Cortar na própria carne dos outros

Olá, pessoal, nos filmes de terror de quinta categoria atrás de cada árvore na floresta, de cada janela escura, aparece um sujeito meio homem meio fera empunhando machados ou serras elétricas cortando cabeças, arrancando corações e vísceras, cenas absurdamente brutais, sangue inundando a noite alucinante. Comparação inimaginável, mas adequada, estas cenas parecem com ações dos monstros da corrupção no Brasil, assassinando escolas, hospitais, sangrando serviços públicos e investimentos em infraestrutura imprescindíveis à geração de emprego e de renda. São muitos os autores desta carnificina que por diversos descaminhos põem seus interesses particulares acima de qualquer interesse da nação aviltada. A estes maus brasileiros este artigo é dedicado.

 

PERSIGA AS SUAS UTOPIAS!

 

O Brasil tem carga tributária entre as maiores do mundo e serviços públicos entre os piores do mundo. Agravadas por infames níveis de corrupção, com certeza a maior do mundo, as contas nacionais fecharão em 2016 deficitárias em R$ 170 bilhões e apontam para crescentes déficits no futuro, mas a PEC – proposta de emenda constitucional – que pretende congelar gastos públicos no limite do crescimento da inflação nos próximos anos enfrenta severa oposição. Muitas pessoas e associações de diferentes naturezas querem preservar cargos, vantagens e interesses indevidos e lutam para que os poderes públicos continuem a gastar irresponsavelmente os impostos extorquidos da sociedade. Gastar mais do que se arrecada fere a racionalidade humana. Lembrando Hobbes, são tempos de guerra de todos contra todos, o homem lobo do homem, tempos de crise de legitimidade: os homens e as instituições não creem nos homens e nas instituições.

A política é ciência e arte, mas o mais capaz de fazer o bem é exatamente o mais capaz de fazer o mal. Maus políticos continuam a defender bandeiras das trevas, criando leis que os protegem e a seus cúmplices em crimes de lesa pátria, crimes hediondos, em afronta à nação e a seus valores. A corrupção está em toda parte, os 300 picaretas do passado que atuavam no congresso nacional se multiplicaram como ratos federais, estaduais e municipais, ex presidentes acusados de crimes de responsabilidade são destituídos do cargo, ex governadores presos, ex presidente da Câmara dos Deputados preso, ex ministros e senadores presos, deputados presos, prefeitos presos, vereadores presos, juízes criminosos aposentados como castigo mas com salário integral, muitas dezenas de criminosos com função legislativa escorregando do STF, o tribunal da impunidade, que posterga seus julgamentos até atingida a prescrição do crime, … filme de terror!!!

Mas não merecem o inferno apenas os maus políticos. Com a queda de receitas atuais e perspectivas em consequência dos profundos níveis de recessão e de desemprego as despesas públicas têm que ser reduzidas em escala sem precedentes em nossa história. E é imprescindível que o choque do corte de custos de toda ordem ocorra em todas as instituições públicas federais, estaduais e municipais, nos executivos, nos legislativos e nos judiciários, exceto nas áreas das mais altas prioridades do Estado, a segurança pública, a saúde e a educação.

Então, é hora de cortar na própria carne, dos outros, claro, exigem os corporativismos. Farinha pouca, meu pirão primeiro, diz a música. Pimenta nos olhos dos outros sempre foi refresco, como uma segunda opinião em exame de próstata. As castas privilegiadas protestam: “No meu bolso, não, minhas mordomias são legais, éticas e justas, tenho direito adquirido! ” Então, é beber o sangue dos outros, dos sub cidadãos, dos que não têm voz.

Quanta gente carente, dependente de auxílios para viver dignamente! Pobres têm Bolsa Família e Minha Casa Minha Vida. Príncipes intocáveis da falsa República têm pixulecos para superar o teto constitucional de salários, os Auxílios Moradia, Educação e Paletó, Acúmulo de Função, Jeton, carro com motorista, férias especiais remuneradas especialmente, nepotismo cruzado e assessores para os assessores de seus assessores.  No Rio de Janeiro, a crise virou caos. Restaurantes populares que cobravam R$ 2 e serviam 8 mil refeições por dia estão fechados, escolas e universidades públicas ocupadas, postos de saúde degradados, salários atrasados, maus brasileiros refastelando-se na lama de aposentadorias escandalosas! Instituições públicas não prestam seus serviços com a eficiência devida, têm olhos e narizes fechados aos escândalos que se sucedem trágica e impunemente e ainda teimam em defender repasses que recebem sobre o orçado e não sobre o efetivamente realizado: não importa se a receita não veio, meu pirão primeiro! Dane-se a sociedade! Socorro, salve-se quem puder! A saída? Diminuir despesas cortando na própria carne: dos outros, claro! Ou não? Panta rei.

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