Oscar 2018: ‘A Forma da Água’ lidera com 13 indicações
Nesta terça-feira, dia 23, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood (Academy of Motion Picture Arts and Sciences – AMPAS) anunciou os indicados ao Oscar 2018. O anúncio foi feito pelos atores Tiffany Haddish e Andy Serkis, ao lado de John Bailey, presidente da instituição. Contando com o suporte de vídeos previamente gravados por nomes como Gal Gadot, Salma Hayek e Michelle Rodriguez para introduzir cada categoria, a AMPAS dividiu o anúncio em duas partes e seguiu linha parecida da temporada marcada pela inclusão.
Líder de indicações este ano, 13 ao todo, “A Forma da Água” (The Shape of Water – 2017) se tornou o 26o título de fantasia, dentre 540 de outros gêneros, a disputar o Oscar de melhor filme ao longo dos 90 anos da AMPAS. Caso vença, será o segundo longa do gênero a conquistar a estatueta dourada – o primeiro foi “O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei” (The Lord of the Rings: The Return of the King – 2003). Dirigido pelo mexicano Guillermo del Toro, o longa é um dos queridinhos da temporada.
“A Forma da Água” é seguido pelo drama de guerra “Dunkirk” (Idem – 2017), que recebeu oito indicações, incluindo as de filme e direção para Christopher Nolan. Logo atrás, concorrendo a sete estatuetas, um título que vem se destacando na atual temporada, “Três Anúncios Para um Crime” (Three Billboards Outside Ebbing, Missouri – 2017).
“O Destino de uma Nação” (Darkest Hour – 2017) e “Trama Fantasma” (Phantom Thread – 2017) estão empatados com seis indicações, seguidos por “Lady Bird – É Hora de Voar” (Lady Bird – 2017), com cinco. Empatados com quatro indicações estão “Corra!” (Get Out – 2017) e “Me Chame Pelo Seu Nome” (Call Me By Your Name – 2017), drama produzido pelo brasileiro Rodrigo Teixeira. Com direção de Steven Spielberg, “The Post: A Guerra Secreta” (The Post – 2017) concorre apenas às estatuetas de filme e atriz para Meryl Streep, que conquistou sua 21a indicação.
De fora da categoria de melhor filme estrangeiro, o Brasil será representado por Teixeira e pelo diretor Carlos Saldanha, pois seu novo filme, “O Touro Ferdinando” (Ferdinand – 2017), concorre ao Oscar de melhor animação. Seu maior adversário é “Viva – A Vida é Uma Festa” (Coco – 2017), produção da Disney que tem levado muitos prêmios nesta temporada.
A comunidade hollywoodiana chega à temporada de premiações deste ano sentindo o impacto dos recentes escândalos de assédio sexual, provenientes do abuso de poder. Com Harvey Weinstein fora do jogo dos bastidores e com novas acusações surgindo a cada semana contra diversos profissionais, sobretudo atores, a AMPAS optou por se manter distante do olho do furacão. Isso é consequência de uma fase conturbada em que a Academia precisa recuperar a audiência e o prestígio de outrora, especialmente junto ao público mais jovem, após uma sucessão de críticas. Dentre elas, a falta de diversidade no Oscar 2016, o chamado “#OscarSoWhite” (Oscar tão branco, numa tradução literal), e a injustificável troca de envelopes do ano passado, que entrou para a história como a maior gafe da instituição quando “La La Land – Cantando Estações” (La La Land – 2016) foi anunciado como o vencedor da categoria de melhor filme no lugar de “Moonlight: Sob a Luz do Luar” (Moonlight – 2016).
Um exemplo disso é a não indicação de James Franco, que estava cotado para disputar o Golden Boy de melhor ator por sua impressionante atuação como Tommy Wiseau em “Artista do Desastre” (The Disaster Artist – 2017), filme que concorre somente na categoria de melhor roteiro adaptado. No melhor trabalho de sua carreira, na frente e atrás das câmeras, Franco viu sua candidatura ruir ao deixar o palco do Globo de Ouro, pois enquanto discursava algumas atrizes o acusaram em redes sociais, inclusive por usar o broche do movimento “Time’s Up” na lapela de seu smoking. Apesar de nada ter sido provado contra ele, colocá-lo dentre os concorrentes causaria imensa dor de cabeça à AMPAS.
Com isso, pode-se dizer que hoje a expectativa em torno do Oscar 2018 não fica restrita somente ao resultado da votação, mas também a tudo o que acontecerá em termos de críticas e campanhas de conscientização contra a antiga prática de assédio sexual na indústria do entretenimento. Isso pôde ser observado em premiações anteriores como o Globo de Ouro, o Critics’ Choice Awards e o SAG Awards, que não convidou nenhum homem para apresentar / entregar o Actor, nem mesmo os vencedores da edição anterior como é de costume.
Os homenageados pela AMPAS no Board of Governors Awards (Foto: Divulgação / Crédito: Richard Harbaugh / ©A.M.P.A.S.).Em novembro do ano passado, a AMPAS realizou a 9a edição do Governors Awards no Ray Dolby Ballroom do Hollywood & Highland Center em Los Angeles. Durante o evento, a instituição entregou os seus prêmios especiais: o Special Achievement Award para Alejandro González Iñárritu pela “experiência narrativa visionária e poderosa”, segundo John Bailey, do curta “Carne y Arena” (Idem – 2017); e o Honorary Award, concedido pelo conjunto da obra e contribuição à sétima-arte e também à Academia, para Charles Burnett, Owen Roizman, Donald Sutherland e Agnès Varda.
A 90a edição do Oscar será realizada no dia 04 de março no Dolby Theatre em Los Angeles. A cerimônia será apresentada por Jimmy Kimmel e transmitida no Brasil pelo canal por assinatura TNT.
Confira a lista completa de indicados:
Melhor filme:
– “A Forma da Água”;
– “Dunkirk”;
– “Três Anúncios Para um Crime”;
– “O Destino de Uma Nação”;
– “Trama Fantasma”;
– “Lady Bird – É Hora de Voar”;
– “Corra!”;
– “Me Chame Pelo Seu Nome”;
– “The Post: A Guerra Secreta”.
Melhor direção:
– Guillermo del Toro – “A Forma da Água”;
– Christopher Nolan – “Dunkirk”;
– Greta Gerwig – “Lady Bird – É Hora de Voar”;
– Jordan Peele – “Corra!”;
– Paul Thomas Anderson – “Trama Fantasma”.
Melhor ator:
– Gary Oldman – “O Destino de Uma Nação”;
– Timothée Chalamet – “Me Chame Pelo Seu Nome”;
– Daniel Day-Lewis – “Trama Fantasma”;
– Daniel Kaluuya – “Corra!”;
– Denzel Washington – “Roman J. Israel, Esq” (Idem – 2017).
Melhor atriz:
– Sally Hawkins – “A Forma da Água”;
– Margot Robbie – “Eu, Tonya” (I, Tonya – 2017);
– Saoirse Ronan – “Lady Bird – É Hora de Voar”;
– Meryl Streep – “The Post: A Guerra Secreta”;
– Frances McDormand – “Três Anúncios Para um Crime”.
Melhor ator coadjuvante:
– Willem Dafoe – “Projeto Flórida” (The Florida Project – 2017);
– Woody Harrelson – “Três Anúncios Para um Crime”;
– Sam Rockwell – “Três Anúncios Para um Crime”;
– Christopher Plummer – “Todo o Dinheiro do Mundo” (All the Money in the World – 2017);
– Richard Jenkins – “A Forma da Água”.
Melhor atriz coadjuvante:
– Mary J. Blige – “Mudbound – Lágrimas Sobre o Mississippi” (Mudbound – 2017);
– Lesley Manville – “Trama Fantasma”;
– Allisson Janney – “Eu, Tonya”;
– Laurie Metcalf – “Lady Bird – É Hora de Voar”;
– Octavia Spencer – “A Forma da Água”.
Melhor roteiro original:
– “A Forma da Água” – Guillermo del Toro e Vanessa Taylor;
– “Lady Bird – É Hora de Voar” – Greta Gerwig;
– “Doentes de Amor” (The Big Sick – 2017) – Kumail Nanjiani e Emily V. Gordon;
– “Três Anúncios Para um Crime” – Martin McDonagh;
– “Corra!” – Jordan Peele.
Melhor roteiro adaptado:
– “Me Chame Pelo Seu Nome” – James Ivory;
– “Artista do Desastre” – James Ivory;
– “Logan” – Scott Frank, James Mangold e Michael Green;
– “A Grande Jogada” (Molly’s Game – 2017) – Aaron Sorkin;
– “Mudbound – Lágrimas Sobre o Mississippi” – Dee Rees e Virgil Williams.
Melhor animação:
– “Viva – A Vida é Uma Festa”;
– “O Touro Ferdinando”;
– “O Poderoso Chefinho” (The Boss Baby – 2017);
– “The Breadwinner” (Idem – 2017);
– “Com Amor, Van Gogh” (Loving Vincent – 2017).
Melhor filme estrangeiro:
– “Desamor” (Nelyubov – 2017, Rússia);
– “The Square: A Arte da Discórdia” (The Square – 2017, Suécia);
– “Corpo e Alma” (Teströl és lélekröl – 2017, Hungria);
– “O Insulto” (L’insulte – 2017, Líbano);
– “Uma Mulher Fantástica” (Una Mujer Fantástica – 2017, Chile).
Melhor fotografia:
– “Blade Runner 2049” (Idem – 2017) – Roger Deakins;
– “Dunkirk” – Hoyte Van Hoytema;
– “O Destino de Uma Nação” – Bruno Delbonnel;
– “A Forma da Água” – Dan Laustsen;
– “Mudbound – Lágrimas Sobre o Mississippi” – Rachel Morrison.
Melhor edição (montagem):
– “Em Ritmo de Fuga” (Baby Driver – 2017) – Paul Machliss e Jonathan Amos;
– “Dunkirk” – Lee Smith;
– “Eu, Tonya” – Tatiana S. Riegel;
– “A Forma da Água” – Sidney Wolinsky;
– “Três Anúncios Para um Crime” – John Gregory.
Melhor design de produção:
– “A Bela e a Fera” (Beauty and the Beast – 2017) – Sarah Greenwood e Katie Spencer;
– “Blade Runner 2049” – Dennis Gassner e Alessandra Querzola;
– “Dunkirk” – Nathan Crowley e Gary Fettis;
– “A Forma da Água” – Paul D. Austerberry, Shane Vieau e Jeffrey A. Melvin;
– “O Destino de Uma Nação” – Sarah Greenwood e Katie Spencer.
Melhor figurino:
– “A Bela e a Fera” – Jacqueline Durran;
– “Victoria e Abdul – O Confidente da Rainha” (Victoria & Abdul – 2017) – Consolata Boyle;
– “Trama Fantasma” – Mark Bridges;
– “A Forma da Água” – Luis Sequeira;
– “O Destino de Uma Nação” – Jacqueline Durran.
Melhor maquiagem e cabelo:
– “O Destino de Uma Nação” – Kazuhiro Tsuji, David Malinowski e Lucy Sibbick;
– “Extraordinário” (Wonder – 2017) – Arjen Tuiten;
– “Victoria e Abdul – O Confidente da Rainha” – Daniel Phillips e Loulia Sheppard.
Melhor trilha sonora:
– “Star Wars – Os Últimos Jedi” (Star Wars: Episode VIII – The Last Jedi – 2017) – John Williams;
– “Dunkirk” – Hans Zimmer;
– “Trama Fantasma” – Jonny Greenwood;
– “A Forma da Água” – Alexander Desplat;
– “Três Anúncios Para um Crime” – Carter Burwell.
Melhor canção original:
– “Remember Me” – “Viva: A Vida é Uma Festa”;
– “Mighty River” – “Mudbound – Lágrimas Sobre o Mississippi”;
– “This Is Me” – “O Rei do Show” (The Greatest Showman – 2017);
– “Stand Up for Something” – “Marshall” (Idem – 2017);
– “The Mystery of Love” – “Me Chame Pelo Seu Nome”.
Melhor mixagem de som:
– “Em Ritmo de Fuga” – Tim Cavagin, Mary H. Ellis e Julian Slater;
– “Blade Runner 2049” – Ron Bartlett, Doug Hemphill e Mac Ruth;
– “Dunkirk” – Gregg Landaker, Gary Rizzo e Mark Weingarten;
– “A Forma da Água” – Christian T. Cooke, Glen Gauthier e Brad Zoern;
– “Star Wars – Os Últimos Jedi” – Michael Semanick, David Parker, Stuart Wilson e Ren Klyce.
Melhor edição de som:
– “Dunkirk” – Richard King e Alex Gibson;
– “A Forma da Água” – Nathan Robitaille e Nelson Ferreira;
– “Em Ritmo de Fuga” – Julian Slater;
– “Blade Runner 2049” – Mark A. Mangini e Theo Green;
– “Star Wars – Os Últimos Jedi” – Matthew Wood e Ren Klyce.
Melhor efeitos visuais:
– “Blade Runner 2049” – John Nelson, Gerd Nefzer, Paul Lambert e Richard R. Hoover;
– “Guardiões da Galáxia Vol. 2” (Guardians of the Galaxy Vol. 2 – 2017) – Christopher Townsend, Guy Williams, Jonathan Fawkner e Daniel Sudick;
– “Star Wars – Os Últimos Jedi” – Ben Morris, Michael Mulholland, Neal Scanlan e Chris Corbould;
– “Planeta dos Macacos – A Guerra” (War for the Planet of the Apes – 2017) – Joe Letteri, Daniel Barrett, Dan Lemmon e Joel Whist;
– “Kong: A Ilha da Caveira” (Kong: Skull Island – 2017) – Stephen Rosenbaum, Jeff White, Scott Benza e Michael Meinardus.
Melhor documentário:
– “Os Últimos Homens em Aleppo” (De sidste mænd i Aleppo – 2017);
– “Abacus: Small Enough to Jail” (Idem – 2017);
– “Visages, Villages” (Visages villages – 2017);
– “Ícaro” (Icarus – 2017);
– “Strong Island” (Idem – 2017).
Melhor documentário (curta):
– “Traffic Stop” (Idem – 2017);
– “Knife Skills” (Idem – 2017);
– “Edith+Eddie” (Idem – 2017);
– “Heaven is a Traffic Jam on the 405” (Idem – 2017);
– “Heroin(e)” (Idem – 2017).
Melhor animação (curta):
– “Dear Basketball” (Idem – 2017);
– “Garden Party” (Idem – 2017);
– “Lou” (Idem – 2017);
– “Negative Space” (Idem – 2017);
– “Revolting Rhymes” (Idem – 2017).
Melhor curta:
– “DeKalb Elementary” (Idem – 2017);
– “The Eleven O’Clock” (Idem – 2017);
– “My Nephew Emmett” (Idem – 2017);
– “The Silent Child” (Idem – 2017);
– “Watu Wote: All of Us” (Idem – 2017);
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