‘Caprichosamente Rosas de Ouro’ é o enredo da Caprichosos do Boa Vista

Logo oficial da agremiação.

A azul e branco de Orlândia, interior de São Paulo, a Caprichosos do Boa Vista apresentará em 2021 o enredo Caprichosamente Rosas de Ouro de autoria de Marlene Martimiano. A escola homenageará em seu enredo o aniversário de 50 anos da Sociedade Rosas de Ouro, escola de samba paulistana. Em sua volta ao Grupo Especial do Carnaval Virtual a escola apostou na chegada de Luan Sanches como carnavalesco na busca do título.

Confira o texto de sinopse da agremiação:

Logo oficial  completo da agremiação.

“SE VOCÊ NÃO CONHECE
VENHA CONHECER
VENHA COLHER ROSAS
VER O SOL NASCER…”
JÓIA RARA SEM IGUAL
ZECA DA CASA VERDE

Mais um fim de semana em que a bola rolava naquele campinho, ainda embalada pelas jogadas de Pelé, Tostão, Gérson, Jairzinho e do “Capitão”. O que também a embalava eram as batucadas de “Seu” Luciano, “Cajé”, “Seu” “Zelão” e “Seu” Basílio: o plano era expandi-las…

A cada roda de samba, a cada toque de bola, cresciam também as palmas, triplicavam os pés riscando o chão, multiplicavam-se braços, sorrisos. O volume do canto subia proporcionalmente ao passar das horas, aos gols do “Glorioso”. Era evidente, dia após dia, que a várzea encolhia, a batucada crescia. Dias depois, “pingado” vai, “gelada” vem, e o papo era “dar uma força”, “descolar o tutu” para o projeto…talvez os “armarinhos”, a “padoca” também pudessem contribuir…

Tudo foi negociado: o tule, as lantejoulas, “os brilhos”, os tecidos, as sapatilhas…tudo. Fim de semana ensaiando, mãos costurando, colando, batucando, e lá estava, em ano de Copa, desabrochando. Trezentos e sessenta e cinco alvoradas em que o azul celeste se fundia ao rastro rosado depois, tudo estava pronto: a Brasilândia pisava na avenida para a pronta apreciação. Floresciam as mais perfeitas rosas da Brasilândia.

A mais alta condecoração papal, a mais suprema distinção conferia àquelas ruelas uma sacralidade, uma benção mesmo, que recaia sobre cada moleque, moça, senhora, senhor da zona norte, tornando-os realeza quando chegava o Carnaval. E a “Sociedade” se fazia, assim, condecorada e batizada sublimemente como “Rosas de Ouro”, uma dama em plena Brasilândia.

O rosa crepúsculo, o branco sacro e o azul turquesa congregavam-se harmonicamente naquele primeiro carnaval “pra valê”, mesmo que sem querer…parecia até que a natureza também estava a abençoar a escola. A Tiradentes tingida estava em perfeita harmonia de tons, que lembravam o amanhecer. 

Foi sucesso e não dava para negar aquele desabrochar, latente e minucioso. Imediatamente era preciso uma quadra que testemunhasse e abrigasse todo o processo, já que tudo aquilo era sério…não era brincadeira, era investimento. Hoje a gente relembra tudo e pensa: “aquilo sim era empreendedorismo!” 

Sinto tanta nostalgia ao lembrar daqueles tempos, onde eu saia da Brasilândia rumo ao nosso templo construído na Freguesia, onde todo mundo se arrumava como os “almofadinhas” de outrora para curtir o mais fino samba da terra da garoa, onde fomos honrados em ser batizados pela grande verde e rosa do samba carioca… 

Tínhamos e temos ainda orgulho de cantar e exaltar São Paulo, seus encantos e sua gente trabalhadora e talentosa. Quanta emoção senti quando cantamos juntos com a nossa querida Sapoti e com os Demônios da Garoa! Vibrei ao relembrar na passarela os sucessos da Vera Cruz. Ah, minha Sampa querida! Mostramos que você nunca foi túmulo do samba, e sim que quem dizia isso não tinha provado ainda de teus maravilhosos sabores, os quais fizemos questão de apresentar ao mundo. “A gente” desce a serra aos sábados para “curtir a farofa” na areia, mas sempre volta para os teus braços…

Como em oração, cantamos o pão nosso de cada dia, como se soubéssemos daquilo que estava por vir. Partiu nosso Basílio, mas deixou a nossa Angelina, que trouxe nova vida, novas visões e novas vitórias. Esperança! O aroma do cacau e a rosaessência dominaram o ar enquanto o mar de rosas dominava o Anhembi.

Eu já não conseguia acreditar, aquela pequenina rosa nascida na Brasilândia ganhou força, ganhou o mundo e estava na boca do povo. E o mais importante, não se esqueceu de sua história e de onde veio. Ela cuida dos seus, daqueles que lhe construíram e daqueles que construirão seu caminho. Como condutores da alegria, trazem uma vez por ano a esperança de que nossa vida pode ser encher de cores e que essa cores não precisam se desvanecer na quarta-feira.

O azul e rosa está no coração, o azul e rosa pulsa em nossas veias e nada mais justo do que balançar a roseira que se cobre de ouro para festejar seus cinquenta desabrochar, que a cada ano nos faz querer ser, cada vez mais, caprichosamente Rosas de Ouro!

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