiados na cara dura ou adaptados das referências citadas.
Mas adivinhem só? Mais uma vez o cavaleiro adormece e assim começa a grande aventura. O cenário do sertão dá o tom do grande encontro do maior cavaleiro andante com os gigantes cavaleiros andantes brasileiros: os retirantes, os boias frias, os emigrantes, os desbravadores, filhos do chão rachado, os Fabianos, as Sinhás Vitórias, os jegues, as Baleias, os burricos, os palhaços, os circenses e os mambembes.

ATO II
Com o sol rachando, histórias e estórias se intercalam. Grandes moinhos enfrentar, a fome vencer, o calor superar, perder-se em procissões, tudo remoinha, tudo circunda as aventuras de Quixote!
Nesse grande ciclo, quem sempre está presente? Além de Sancho, claro… Sua grande paixão: Dulcineia De Toboso, que aqui pra gente fica combinado como Néia, um globo esférico de formosura, princesa da belezura, duquesa do melindre, arquiduquesa da “xicungunha”, Vênus do sertão, amada dos jagunços, a perseguida, a procurada da “pulicia”, a Maria Bonita! Quixote, que foi logo chegando e dizendo “I love you”, que quer dizer morena em francês, tomou o pipoco de todo cangaço e o estouro do Lampião.

ATO III
Cai a tarde, ascendem a luz do lampião, a lua se ajeita. É noite, vai ter cantoria! O frio da noite começa a bater e é preciso aquecer! Sultana, cigana do fogo, líder da trupe, bota fogo, ascende à a fogueira e acalora paixões. A festa começa! Pra aquecer um “cadim” mais, o mais Gato, o galã dos meninos, puxa a rodada de aguardente, a mais pura do Bar do Zé. Com o tonel entornado, o coração chega lateja e só desejam passar bem e, assim, começa o “xenhenhém”.
Chega a hora que o coração precisa repousar. No céu da lona as estrelas se fundem com as luzes do picadeiro. Quixote põe-se a ouvir as estrelas , no “auto”, Compadecida. Ele recita uns versinhos à senhora:
Valha-me, Nossa Senhora, Mãe de Deus de Nazaré! A vaca mansa dá leite, a braba dá quando quer. A mansa dá sossegada, a braba levanta o pé. Já fui barco, fui navio, mas hoje sou escaler. Já fui menino, fui homem, só me falta ser mulher. E agora, Aparecida? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, Aparecida? E agora, você? Você, que é sem nome, que zomba dos outros, você, que faz versos, que ama, protesta? E agora, Senhora?
Sou um andarilho a procurar o sorriso encantador, a esperança, hei de achar linda rosa, meu amor.
Toda noite o mundo escuta choro dos ofendidos das esposas que costuram mortalhas para os maridos. Notícias que não vieram para as mães que ainda esperam filhos desaparecidos. Retirantes maltrapilhos em frente ao portão dourado batendo com toda a força, ninguém ouve o seu chamado. Chamam a mais de cem anos de fome, de desenganos, mas Deus é muito ocupado. E se eu quiser falar com Deus tenho que me aventurar, eu tenho que subir aos céus sem cordas “prá” segurar, tenho que dizer adeus, dar as costas, caminhar decidido, pela estrada que ao findar vai dar em nada, nada do que eu pensava encontrar! Quem do mundo a mortal loucura cura. A vontade de Deus sagrada agrada. Firmar-lhe a vida em atadura dura. Ó voz zelosa, que dobrada brada. Já sei que a flor da formosura, usura. Será no fim dessa jornada nada.
O mundo é pra quem nasce pra conquista, não pra quem sonha que o pode conquistar, ainda que tenha razão.
Amém.
Cai estrela cadente, ele faz um pedido.

ATO FINAL
O galo cantou, Quixote desperta! Acorda! Levanta! ACORDA! Eles vão casar!
O forró rendeu! Mulher Barbada, viúva, triste e antes sozinha e o Mágico, desacreditado, sem magia, muito menos alegria se apaixonaram. A correria começa pra preparar o casório, a alegria é geral! Laços de fita e chitas colorem a terra seca.
Menos pra um, o cavaleiro andante nunca havia notado tal formosura por trás das barbas e crê que finalmente encontrou sua amada Dulcineia, triste por ter sido enganado pelos encantos. Põe-se a chorar.
Casamento de Viúva, o palhaço aos prantos e mandacaru quando “fulora” na cerca, é sinal de quê? Sol e chuva! Se foi Quixote que tanto chorou ou o casamento da viúva ou Nossa Senhora que ouviu a prece ou a estrela que caiu, o que fez chover no sertão ninguém sabe. No entanto, o mágico quer os créditos, diz que foi ele o milagroso, de tanta felicidade por casar com sua amada, enfeitiçou a chuvarada. O importante é que a revoada de pássaros folheou os galhos secos, as flores desabrocharam em chita e o mandacaru em flor. Tudo ao som de zabumba e pandeiro, o tilintar do triângulo mistura com o chacoalhar do ganzá e sem parar toca o sanfoneiro, toca assim como as gotas que caem. No fim do arco-íris, o sertão virou ouro e fez-se a festa!
E Quixote? Descobriu que, na verdade, ele é eu, o grande palhaço do enredo.

QUIXOTE
Se eu sou você e você sou eu, quem eu sou?

PALHAÇO
Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte disso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Cai o pano, e o povo começa a cantar
“Sonhar mais um sonho impossível
Lutar quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vender

Sofrer a tortura implacável
Romper a incabível prisão
Voar num limite improvável
Tocar o inacessível chão

É minha lei, é minha questão
Virar este mundo, cravar este chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz

E amanhã se este chão que eu beijei
For meu leito e perdão
Vou saber que valeu
Delirar e morrer de paixão

E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão”

“Sonho Impossível”, Joe Darion, Chico Buarque, Ruy Guerra, Mitch Leigh.

 

INFORMAÇÕES DA DISPUTA DE SAMBA

– Escola encomendará o samba

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