Ana Carolina Garcia. Foto: SRzd

Ana Carolina Garcia

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, onde também concluiu sua pós-graduação em Jornalismo Cultural. Em 2011, lançou seu primeiro livro, "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema", da Editora Senac Rio.

Especial Oscar 2017: categoria de melhor direção

Foto: Divulgação (©A.M.P.A.S.®).

Foto: Divulgação (©A.M.P.A.S.®).

Ao que tudo indica, a estatueta de melhor direção do Oscar 2017 será entregue a Damien Chazelle por “La La Land – Cantando Estações” (La La Land – 2016). Isto se deve ao fato de que o cineasta venceu os dois maiores termômetros da categoria, o Globo de Ouro e o DGA Award, concedidos respectivamente pela Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (Hollywood Foreign Press Association – HFPA) e pelo Sindicato dos Diretores dos Estados Unidos (Directors Guild of America – DGA).

 

Os cinco indicados ao prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood (Academy of Motion Picture Arts and Sciences – AMPAS) são: Damien Chazelle por “La La Land – Cantando Estações”, Kenneth Lonergan por “Manchester à Beira-Mar” (Manchester by the Sea – 2016), Denis Villeneuve por “A Chegada” (Arrival – 2016), Barry Jenkins por “Moonlight: Sob a Luz do Luar” (Moonlight – 2016) e Mel Gibson por “Até o Último Homem” (Hacksaw Ridge – 2016).

 

Apesar da vitória na segunda noite mais importante do cinema americano, a do Globo de Ouro, o resultado que realmente coloca Chazelle como provável vencedor do Oscar de melhor direção é o do DGA Award porque alguns de seus membros também integram a AMPAS e têm direito a voto.

 

Na condução do musical queridinho da temporada, Damien Chazelle brinda o público com uma verdadeira aula de cinema, sobretudo da Era Clássica, com um primoroso espetáculo que funciona não somente como uma bela homenagem à sétima-arte e à cidade de Los Angeles, mas como uma crítica à face cruel de Hollywood, que cobra de seus profissionais um preço alto a cada conquista. Até agora, “La La Land – Cantando Estações” lhe rendeu 25 prêmios como melhor diretor – fora os de roteirista e produtor.

 

“La La Land – Cantando Estações” é uma verdadeira aula de cinema (Foto: Divulgação).

 

Também com 25 prêmios recebidos até o momento pela direção de “Moonlight: Sob a Luz do Luar”, Barry Jenkins surpreende ao abordar dois temas difíceis, preconceito racial e homoafetividade, de forma sensível e delicada, explorando com muita eficiência a complexidade da trama, bem como de cada personagem. É um trabalho de difícil execução, principalmente porque tem como obstáculo uma parcela significativamente conservadora da plateia.

 

Retornando ao panteão hollywoodiano após uma temporada na geladeira, oriunda de escândalos pessoais e acusações de antissemitismo, Mel Gibson mostra mais uma vez o quão competente é na direção de um longa-metragem. Conduzindo “Até o Último Homem” com maestria, o galã de outrora mergulha no horror da Segunda Guerra Mundial sem poupar o espectador da violência gráfica através de sequências impactantes em seu terceiro ato. Mais do que isso, consegue imprimir sua assinatura ao abordar a religiosidade em forma de discussões éticas e morais. É um aprimoramento de tudo o que ele havia realizado na função anteriormente, o que acabou lhe rendendo cinco prêmios até agora.

 

Assim como Gibson, Denis Villeneuve deixa sua marca em “A Chegada”, longa pelo qual recebeu apenas um prêmio até agora. Fora de sua zona de conforto, o cineasta conduz esta produção com muita firmeza e competência, explorando minuciosamente cada detalhe de sua trama, transformando o longa num belo exemplar de cinema autoral que já nasceu como um clássico de ficção-científica.

 

Um dos filmes mais duros da disputa pelo Golden Boy deste ano, “Manchester à Beira-Mar” tem como um de seus trunfos a sensibilidade de Kenneth Lonergan, que recebeu três prêmios por sua direção até agora. É uma direção firme e primorosa, pautada na complexidade de tornar este longa tão comovente quanto perturbador. E o resultado é absurdamente impressionante, pois não há como sair da sessão sem ser afetado pelo cruel acerto de contas do protagonista com o passado e os seus fantasmas.

 

Considerando que a AMPAS não costuma surpreender com seus resultados frequentemente, pode-se dizer que Damien Chazelle sairá do Dolby Theatre com a estatueta de melhor direção. Entretanto, tem como principal adversário Barry Jenkins, que tem como obstáculo o conservadorismo da instituição. Logo atrás, estão Mel Gibson e Kenneth Lonergan, enquanto Denis Villeneuve aparece como a grande zebra da categoria.

 

A 89ª cerimônia de entrega do Oscar será realizada no próximo domingo, dia 26, no Dolby Theatre em Los Angeles. Apresentada por Jimmy Kimmel, a maior festa do cinema mundial será transmitida ao vivo pelo canal por assinatura TNT. No dia seguinte, a Rede Globo exibirá os melhores momentos do Oscar 2017 no horário ocupado pelo “Vídeo Show”.

 

Confira um pequeno perfil dos indicados:

– Damien Chazelle:

Nascido em 19 de janeiro em Providence, Rhode Island (EUA), começou a carreira há apenas oito anos com “Guy and Madeline on a Park Bench” (Idem – 2009), já assumindo as funções de diretor e roteirista, tendo o jazz como elemento importante de sua trama, assim como nos outros dois filmes que dirigiu até agora: “Whiplash: Em Busca da Perfeição” (Whiplash – 2009) e “La La Land – Cantando Estações”. Formado em Estudos Visuais pela Universidade de Harvard, Chazelle tem uma carreira meteórica e se estabeleceu como um dos grandes nomes de sua geração já em seu segundo trabalho, o vigoroso e citado anteriormente, “Whiplash: Em Busca da Perfeição”. Concorrendo ainda na categoria de melhor roteiro original, o cineasta foi indicado anteriormente por “Whiplash: Em Busca da Perfeição”, na categoria de roteiro adaptado.

* Entre os 25 prêmios já recebidos por seu trabalho na direção de “La La Land – Cantando Estações”, estão: os já citados Globo de Ouro e DGA Award; o David Lean Award for Direction do BAFTA Awards; o BSFC Award da Boston Society of Film Critics Awards; o Critics Choice Award da Broadcast Film Critics Association Awards; o FFCC Award da Florida Film Critics Circle Awards; o HFCS Award da Houston Film Critics Society Awards; o Sierra Award da Las Vegas Film Critics Society Awards; o NCFCA Award da North Carolina Film Critics Association; o PFCS Award da Phoenix Film Critics Society Awards; e o WAFCA Award da Washington DC Area Film Critics Association Awards.

 

– Kenneth Lonergan:

Nascido em 16 de outubro de 1962 em Nova York, Nova York (EUA), Kenneth Lonergan começou a carreira no teatro na década de 1980, estreando na televisão em 1993 como roteirista de um episódio de “Doug” (Idem – 1991 – 1994). Iniciou sua carreira no cinema sete anos mais tarde, com o sucesso “Conte Comigo” (You Can Count On Me – 2000), assumindo as funções de diretor, roteirista e ator num papel pequeno. Pouco tempo depois, roteirizou o sucesso “Gangues de Nova York” (Gangs of New York – 2002), de Martin Scorsese, passando os nove anos seguintes focado no teatro. O seu retorno ao cinema aconteceu com o drama “Margaret” (Idem – 2011), protagonizado por Anna Paquin, Matt Damon e Mark Ruffalo. Mas a consagração no primeiro time de Hollywood chegou somente com “Manchester à Beira-Mar”, que lhe rendeu ainda uma indicação de melhor roteiro original. Ao todo, acumula quatro indicações ao Oscar. As outras duas foram na categoria de roteiro original por “Conte Comigo” e “Gangues de Nova York”.

* Os três prêmios já recebidos por seu trabalho na direção de “Manchester à Beira-Mar”, são: o KCFCC Award da Kansas City Film Critics Circle Awards; o Satellite Award do Satellite Awards; e o VFCC Award do Vancouver Film Critics Circle.

 

– Denis Villeneuve:

Nascido em 03 de outubro de 1967 em Trois-Rivières, Québec (Canadá), Denis Villeneuve estudou cinema na Université du Québec à Montréal e estreou como diretor e roteirista no documentário em curta-metragem “REW FFWd” (Idem – 1994). Dois anos mais tarde, trabalhou em seu primeiro longa-metragem, a comédia dramática “Cosmos” (Idem – 1996), dirigindo e roteirizando o segmento “The Technetium”. Começou a chamar a atenção com produções como “Redemoinho” (Maelström – 2001) e “Polytechnique” (Idem – 2009), consagrando-se com o aclamado “Incêndios” (Incendies – 2010). Finalizando o aguardado “Blade Runner 2049” (Idem – 2017), Villeneuve tem entre seus outros trabalhos como diretor os longas “Os Suspeitos” (Prisoners – 2013) e “Sicario: Terra de Ninguém” (Sicario – 2015). Essa é a sua primeira indicação ao Oscar.

* Até agora, recebeu somente um prêmio por seu trabalho na direção de “A Chegada”: o DFCC da Dublin Film Critics Circle Awards. 

 

– Barry Jenkins:

Foto: Divulgação (Golden Globe / HFPA Photographer).

Nascido em 19 de novembro de 1979 em Miami, Flórida (EUA), Barry Jenkins estudou cinema na Florida State University e estreou como diretor e roteirista no curta-metragem “My Josephine” (Idem – 2003). Seguiu realizando curtas até 2008, quando escreveu e dirigiu o drama “Medicine for Melancholy” (Idem – 2008), que lhe rendeu certa visibilidade. Mas o reconhecimento chegou somente com o seu segundo longa, “Moonlight: Sob a Luz do Luar”. Essa é a primeira vez em que é indicado ao Oscar, lembrando que Jenkins também concorre à estatueta de roteiro adaptado.

* Entre os 25 prêmios já recebidos por seu trabalho na direção de “Moonlight: Sob a Luz do Luar”, estão: o AAFCA Award da African-American Film Critics Association (AAFCA); o Austin Film Critics Award da Austin Film Critics Association; o BFCC Award da Black Film Critics Circle Awards; o LAFCA Award da Los Angeles Film Critics Association Awards; o NBR Award da National Board of Review, USA; o NSFC Award da National Society of Film Critics Awards, USA; o NYFCC Award da New York Film Critics Circle Awards; o Directors to Watch do Palm Springs International Film Festival; o SFFCC Award da San Francisco Film Critics Circle; e o Seattle Film Critics Award da Seattle Film Critics Awards.

 

– Mel Gibson:

Nascido em 03 de janeiro de 1956 em Peekskill, Nova York (EUA), Mel Gibson estudou no National Institute of Dramatic Art (NIDA), afiliado da University of New South Wales, na Austrália, país ao qual se mudou com a família no final dos anos de 1960. Gibson começou a carreira como ator em 1976 num episódio da série “The Sullivans” (Idem – 1976 – 1983). No ano seguinte, estreou no cinema com “O Último Verão” (Summer City – 1977), de Christopher Fraser, que lhe abriu as portas da cinematografia australiana, possibilitando que protagonizasse o clássico “Mad Max” (Idem – 1979), de George Miller. Não demorou muito e Mel Gibson deu seus primeiros passos na indústria hollywoodiana, responsável pela sua consagração com “Máquina Mortífera” (Lethal Weapon – 1987), de Richard Donner, sucesso mundial que se transformou numa lucrativa franquia e o imortalizou como o policial Martin Riggs. Com a carreira consolidada, o ator decidiu se aventurar por novas funções e dirigiu seu primeiro projeto, o documentário feito para a televisão “Mel Gibson Goes Back to School” (Ide, – 1991). Em 1993, estreou discretamente como diretor de cinema com o drama “O Homem Sem Face” (The Man Without a Face – 1993), protagonizado por ele. No entanto, foi com seu projeto seguinte que Mel Gibson fez a indústria e a crítica se curvarem a ele como cineasta: “Coração Valente” (Braveheart – 1995). O ótimo resultado da saga de William Wallace nas telas fez com que Gibson ousasse bastante com “A Paixão de Cristo” (The Passion of the Christ – 2004), o polêmico drama que o colocou no limbo hollywoodiano, mesmo sendo um trabalho primoroso sob todos os aspectos. A estadia no limbo durou bastante tempo, pois foi impulsionada por escândalos de cunho pessoal. Por esta razão, “Até o Último Homem” pode ser considerado o acerto de contas do astro com a indústria. Mais do que isso, o seu perdão e o retorno ao panteão. Vencedor de duas estatuetas do Oscar, nas categorias de melhor filme e direção por “Coração Valente”. Essa é a sua terceira indicação ao Oscar.

* Entre os cinco prêmios já recebidos por seu trabalho na direção de “Até o Último Homem”, estão: o AACTA International Award do AACTA International Awards; o AACTA Award da Australian Academy of Cinema and Television Arts (AACTA) Awards; o AACTA Award do Australian Film Institute; o Capri Director Award do Capri, Hollywood; e o Hollywood Film Award do Hollywood Film Awards.

 

Leia também:

Especial Oscar 2017: Categoria de melhor ator

Especial Oscar 2017: Categoria de melhor atriz

Especial Oscar 2017: Categoria de melhor ator coadjuvante

Especial Oscar 2017: Categoria de melhor atriz coadjuvante

Especial Oscar 2017

Oscar 2017: ‘La La Land – Cantando Estações’ lidera com 14 indicações

Comentários

 




    gl