Tempo perdido: Demora por vacinas matou mais de 31 mil no Rio de Janeiro

Morte por Covid-19. Foto: Amazônia Real/Fotos Publicas

Um estudo revela que no estado do Rio de Janeiro a demora de um mês do governo Federal para começar a distribuir vacinas contra a Covid-19 custou a vida de cerca de 31 mil pessoas, pouco menos que a metade dos quase 74 mil mortos registrados desde o início da pandemia.

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“Mais de 31 mil dos mortos pela Covid-19 de 2021 poderiam estar vivos se a vacina tivesse chegado apenas um mês antes. Parte da nossa sociedade banalizou a violência da pandemia, mas esse é um número brutal”, disse Gustavo Libotte, pesquisador do Laboratório Nacional de Computação Científica.

“Não estamos falando de possíveis óbitos, mas de pessoas reais que morreram por má gestão de saúde. Elas poderiam ter sido salvas. A contaminação política e ideológica de saúde mata. A análise matemática dos óbitos, do ritmo de vacinação e da progressão da pandemia deixou isso evidente”, ressaltou.

Foram observados os dados de casos confirmados, mortes e vacinação no estado do Rio no período entre 10 de março de 2020 a 27 de outubro de 2021.

As análises estimaram que, se a vacinação tivesse começado em 20 de dezembro de 2020, ao invés de 20 de janeiro de 2021, combinada a esforços para aplicação de doses, 31.657 mortes poderiam ter sido evitadas.

“O Ministério da Saúde poderia ter comprado e distribuído as doses antes, e as investigações da CPI da Covid deixaram isso claro. A Pfizer, por exemplo, ofereceu ao Brasil, e o governo Federal não quis. Isso levou à demora no começo da vacinação, e esse atraso foi pago pela população com a própria vida”, acrescentou Libotte.

Roberto Medronho, professor titular da UFRJ, a Universidade Federal do Rio de Janeiro, e um dos autores do estudo, explica que não apenas o Rio, mas todo o país continua a sofrer com o ritmo lento de vacinação e a pagar em vida e doença o tempo desperdiçado:

“É uma combinação de demora, falta de campanhas e celeridade em vacinar com ignorância, ideologia e desinformação contra as vacinas. Houve o fim social da pandemia, mas o coronavírus não foi informado. A maioria dos casos de Covid-19 agora é leve, mas muita gente continua a ser internada. No início do ano, previmos o aumento de casos que vemos em maio. E, como nada mudou, a Covid voltou a subir”, comentou.

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