Carnaval Virtual Edição Especial: Águia Real vai reeditar seu Carnaval de 2011

Águia Real. Foto: Divulgação

Para a Edição Especial a Sociedade Águia Real irá reeditar seu enredo e samba apresentado no carnaval de 2011, “O Mito Sagrado de Ifé”. A agremiação irá nos levar até Ilê Ifé desvendar os mistérios da criação na visão Iorubá em um grande culto ancestral.

O presidente da agremiação Adalmir Menezes informou que a “Águia Real decidiu participar da Edição Especial pois entendemos da importância do Carnaval Virtual como ferramenta de apoio a esse momento que estamos vivendo de Pandemia, com a maior espetáculo carnavalesco incerto, sem data, sendo a cada dia julgado de forma equivocada, o desfile do Carnaval Virtual vem mostrar uma resistência da cultura sobre a ignorância da sociedade, que vê a festa apenas como “um evento privado” e todos nós sabemos que a produção de um desfile de escola de samba, a saída de blocos, além de ser gerador de renda, é palco da Manifestação Cultural de nosso país.  Alguns municípios do Brasil não investem no Carnaval local, pois o enxergam apenas como uma data festiva, não entendem (ou não querem entender) o quanto sua cadeia pode impactar positivamente a economia da cidade, aumentar a autoestima dos cidadãos e fomentar o turismo local.”

Com relação a produção do material para o desfile, o presidente informou também que ficará a responsável por preparar todo material, onde irão “reaproveitar materiais de outros Carnavais, que são super de acordo com a proposta da Edição Especial e vamos apresentar alguns figurinos novos que não passaram na avenida”.

Sobre a opção de reeditar o enredo e samba apresentado pela escola no carnaval de 2011, Adalmir informou que “Escolhemos o nosso carnaval de 2011, além de ser uma data redonda, um carnaval de 10 anos atrás, é uma homenagem ao nosso Carnavalesco Fábio Pessoa que está presente a 10 anos na Águia Real. Foi o seu primeiro desfile e é uma forma de agradecimento por todos esses anos dedicado. E particularmente é um dos Sambas mais bonitos, na minha opinião como presidente, da História da Águia Real que teremos o prazer de ouvir na Potente Voz de Milena Wainer.”

Confira abaixo o samba que a escola irá apresentar na edição especial com uma gravação inédita.

Confira a sinopse do enredo:

O mito sagrado de ifé

Autores: Adalmir Menezes e Anderclébio Macêdo

Logo oficial do enredo.

Contam que no princípio a Terra não existia, e tudo era apenas uma grande extensão de água.

Olodumaré, também conhecido como Olorun, o ser supremo dos orixás, governava o Orun – o mundo celestial dos orixás.

Certa vez, Olorum mandou que seu filho mais velho, Obatalá, criasse um mundo abaixo do seu, mas para executar tal tarefa Olorun lhe entregou um saco com terra e uma galinha com pés que possuíam cinco dedos.

Como de costume, antes de dar inicio a uma tarefa, Obatalá foi consultar Orunmilá, conselheiro das decisões importantes – oráculo dos deuses e dos homens.

Sem saber de nada, Obatalá estava sendo observado de perto por Odudua, outro orixá, que também foi se consultar com Orunmilá e este lhe entregou uma sentença para que fosse o senhor do novo mundo no lugar de Obatalá.

Por sua vez Obatalá se esqueceu de realizar as oferendas que seriam obrigatórias para o sucesso da missão quando chegasse além dos limites das fronteiras do Orun, sendo preciso à permissão de Eshu, o senhor dos caminhos, das fronteiras e da comunicação. Com essa desfeita Eshu lançou sobre Obatalá um feitiço: uma sede terrível, que para saciá-la ele beberia do vinho que tinha extraído da palma, ao embriagar-se com o vinho como conseqüência adormeceu.

Odudua se certificando que Obatalá havia adormecido pegou para si o saco com a terra e a galinha e foi até a presença de Olorun; este vendo que era verdade o que Odudua contava passou para ele a missão de criar o mundo.

“Com as oferendas feitas ele desceu por meio de milhares de correntes até o okun, o mar ou as águas intermináveis, e despejou o conteúdo do saco. Em seguida lançou a galinha sobre o montículo formado, esta ciscou e espalhou a terra para todos os cantos. Neste momento Odudua exclamou: Ilè nfè! Naquele local surgiria mais tarde a primeira cidade, o “umbigo” do mundo, chamada de Ifé, cuja população descenderia de Odudua (Prandi, 2001: 504-5)”.

Ao despertar do seu sono, Obatalá sabendo do acontecido foi ter com o pai dos orixás para contar a sua versão da história. Como punição ele e todos os seus descendentes foram proibidos de beber vinho de palma e comer azeite de dendê. Mas lhe foi dada outra missão: criar os homens para habitarem o mundo.

Em sua primeira tentativa de criação fez o homem a partir do ferro e da madeira, mas estes se mostraram rígidos demais. Depois tentou fazer a partir da pedra, mas viu que o homem era frio. Tentou a água, mas esta não dava uma forma definida. Ao tentar criar o homem através do fogo percebeu que a criatura acabava se consumindo. Por fim tentou um ser feito do ar que depois de pronto voltou a ser o que era.

Decepcionado com tantas tentativas frustradas, Oxalá sentou-se a beira de um rio, do qual surgiu Nanã perguntando por tamanha tristeza; ao contar o ocorrido, Nanã mergulha e retorna do rio com lama e lhe entrega para que ele crie os homens a partir deste elemento, ao perceber que ele é flexível, sopra-lhe a vida.

“No entanto, não levava muito a sério a proibição de consumir dos derivados do dendezeiro e, vez ou outra, embriagava-se com o vinho de palma e criava seres defeituosos ou os tirava do forno antes do tempo, razão pela qual os albinos e todos os portadores de defeitos físicos são consagrados a Osalá”.

De Ifé o mundo surgiu e evoluiu. Junto a tantas outras tribos e nações a cultura yorubá se fortaleceu e se fundiu, formando assim um povo que está presente em tantos lugares e com uma identidade ímpar.

E aqui, em terras brasileiras, essa nação encontrou um novo chão para sua tradição se perpetuar e até hoje, seja através do culto de seus principais orixás: Xangô, Iemanjá, Oxossi, Oxum, Ogum, Iansã e Ibejí, ou seja, através da sua forma de organização para o fortalecimento e manutenção de sua identidade e assim se firmando entre tantas a nações africanas que vieram escravos para cá, como a que mais se difundiu, propagou e reuniu e reuni membros atuantes em defesa desta nação, pois crêem que Yàbádà serão Yorubás!

Fontes de Pesquisa:

– Origem Yorubá – Abderson Ribeiro Oliva

– Alma Africana no Brasil – Os Iorubas – Ronilda Iyakemi Ribeiro

– Ilê Ifé: O berço religioso dos Yorubás de Odùduwà a Sàngó – Aulo Barretti  Filho In : Revista Ébano, São Paulo ,nº 23 : 33 , Junho de 1984











 

 

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