Astro Rei da Folia entrega “bolos para a rainha do céu” em sua estreia no Carnaval Virtual

A ESV Astro Rei da Folia apresenta seu enredo para sua estréia no Grupo de Acesso do Carnaval Virtual 2020, a escola cantará o enredo: “Bolos para a rainha do céu, quem não comeu que se lambuze” de autoria do carnavalesco da agremiação Rene Salazar, o logo do enredo também é de sua autoria.

 

FICHA TÉCNICA:

Escola: Escola de Samba Virtual Astro Rei da Folia
Cidade sede: Rio de Janeiro
Data de fundação: 15/08/2019
Cores: Branco e Dourado
Símbolo: Sol e Coroa

Presidente: Rene Salazar David
Carnavalesco: Rene Salazar David
Interprete: à definir

 

ENREDO:

Bolos para a rainha do céu, quem não comeu que se lambuze.

Autor: Rene Salazar David

Uma Deusa, vários nomes. Adorada antes da era cristã, Ashtoreth era Ishtar, Rainha do Céu, planeta Venus, Astarte, Ashtart e Inanna, assim como Afrodite, que é identificada como planeta Vênus, a estrela vespertina e Demeter que também era deusa da fertilidade – através dela se justificava as estações do ano, divididas em fases de calor com abundância e frio com insuficiência. Diferentes nomes em diferentes territórios, mas se tratando das similaridades de seus rituais presume-se que houve fusão para que se mantivesse os costumes em nome da fertilidade.

Os Babilônios a chamavam de Rainha do Céu. Padroeira de Sidon, cidade Libanesa, dela faziam efígies com as quais enfeitavam as proas de seus navios – mão direita estendida segurando um coroa como as que vemos em automóveis sobre o tampão do radiador.

Ishtar era deusa babilônica do sexo, admitia professas sexualmente livres para experimentar o próprio corpo e o erotismo. Permitia que as mulheres se entregassem antes do casamento para diferentes parceiros, sem que isso fizesse da devota uma pessoa reprovável – solidárias de uma mística agrícola onde a sacralidade da atividade sexual simbolizava a fecundidade.

Deusa da musica e do verão, Ishtar se banhava em um lago sagrado de pureza todas as noites para restaurar a própria virgindade. Extremamente promíscua, tinha muitos consortes sob diversos disfarces, mas seu coração pertencia a Tamuz – um deus do sol da primavera que sacrificou sua imortalidade para poder viver na Terra e cuidar da fertilidade da natureza. Tamuz ao morrer deixou Ishtar inconsolável, ela para recuperar seu amor decide descer ao Mundo Inferior e traze-lo de volta. Neste período que ela se ausenta da Terra, a luz desaparece e toda atividade sexual estanca. A própria fertilidade da Terra estava ameaçada. Os deuses finalmente intercedem e conseguem que Ishtar traga Tamuz à superfície por um período do ano, e assim, ele vem passar cada primavera com ela, momento que se restaura o  amor e a fertilidade, antes que o ciclo se repita e ele tenha que retornar ao mundo Inferior por outros seis meses.

Em seus rituais de adoração, eram especialmente atraídas mulheres acompanhadas de maridos e filhos -“As crianças apanham a lenha, e os pais atiçam o fogo, as mulheres amassam a farinha,  preparando bolos para a Rainha do Céu.” Nasce assim longa linhagem de bolos sagrados ritualmente cozidos e consumidos em honra a Ashtoreth, deusa da fertilidade. Os bolos eram feitos da farinha das primeiras colheitas. Os atuais bolos de casamentos são heranças pagãs absorvidas pela cristandade. Os lindos bolos confeitados representam pedidos de bênçãos e desejos de fecundidade  para o casal. Comer o bolo da deusa, é elevar-se da lama às estrelas, no desejo de assemelhar-se ao deus ideal de sua escolha. Homens também entravam no cardápio – um devorar alegórico, uma metáfora sobre a antropofagia.

Outros da mesma herança são os bonecos de gengibre e ainda o pão e a hóstia da comunhão na missa cristã – a gente antiga comia bolos com a forma de suas divindades, a fim de participar das virtudes divinas, assim como o selvagem comia o coração do leão para dele se apossar da coragem.

A deusa dava as mulheres a chance de separar amor carnal/sexo, do amor espiritual. Em certas regiões, antes do casamento, as jovens eram encorajadas a se entregar no templo da deusa em sinal de devoção. A pratica não era vista como orgia ou luxuria e sim como solenidade religiosa, um tributo realizado à serviço da grande deusa mãe. Os recintos sagrados eram cheios de outras mulheres que lotavam o ambiente para observar os costumes.

Contra Ashtoreth, houve profeta bíblico empenhando muito esforço para que o culto à Rainha do Céu fosse extinto em favor de um patriarcado religioso – sem grande sucesso. Porém quando a insinceridade e a ignorância se infiltraram no culto, transformou-se este em uma orgia desbragada, com o obséquio dos ignorantes padres cristãos da idade media.

Atualmente, ao macho infiel, ou colecionador de experiências sexuais, pouco se afeta sua habilitação moral, assim como era no passado para a filha da deusa Rainha do Céu.

A “Astro Rei da Folia” só quer lembrar que já houveram deusas mais interessantes para as mulheres. Deusas que deram fertilidade agrícola, motivos para comemorar e lambuzar até os dias de hoje.  Se o Astro Rei que ilumina esta agremiação é o mesmo que iluminou  essa gente por milênios, nossa passarela deve ouvir de quem jamais negou seu calor  para mais tolerantes circulantes. O paganismo tão compreensivo com a diversidade, por longos períodos ofereceu possibilidades múltiplas. Nosso Brasil tão eclético na fé, não pode embrutecer sem saber que as perspectivas já foram muito mais amplas, e o julgamento inculto é dote de olhar cicatrizado.

 

Referencias bibliográficas:

“Historia das Religiões” – Charles Francis Potter. A Rainha do Céu. (p. 117)

“A Biblia da Mitologia” – Sarah Bartlett. Ishtar e Tamuz. (p. 306/307)

“Historia das Religiões” – Charles Francis Potter. A Rainha do Céu. (p. 117)

“Historia das Religiões” – Charles Francis Potter. A Rainha do Céu. (p. 118)

“The Golden Bought” A study in Magic and Religion. Sir James George Frazer. (p. 330-331)

“Mitologia Grega” Vol 1. – Junito de Souza Brandão. (p. 298-302)

“Historia das Religiões” – Charles Francis Potter. A Rainha do Céu. (p. 120)

 

INFORMAÇÕES DA DISPUTA DE SAMBA:

– O envio de sambas é permitido até o dia 15 de maio 2020.

-A E.S.V. Astro Reia da Folia busca um samba forte e alegre.

– Citar o nome da escola “Astro Rei da Folia” é obrigatório

-Embora o enredo fale de tempos remotos pode-se aludir ao presente.
– Não há limites de compositores por parceria.
– Cada parceria deverá enviar letra e uma gravação do samba com duas passadas preferencialmente, sem necessidade de acompanhamento instrumental.
– É recomendado aos compositores interessados uma conversa de esclarecimentos com o carnavalesco da escola para maiores informações sobre o enredo. Os contatos podem ser obtidos pelo grupo do carnaval virtual ou enviando mensagens para a escola por sua página no Facebook ou instagram @astroreidafolia.
– O envio da obra pode ser enviado diretamente para a presidência da escola por whatsapp. Numero a ser repassado após contato pela rede.
– A data do anuncio do samba campeão será divulgada em breve.
– Os compositores ficam cientes de que a obra campeã poderá sofrer pequenas alterações para fins de adequação ao enredo e desfile proposto. Quaisquer alterações serão decididas em parceria com os compositores e será feita somente após seu completo aval no intuito de combinar adequação e essência da composição.

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