Arranco da FGAF canta o culto à Sagrada Jurema em seu enredo para o Carnaval Virtual 2020

A ARESV Arranco da FGAF divulgou nesta semana seu enredo para disputar o título do Grupo Especial do Carnaval Virtual 2020, a escola cantará o culto à Jurema com o enredo: “Um culto encantado à Sagrada Jurema” de autoria do carnavalesco Fagner Pessôa e do presidente Bruno Surcin. A Arte do logo do enredo é do design Adalmir Menezes.

 

FICHA TÉCNICA:

Presidente: Bruno Lemos Surcin
Carnavalesco: Fagner Pessôa
Intérprete: Rodrigo Feiju
Presidente de Honra: Ricardinho Delezcluze
Vice-Presidente: Waldecy Aguiar
Apoiador: Barvillar
Departamento de Carnaval: Waldecy Aguiar, Zé Rixa e Jorginho Costureiro
Presidentes da Ala de Compositores: Careca Testa de Empada e Caiçara Parrudo
Presidente do Conselho Deliberativo: Jorginho Costureiro
Presidente da Ala da Velha Guarda:Jorginho Experiente
Coordenadoras da Ala das Baianas:Tia Rocha e Tia Tocha
Rainha de Bateria: Carol Grimião
Musa da Escola: Daniele Cabral

 

SINOPSE

Um culto encantado à Sagrada Jurema

Autores: Fagner Pessôa e Bruno Surcin

 

O nosso Arranco da FGAF pede licença para contar e cantar em solo sagrado a rica história da árvore sagrada com o nome de Jurema.

Sagrado este, de cunho religioso, raiz ancestral, fundamento cultural, místico e representativo. A cultura popular evolutiva de magnitude infinita e vibração positiva energética que envolve o céu e a terra, material e espiritual, magia e mistérios no equilíbrio e harmonia fundamental para a riqueza histórica de nossa ancestralidade. A árvore Jurema é um culto de origem indígena do Nordeste brasileiro e sua grandeza se enraíza e cresce abundantemente, trazendo informação de conhecimento para todo público do Carnaval Virtual neste ano de 2020.

Como o enredo mexe com o sagrado, a FGAF louva seu pavilhão, o manto sagrado de respeito onde toda escola de samba vira religião para cada torcedor, onde o amor e fé se unem em forma de energia e emoção, contagiando e arrepiando a alma tamanha grandeza representativa. A tribo “Fgafiense” vêm nas asas de “Ajuruetê” (nome dado ao papagaio na língua Tupi e também símbolo de nossa escola), onde em um sobrevoo encantado nos faz mergulhar na história fascinante da árvore Jurema sagrada. Sagrado pavilhão tricolor da FGAF, honrosamente somos devotos de sua grandiosidade e nos alimentamos de sua tradição, poder, força, energia e amor. Minha escola sagrada, a ti veneramos e transbordamos de felicidade esta “chama” ardente que pulsa em nossos peitos, pois somos sementes de sua “terra fértil de bambas”, fazendo nossos olhos “marejarem” de tanta emoção. Tu és nossa agremiação querida e nossa religião. Nos falta o “ar”, com tamanha vibração da “Bateria Potência”, onde nossa raiz ancestral está na representatividade de nossa querida Velha Guarda.

Viajaremos e apresentaremos honrosamente este enredo encantado que é: “UM CULTO ENCANTADO À SAGRADA JUREMA”.

Abençoada Natureza, solo sagrado que nos acolhe, louvaremos e agradecemos por toda vida gerada em todos os seus reinos (animal, vegetal e mineral). Santuário natural e ecológico, energia a sacralidade de vossa grandeza e pureza, a benção da magnitude fecunda e infinita da força de suas raízes. Somos sementes desta divindade viva que nos dá a vida.

Para os índios, “juremeiros /catimbozeiros” a natureza é um altar natural infinito sagrado que dá base a todos os cultos e religiões onde somos nutridos e acolhidos deste solo sagrado e bento através de seus elementos água, terra, fogo e ar. Purificando de força divina no equilíbrio e harmonia na ligação da terra (raiz) até o céu (galhos). Deusa de expansiva beleza, santidade mãe de grandeza elevatória exuberante.

“Que vossa sagrada terra nutra nosso físico, mental e espiritual”
Que vossa sagrada água purifique e limpe nossos corações”
Que vosso sagrado ar liberte toda impureza de nossas almas
Que vosso sagrado fogo renove nossos espíritos e aqueça nossa fé
Assim na terra como no céu”.

“Santificado seja seu nome” árvore sagrada que brotou neste solo abençoado da natureza mãe e senhora doadora de todas as graças divinas, geradora de energia que nascem todas as sementes que são plantadas e germinam fé e esperança, culto e devoção de todos os seus filhos.

Tu és da família das Acácias ou Mimosas, transcendental de histórias da cultura de povos de todo o mundo¹ que tinham como uma árvore sagrada.

Árvore santa, sua copa floresce de época em época, refletindo a grande beleza espiritual, escrevendo uma história cultural e religiosa. Sua raiz sustenta toda a vida e dá força regeneradora a todos os espíritos ancestrais. Tu és sagrada e benta que até sua sombra é santificada e citada em passagens bíblicas, desde Moisés até Jesus Cristo.

“Bendita seja seu nome…”

¹ – (Egípcios – Acácia Nilótica / Hindus – Acácia Suma / Árabes – Acácia Arábica / Maias, Astecas e Incas – Acácia Cebil / Nativos Orinoco – Acácia Niopo / Índios do Nordeste brasileiro – Acácia Jurema).

“Anauê” (saudação dos indígenas e de brado)! O sagrado que habita em mim é o mesmo sagrado que habita em você, pois somos oriundos da mesma essência sagrada. Somos todos filhos da Jurema sagrada e diante dela não existe diferença. É tradição mágica religiosa, é ciência de propriedade psicoativas e elemento sagrado de fluxo cultural.

Salve a força da cultura dos indígenas do Brasil, que com sabedoria e devoção fizeram da árvore Jurema sua religião (ou culto) que existia muito antes da descoberta do Brasil. Salve as etnias indígenas brasileiras (Potiguaras, Tabajaras, Tupis, Cariris e Tapuias), povo de raiz ancestral e cultura que nutre a alma.

O grande Pajé (líder espiritual conhecedor dos segredos entre céu e terra), num ritual de fé e conhecimento, conduz seu povo a elevação espiritual. Mentor dos nativos e grande conhecedor dos mistérios do além e da magia das ervas, com a fumaça do seu cachimbo, abre-se um portal ao plano espiritual que purifica os ambientes em elevação e trabalho de limpeza e cura. Com o som da sagrada Maraca (chocalho indígena feito de cabaça e sementes) faz o chamado de toda energia dos deuses espirituais que reinam nas florestas.

Jurema é uma religião vinda das matas de essência indígena e raiz transcendental.

As três raças (branco com imagens de santos, crucifixos, terços e orações, índio com o conhecimento e energia do espirito da floresta com ervas e sementes e o negro com suas manifestações e tambores) descem para a vertente comum, reconhecíveis, mas inseparáveis em sua corrida para o mar (Deus). Neste ritual e mistura de cultura com elementos característicos de cada raça, nasceu o Catimbó ou como é conhecido “Catimbó /Jurema”.

O índio mesmo “catequizado” não deixou de praticar e cultuar seus deuses, de cultuar os espíritos da floresta e reverenciar seus ancestrais. Catimbó significa fumaça de mato e vapor de erva. (“caa” significa floresta e “timbó” refere-se a uma espécie de torpor que se assemelha a morte).

Jurema é tradição mágica religiosa e ciência de propriedade psicoativas de fluxo cultural do Nordeste brasileiro. Neste culto religioso, os “juremeiros ou catimbozeiros” (nome dado aos praticantes deste culto religioso) fazem um ritual sagrado com a maraca e o cachimbo sagrado. Durante a cerimônia, fumam o cachimbo ao contrário do tradicional, saindo a fumaça e abrindo assim um portal místico de ligação com o “astral/cidade da Jurema” ou com o mundo dos encantados, Mestres da Jurema (um deles é o Zé Pelintra do Catimbó).

Os praticantes mergulhados em transe alucinógeno neste universo espiritual, com o liquido que é feito com o casco, sementes, raízes e folhas da árvore sagrada que dá o nome de “vinho da Jurema” ou “suco da Jurema”. No folclore brasileiro, “encantado”, é um tipo de entidade sobrenatural, havendo uma multiplicidade de crenças a respeito destes seres, variando entre criaturas que vem de um reino paradisíaco subaquático, podendo se referir a antepassados e a lendas, como por exemplo, o mito do Boto, sereias encantadas e cobras.

Esta devoção até os dias de hoje existe, se fazendo presente e viva na cultura de raiz ancestral e histórica na alma do povo caboclo que também influencia nas religiões de cunho africano como o candomblé e umbanda, com caboclos e caboclas, Pretos Velhos e o ato de defumação com as ervas limpando e purificando o local para a prática de cultos de cura.

O juremeiro/catimbozeiro tem tanta devoção a árvore da Jurema sagrada que se sentem como a continuação de seus galhos, folhas e flores, tornando assim, uma coisa só de ligação ativa energética.

“Jurema é vida e vida é Jurema…”

Na poesia das letras da imaginação estampadas em palavras e frases nos sagrados livros, o “suco/vinho da Jurema” (descrito como bebida esverdeada que deixa os índios em estado de transe, propiciando-lhes sonhos agradáveis) aparece citado na literatura brasileira em obras de escritores e poetas como José de Alencar, Mário de Andrade e até o grande historiador Luís da Câmara Cascudo. O encantamento dos escritores pela cultura indígena fez brotar clássicos memoráveis como “Iracema”, “Ubirajara”, “O Guarani”, “O sertanejo”, “Macunaína” e o clássico “Meleagro”).

E como FGAF é folclore (característica, essência e costume que a nossa escola é conhecida no meio carnavalesco), neste banho de cultura popular indígena e também banhados pela magia do folclore brasileiro, o “bumba-meu-papagaio” (liberdade artística carnavalesca criativa e original de criação em misturar um clássico do folclore que é o bumba-meu-boi, inserindo o papagaio que é o símbolo sagrado de nossa escola de samba) em esperança no equilíbrio e harmonia da elevação da paz entre todos,

A FGAF honrosamente, e em nostalgia lúdica que a “arte-folia” proporciona, deseja positividade e caminhos abertos ao público, com energia de conhecimento e fundamento da representatividade, proporcionando a todos com este brilhante enredo saúde física, mental e espiritual em equilíbrio e harmonia, respeitando e valorizando nossas raízes ancestrais e abençoados pela árvore da sagrada Jurema encantada, alimentando a alma de felicidade, respeito e união, fazendo assim um elo de ligação, direção e purificação espiritual e de conhecimento “para todo e sempre”.

A raiz ancestral de fundamento religioso se abrange e espalha por diversos lugares, fazendo assim, cada um de nós sermos partes da essência mágica desta sagrada e frondosa árvore que nos embala e protege. Se permitam povo do Carnaval Virtual e vivenciem esta experiência encantada que faz parte de nossa história e da cultura afro-indígena brasileira. Vamos nos banhar de todo AMOR que é a força vital que nos dá VIDA!

“Salve a árvore da Jurema sagrada!”
“Salve a FGAF e o Carnaval Virtual!”

 

Músicas, cantigas, louvações, rezas ou orações feitas nas aberturas e fechamento nos cultos da Jurema/catimbó:

“ô! Jurema encantada que nasceu em frio chão
Dai-me força Pai eterno e a Virgem da Conceição
Salomão bem que dizia a seus filhos juremeiros
Para entrar na Jurema, Mestre precisa ter cuidado
Rei Salomão bem que dizia a seus filhos juremeiros
Para entrar na jurema, Mestre peça licença
Vamos saudar a Jurema, Mestre
Vamos saudar Salomão
Vamos saudar a Jurema, Mestre que é nossa obrigação”.

 “A Jurema é um pau sagrado onde Jesus descansou
Que dá força e “ciência” ao bom mestre curador”.

“Caiu uma folha da jurema
Veio o orvalho e lhe molhou
E depois veio o sol e enxugou
Os seus discípulos não tombam, a Jurema embala”.

“Na Jurema eu cresci nela eu me criei
No passado a Jurema, com os senhores mestres eu triunfei
Deus me deu muito amor, forças para trabalhar
Dentro desta seara com os senhores mestres eu triunfei
Senhores mestres, de outros mundos e deste mundo também
Dai-me forças Jurema sagrada, na hora de Deus
Amém”.

“Defuma com as ervas da Jurema
Defuma com arruda e guiné
Alecrim, benjoim e alfazema
Vamos defumar filhos de fé”.

 

BIBLIOGRAFIA

Livro “Encantaria brasileira, o livro dos mestres, caboclos e encantados” / Editora Pallas.

Livro “Catimbó – romance nordestino (1271)” / Editora Zelio Valverde / Autor:  Zelio de Campos.

Livro “Reino dos mestres: A tradição da Jurema na umbanda nordestina” / Editora Pallas / Autor: Luiz Assunção.

Livro “Jurema: guardiã do conhecimento” / Editora Chiado / Autor: André Cozta.

Livro “Fogo no mato. A ciência encantada das macumbas” / Editora Mórula / Autor: Luiz Antonio Simas e Luiz Rufino.

Livro “Catimbó, cana, caiana, Xenhenhém” / Autor: Ascenso Ferreira.

Livro “Meleagro” / Editora Agir / Autor: Luís Câmara Cascudo.

Livro “O livro do catimbozeiro mestre” / Editora Asin / Autor: Romulo Angélico.

Livro “Visões de catimbó: elementos da história indígena e do catimbó” / Autor: Romulo Angélico.

Livro “50 anos de catimbó” / Autor Souza Barros.

Livro “Catimbó: magia do nordeste” / Editora Pallas / Autor: José Ribeiro.

Livro ”Iracema” / Autor: José de Alencar.

Livro “Macunaíma, o herói sem nenhum caráter” / Editora Nova Fronteira / Autor: Mário de Andrade.

Livro “Conhecendo as raízes do Brasil: história e cultura dos povos indígenas” / Editora Cultura Brasil / Autor Ademar da Silva Campos.

Livro “ABC dos povos indígenas no Brasil” / Editora SM / Autor Marina Kahn.

Livro “Ensinar história afro-brasileira e indígena no século XVI: a diversidade em debate” / Editora Appris / Autor Osvaldo Mariotto Cerezer.

Livro “História das religiões. Perspectiva histórico – comparativa” / Editora Paulinas / Autor Adone Agnolin.

Reportagem sobre a Jurema sagrada-catimbó (Programa Fantástico – via You Tube).

Documentário “Jurema sagrada: uma religião de matriz afro- indígena” (You Tube).

Documentário “Desvendando Catimbó de Jurema”(Site Coisas de Terreiro)

 

DIVISÃO DOS SETORES

SETOR DE ABERTURA – O sagrado pavilhão.

SETOR 01 – Natureza, a vida que nos dá a vida, um altar sagrado e santuário natural ecológico.

SETOR 02 – Árvore sagrada, tu és da família das Acácias ou Mimosas de contos e histórias da cultura de povos do mundo que te fizeram santidade.

SETOR 03 – Árvore sagrada de raiz ancestral das etnias indígenas religiosas do Nordeste do Brasil.

SETOR 04 – Um culto encantado à sagrada Jurema/Catimbó.

SETOR 05 – Jurema/Catimbó na literatura dos sagrados livros encantados.

 

INFORMAÇÕES SOBRE A DISPUTA DE SAMBA

– Obra será encomendada.

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