Ana Carolina Garcia. Foto: SRzd

Ana Carolina Garcia

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, onde também concluiu sua pós-graduação em Jornalismo Cultural. Em 2011, lançou seu primeiro livro, "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema", da Editora Senac Rio.

Especial Oscar 2017: categoria de melhor atriz

Foto: Divulgação (©A.M.P.A.S.®).

Foto: Divulgação (©A.M.P.A.S.®).

No início da temporada de premiações, Natalie Portman era considerada franca favorita ao Oscar de melhor atriz por seu trabalho como Jackie Kennedy em “Jackie” (Idem – 2016), longa que mostra a viúva de John Kennedy nos dias seguintes ao assassinato do marido em 22 de novembro de 1963.

 

As indicadas ao prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood (Academy of Motion Picture Arts and Sciences – AMPAS) são: Natalie Portman por “Jackie”, Isabelle Huppert por “Elle” (Idem – 2016), Emma Stone por “La La Land – Cantando Estações” (La La Land – 2016), Meryl Streep por “Florence – Quem é Essa Mulher?” (Florence Foster Jenkins – 2016) e Ruth Negga por “Loving” (Idem – 2016).

 

Com 15 prêmios individuais até agora por sua complexa e competente atuação em “Jackie”, Natalie Portman viu sua campanha rumo ao Golden Boy começar a enfraquecer devido aos resultados de dois dos principais termômetros do Oscar, o Globo de Ouro e o SAG Awards, concedidos, respectivamente, pela Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (Hollywood Foreign Press Association – HFPA) e pelo Sindicato dos Atores (Screen Actors Guild – SAG) – mesmo assim, o fato de interpretar um ícone americano conta a seu favor nessa disputa. Indicada ao Globo de Ouro de melhor atriz em filme de drama, Portman perdeu para a francesa Isabelle Huppert, num resultado que surpreendeu a todos. Enquanto no SAG Awards, em que Huppert não competia, perdeu o Actor para Emma Stone, vencedora do Globo de Ouro de melhor atriz em filme de comédia/musical.

 

Considerando que o SAG Awards é o maior indicativo do Oscar nas categorias de atores principais e coadjuvantes, pois parte de seus membros também integra a AMPAS e tem direito a voto, pode-se dizer que, hoje, o cenário é favorável à Emma Stone. Até agora, Stone recebeu 10 prêmios individuais como a jovem aspirante à atriz que sonha com a carreira em Hollywood em “La La Land – Cantando Estações”. Uma performance exemplar que reflete seu amadurecimento profissional.

 

Ryan Gosling e Emma Stone em cena de “La La Land – Cantando Estações” (Foto: Divulgação).

 

Outra performance exemplar é a de Isabelle Huppert em “Elle”, que já lhe rendeu 23 prêmios individuais. No longa de Paul Verhoeven, a atriz brilha ao viver uma mulher forte e ambígua, que convive com um grande trauma de infância e que é estuprada dentro de sua própria casa, mas que enfrenta a situação sem medo, aproximando-se de seu algoz.

 

Dentre as atrizes indicadas, a protagonista de “Loving”, Ruth Negga, é a única cujo trabalho não pode ser analisado neste especial porque ainda não pude assistir ao filme, que não tem data de estreia definida nas salas brasileiras e é uma das minhas pendências do Festival do Rio 2016. Ruth Negga vive uma mulher negra que se casa com um homem branco no estado americano da Virgínia, em plena década de 1950, quando casamentos inter-raciais eram proibidos por lei, Ruth Negga já recebeu oito prêmios.

 

Este ano quem aparenta ter menos chance de levar a estatueta dourada para casa é a veterana Meryl Streep, recordista da AMPAS com 20 indicações. Mais uma vez, a atriz brinda o público com um trabalho primoroso e comovente, no papel de Florence Foster Jenkins, socialite que sonha com o sucesso como cantora de ópera e a consagração no palco do Carnegie Hall, mesmo sem potência vocal para tanto. Até agora, Streep recebeu apenas um prêmio individual por “Florence – Quem é Essa Mulher?”, o Critics Choice Award de melhor atriz em comédia, concedido pela Broadcast Film Critics Association Awards.

 

Com isso, pode-se dizer que quem tem mais chances de vencer o prêmio da Academia é Emma Stone, tendo Natalie Portman e Isabelle Huppert como principais oponentes, seguidas por Ruth Negga, com Meryl Streep correndo por fora.

 

A 89ª cerimônia de entrega do Oscar será realizada no próximo domingo, dia 26, no Dolby Theatre em Los Angeles. Apresentada por Jimmy Kimmel, a maior festa do cinema mundial será transmitida ao vivo pelo canal por assinatura TNT. No dia seguinte, a Rede Globo exibirá os melhores momentos do Oscar 2017 no horário ocupado pelo “Vídeo Show”.

 

Confira um pequeno perfil das indicadas:

Isabelle Huppert:

Nascida em 16 de março de 1953 em Paris (França), Isabelle Huppert estudou no Conservatoire d’Art Dramatique e começou a carreira no teatro, estreando na televisão em 1971 com “Le prussien” (Idem – 1971), telefilme dirigido e roteirizado por Jean L’Hôte. A estreia no cinema aconteceu no ano seguinte num papel pequeno em “Uma Lágrima… Um Amor…” (Faustine et le bel été – 1972), de Nina Companeez. Conciliando teatro, televisão e cinema, Huppert se estabeleceu como uma das maiores atrizes de seu país, tornando-se recordista de indicações ao César Award, espécie de Oscar francês – 16 ao todo, incluindo a deste ano, vencendo somente uma vez por “Mulheres Diabólicas” (La cérémonie – 1995), na categoria de melhor atriz. Sua estreia no cinema americano foi em 1980 com “O Portal do Paraíso” (Heaven’s Gate – 1980), sob a direção de Michael Cimino. Essa é a sua primeira indicação ao Oscar.

* Entre os 23 prêmios individuais já recebidos por sua performance em “Elle”, estão: o já citado Globo de Ouro de melhor atriz em filme de drama; o Austin Film Critics Award, da Austin Film Critics Association; o BOFCA Award, da Boston Online Film Critics Association; o LAFCA Award, da Los Angeles Film Critics Association Awards – também por “O Que Está Por Vir” (L’avenir – 2016); o NYFCC Award, da New York Film Critics Circle Awards – também por “O Que Está Por Vir”; o FIPRESCI Prize, do Palm Springs International Film Festival; e o Montecito Award, do Santa Barbara International Film Festival.

 

– Emma Stone:

Nascida em 06 de novembro de 1988 em Scottsdale, Arizona (EUA), Emma Stone se interessou pela carreira artística ainda criança, participando de montagens do Valley Youth Theatre em sua cidade natal. A estreia em Hollywood foi com a série da VH1 “In Search of the Partridge Family” (Idem – desde 2004). Participou de alguns programas de televisão, incluindo um episódio de “Medium” em 2005 até estrear no cinema em “Superbad: É Hoje” (Superbad – 2007). Mas só começou a chamar a atenção do grande público em filmes como “Minhas Adoráveis Ex-Namoradas” (Ghosts of Girlfriends Past – 2009), “Amor a Toda Prova” (Crazy, Stupid, Love – 2011), “Histórias Cruzadas” (The Help – 2011) e “O Espetacular Homem-Aranha” (The Amazing Spider-Man – 2012). Essa é a sua segunda indicação ao Oscar. A primeira foi na categoria de atriz coadjuvante por “Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)” (Birdman or The Unexpected Virtue of Ignorance – 2014). Curiosamente, a atriz também disputou a estatueta com Meryl Streep, indicada por “Caminhos da Floresta” (Into the Woods – 2014), em 2015.

* Entre os 10 prêmios individuais já recebidos por sua performance em “La La Land – Cantando Estações”, estão: os já citados Globo de Ouro de melhor atriz em filme de comédia / musical e o Actor, do SAG Awards, de melhor atriz; o Capri Actress Award, do Capri, Hollywood; o DFCS Award, da Detroit Film Critic Society, US; o NCFCA Award, da North Carolina Film Critics Association; o PFCS Award, da Phoenix Film Critics Society Awards; e o UFCA Award, da Utah Film Critics Association Awards.

 

– Meryl Streep:

Nascida em 22 de junho de 1949 em Summit, New Jersey (EUA), Meryl Streep começou a carreira como dubladora na animação “Everybody Rides the Carousel” (Idem – 1975). Dois anos depois, estrelou o filme feito para TV “Temporada Mortal” (The Deadliest Season – 1977) e seguiu carreira na televisão e no cinema até se consagrar no drama “Kramer vs. Kramer” (Idem – 1979), que lhe rendeu seu primeiro Oscar de melhor atriz coadjuvante. Em 1983, ganhou o segundo Oscar da carreira, o de melhor atriz por “A Escolha de Sofia” (Sophie’s Choice – 1982). É impossível falar de Meryl Streep sem dizer que ela é uma das maiores atrizes da história do cinema. Perfeccionista na composição de seus personagens, Streep não é atriz de desempenhos regulares, pois sua presença em cena é sinônimo de uma belíssima atuação, seja qual for o gênero cinematográfico. Três bons exemplos disso são o drama “As Pontes de Madison” (The Bridges of Madison County – 1995), a comédia “O Diabo Veste Prada” (The Devil Wears Prada – 2006) e a biografia “A Dama de Ferro” (The Iron Lady – 2011). Recordista de indicações ao Oscar, 20 ao todo, incluindo a deste ano, a atriz venceu três vezes, sendo duas de melhor atriz por “A Escolha de Sofia” e “A Dama de Ferro”; e uma de melhor atriz coadjuvante por “Kramer vs. Kramer”. As outras indicações foram: três na categoria coadjuvante por “O Franco Atirador” (The Deer Hunter – 1978), “Adaptação” (Adaptation. – 2002) e “Caminhos da Floresta”; e 14 na categoria principal, por “A Mulher do Tenente Francês” (The French Lieutenant’s Woman – 1981), “Silkwood – O Retrato de uma Coragem” (Silkwood – 1983), “Entre Dois Amores” (Out of Africa – 1985), “Ironweed” (Idem – 1987), “Um Grito no Escuro” (Evil Angels – 1988), “Lembranças de Hollywood” (Postcards from the Edge – 1990), “As Pontes de Madison”, “Um Amor Verdadeiro” (One True Thing – 1998), “Música do Coração” (Music of the Heart – 1999), “O Diabo Veste Prada”, “Dúvida” (Doubt – 2008), “Julie & Julia” (Idem – 2009) e “Álbum de Família” (August: Osage County – 2013).

* Até agora, a atriz venceu somente um prêmio  por sua performance em “Florence – Quem é Essa Mulher?”: o já citado Critics Choice Award de melhor atriz em comédia.

 

– Ruth Negga:

Nascida em 07 de janeiro de 1982 em Addis Ababa (Etiópia), Ruth Negga foi criada na Irlanda, onde desenvolveu a paixão pela arte. Começou a carreira nos palcos, invadindo a telinha pela primeira vez em 2004 numa pequena participação na série “Doctors” (Idem – desde 2000). No mesmo anos, estreou no cinema com “Capital Letters” (Idem – 2004), produção irlandesa dirigida e roteirizada por Ciarán O’Connor. Estreou em Hollywood no blockbuster “Guerra Mundial Z” (World War Z – 2013), longa protagonizado por Brad Pitt que arrecadou mais de US$ 540 milhões em bilheterias mundo afora. Conciliando televisão e cinema, Negga tem uma filmografia curta, apenas 37 títulos, mas bastante variada. Entre seus filmes estão “Jimi: Tudo a Meu Favor” (Jimi: All Is by My Side – 2013), “Una Vida: A Fable of Music and the Mind” (Idem – 2014), “Iona” (Idem – 2015) e “Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos” (Warcraft – 2016). Essa é a sua primeira indicação ao Oscar.

* Entre os oito prêmios individuais já recebidos por sua performance em “Loving”, estão: o AAFCA Award, da African-American Film Critics Association (AAFCA); o EDA Award e o EDA Female Focus Award, da Alliance of Women Film Journalists; o BFCC Award, da Black Film Critics Circle Awards; o Rising Star Award, do Palm Springs International Film Festival; e o Virtuoso Award, do Santa Barbara International Film Festival.

 

– Natalie Portman:

Nascida em 09 de junho de 1981 em Jerusalém (Israel), Natalie Portman se mudou com os pais para os Estados Unidos aos três anos de idade. A carreira artística aconteceu por acaso, quando a atriz estava numa pizzaria e foi abordada por um agente que a convidou para o teste de “O Profissional” (Léon – 1994), dirigido e roteirizado por Luc Besson. Sua atuação como a menina Mathilda lhe abriu as portas da indústria cinematográfica, permitindo que no ano seguinte contracenasse com Al Pacino e Robert De Niro em “Fogo Contra Fogo” (Heat – 1995). Com a carreira já consolidada, a atriz encarou o desafio de assumir um papel de destaque na segunda trilogia da franquia “Star Wars” (iniciada em 1977): Padmé Amidala, o interesse amoroso do jovem Anakin Skywalker, com quem a personagem teve Luke e Leia. Uma profissional versátil, Natalie Portman sempre procurou por projetos diferenciados. Entre seus filmes, estão: “Cold Mountain” (Idem – 2003), “Closer: Perto Demais” (Closer – 2004), “V de Vingança” (V for Vendetta – 2005), “Entre Irmãos” (Brothers – 2009) e “Thor” (Idem – 2011). Vencedora do Oscar de melhor atriz por “Cisne Negro” (Black Swan – 2010), Portman chega à sua terceira indicação ao Golden Boy. A primeira foi na categoria de melhor atriz coadjuvante por “Closer: Perto Demais”.

* Entre os 15 prêmios individuais já recebidos por sua performance em “Jackie”, estão: o Critics Choice Award de melhor atriz; o CFCA Award, da Chicago Film Critics Association Awards; o DFWFCA Award, da Dallas-Fort Worth Film Critics Association Awards; o Hollywood Film Award de atriz do ano, do Hollywood Film Awards; o HFCS Award, da Houston Film Critics Society Awards; o Sierra Award, da Las Vegas Film Critics Society Awards; o NTFCA Award, da North Texas Film Critics Association, US; e o Desert Palm Achievement Award, do Palm Springs International Film Festival.

 

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