Bacalhau da Amazônia é enredo do Curral das Éguas para 2017

Foto: Divulgação

O G.R.E.S.V. Curral das Éguas é mais uma agremiação a ingressar no Carnaval Virtual no Grupo de Acesso 2017. A escola é presidida por Charles Mendes, que também acumula a função de intérprete.  Para o Grupo de Acesso 2017 a agremiação apresenta o enredo “Arapaima Gigas: De índio revolto a bacalhau da Amazônia“,  desenvolvido pelo carnavalesco Caio Cidrini.

 

Sinopse

O peixe mais incrível

Que nestas águas já se viu

Gigante por natureza

Mora nos lagos e nos rios

 

A calmaria lhe agrada

Não gosta de correntezas

Tem cauda vermelha e armadura

É o guerreiro das profundezas

 

Diz a lenda que era revolto

Índio perverso sem pudor

De tanto fazer maldades

Deus Tupã o castigou

 

Criatura incomparável

Maravilha de nosso rincão

Cobiçado pelos homens

Corre risco de extinção

 

Mas no coração da floresta

Há esperança, há comoção

Pelas colônias de pesca

Tem manejo e reprodução

 

Orgulho castigado pelos deuses

Pindorô era um homem de coração caridoso. Era também chefe da tribo dos Uaiás que viviam nas planícies amazônicas à margem do Içá. No entanto, seu filho Pirarucu não herdou os bons modos apesar dos ensinamentos do pai. O índio era vaidoso, orgulhoso e perverso, envergonhando Pindorô.

Pirarucu aproveitava as vantagens de ser filho do cacique. Quando seu benevolente pai precisava se ausentar, o índio se revelava. Ele castigava e maltratava pessoas da própria aldeia por simples diversão. Porém, Pirarucu não sabia que estava sendo observado.

Foto: Divulgação

Tupã sentia-se insultado pelo comportamento do índio revolto. Cansado das maldades e de Pirarucu, a divindade resolveu assustá-lo. Ele ordenou que Polo, deus do vento, espalhasse pela floresta seus mais poderosos raios e ventanias. Enquanto a floresta tremia com o poder de Polo, o deus dos deuses também mandou Iururaruaçu, divindade das torrentes, enviar tempestade sobre a pescaria de Pirarucu.

Nem o fogo que ardia nas árvores por causa dos raios ou as ondas furiosas que se quebravam contra a canoa do índio fizeram com que ele fosse humilde. Pirarucu gargalhou enquanto fugia pela mata. Assim, Tupã ficou ainda mais furioso.

O deus dos deuses decidiu puni-lo de vez enviando Xandoré, o deus da ira e do ódio, para perseguir Pirarucu. Ele atingiu o coração do índio perverso com um relâmpago fulminante. Mesmo sofrendo não houve pedido de perdão. Seu corpo ferido e sem forças foi arrastado pela água da chuva até a profundeza do rio, onde Tupã o transformou em peixe.

Maravilhosa criatura

O pirarucu é encontrado nos rios e lagos da Bacia Amazônica. Ele escolhe especialmente as águas calmas de suas várzeas. Seu nome vem da junção de dois termos do tupi: pirá, que é peixe, e urucum, que é vermelho, a coloração de sua cauda. Ele é o maior peixe de água doce da América do Sul. Um pirarucu pode chegar a 3 metros de comprimento e pesar mais de 250 quilos.

A cabeça do pirarucu é achatada e ossificada, com um corpo alongado e escamoso. Para resistir às implacáveis piranhas, ele é dotado de um colete composto que ao mesmo tempo é duro no exterior e flexível no interior. Sua anatomia é uma verdadeira armadura natural com vários níveis de defesa que fazem do Pirarucu o maior guerreiro das águas dos rios da Amazônia.

Preservação e riqueza no coração da floresta

As escamas duras como ferro protegem o pirarucu das piranhas. Contudo, elas são menos úteis contra o mais temido de todos os seres: o humano. Devido à intensa e descontrolada pesca feita na Amazônia a partir do século XIX para consumir sua carne, o gigante está ameaçado de extinção.

No entanto, iniciativas para a preservação do peixe vêm sendo criadas e postas em prática. Antes, a pesca acontecia ao logo de todo o ano. A venda era realizada por cada família, em pequenas quantidades, para os regatões, comerciantes que percorrem os rios em barcos para comprar e vender mercadoria. No sistema de manejo sustentável, essa pesca passou a ser em grupo e a venda realizada por meio de associações comunitárias ou colônias de pescadores.

Além disso, a pesca passou a ser realizada apenas entre setembro e novembro. Isso respeita o ciclo reprodutivo do pirarucu e facilita a logística de captura e o controle dos órgãos de fiscalização. No restante do ano, as populações ribeirinhas se dedicam à agricultura familiar, à pecuária de pequeno porte e ao manejo florestal.

O manejo sustentável do pirarucu é fundamental. Além de preservar a espécie, ele e contribui para a manutenção da cultura das colônias de pescadores ribeirinhos. Ainda fornece o pirarucu para as indústrias de salga de pescados no interior do Amazonas que exportam o bacalhau da Amazônia para o mundo todo gerando renda e emprego.

Setorização:

1º setor: Castigo na floresta

A abertura do desfile narra a lenda da transformação do índio revolto em peixe. O comportamento cruel de Pirarucu envergonha seu pai e enfurece Tupã. A divindade decide castigá-lo para que o índio nunca mais seja perverso e desrespeitoso.

2º setor: Uma maravilha da criação

O segundo setor enaltece a grandeza, a coloração típica dos guerreiros indígenas, a armadura de escamas e o habitat natural do pirarucu. Seu maior inimigo também é lembrado para exaltar as características únicas dessa criatura.

3º setor: Preservação, cultura e riqueza

O último setor celebra o manejo sustentável que preserva a espécie, a cultura dos ribeirinhos e gera riqueza e emprego no interior do Amazonas através da indústria da salga do pescado

 

Informações adicionais:

As inscrições das obras acontecem até às 20h do dia 30 de abril. Para participar, basta enviar o arquivo mp3 com duas passadas e letra completa para [email protected]. Enviamos a imagem do logo de enredo caso seja necessário.

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