Por quem os galos cantam

Olá, pessoal. O Natal e o Novo Ano são tempos especialíssimos para a retomada da consciência e da dignidade humana, não? Tempos de reflexão e de avaliação do que fizemos, e em quais circunstâncias, e do que deixamos de fazer por tantas razões, sobretudo, tempo de valorizar o bem comum, a verdade e a justiça, de repensar a vida, metas e objetivos, tempo de sonhar, de decidir e de firmar posições e compromissos. A nação chora, por toda parte a miséria, a recessão e o desemprego, a violência, a omissão e a corrupção roubando a riqueza, a honra , a esperança e o futuro da nação. Ao término da Missa do Galo comecei a rabiscar o texto que me atrevo a dividir com vocês.

PERSIGA AS SUAS UTOPIAS!

Recentemente, disse um Ministro do STF: “Na operação Lava Jato, toda vez que se puxa uma pena vem uma galinha”. A sentença, entre as melhores de 2016, um dos anos mais doídos e doidos da história do Brasil, em princípio imprópria para um jurista de tão solenes responsabilidades, sugere que os caminhos abertos por qualquer indício de ilegalidade na Lava Jato levam imediata e necessariamente a graves crimes contra o Estado e a Nação. O Procurador Geral da República protestou: “Não vem uma galinha inteira, não. Vem uma pena de cada vez. Então é pena, pena, pena. E você segue os caminhos da investigação que são tortuosos em tentativa e erro”. De uma forma ou de outra, o Ministro e o Procurador estão absolutamente corretos e a cada dia mais galos, com privação de liberdade e com desonra, têm suas cristas raspadas e são vestidos com camisetas baratas que ostentam as cores de seus novos palácios em Curitiba, em Bangu 8 ou na Papuda.

Imprescindível lembrar a Bíblia e o relato de Mateus sobre a profecia da negação feita por Jesus, que se renova permanentemente sob outras formas no Brasil. “ Disse Pedro: ‘Ainda que sejas para todos uma pedra de tropeço, nunca o serás para mim’. Jesus respondeu: ‘Em verdade te digo que esta noite, antes de cantar o galo, três vezes me negarás’. Replicou Pedro: ‘Ainda que me seja necessário morrer contigo, de nenhum modo te negarei’. Todos os discípulos disseram o mesmo”. Mas a música também sempre tem suas razões e diz irônica: “Antes do galo cantar, vou te negar três vezes. Eu sou cheio de virtudes, mas sem grana fico louco. Eu digo que não me vendo, mas qualquer drinque me compra”.

Crimes praticados contra a honra e a riqueza da nação, seus valores, necessidades e aspirações, a corrupção praticada pela elite que rouba recursos da educação, da saúde e de todos os serviços públicos, são crimes realmente hediondos que exigem justas, exemplares e imediatas ações dos institutos de defesa da sociedade. Felizmente, fantásticos federais da Polícia, do Ministério Público e da Magistratura estão avaliando pena por pena de todos os galos suspeitos e identificando suas reais responsabilidades em tenebrosas transações: aleluia!

Claro, os galos criminosos encarcerados pela Lava Jato logo são abandonados. Seus amigos de fé, irmãos camaradas, parceiros das trevas, logo desaparecem como diabos e vampiros fogem da cruz e dos dentes de alho e os negam, com veemência e indignação, mais que trinta e três vezes: “Quem? Nunca estive com ele. Desconheço seus negócios. Nunca autorizei qualquer pessoa a praticar qualquer ato em meu honrado nome. Sou absolutamente inocente, pergunte à mamãe”. Arrogantes galos, ex príncipes da República, não estufam mais o peito. Confinados no concreto e nas grades dos criminosos comuns tomam sol 1 hora por dia e comem pão com margarina pensando na vida que perderam, nos galinheiros em que reinaram, aguardando a chegada dos galos maiorais. Haja poleiro para tanto galo! De qualquer forma, cantar de galo, como no passado, jamais! Resta cumprir a pena, sem trocadilho, sofrido cocoricó, ou assumir o ônus também perverso da delação premiada.

O exemplo não é o melhor caminho para se educar as pessoas, é o único caminho. Como educar crianças e jovens no Brasil, sob estes exemplos da elite criminosa? Argh! Panta rei.

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