Museu Nacional tem incêndio controlado após 6h; Cedae nega falta de água em hidrantes

Museu Nacional após incêndio ser controlado. Foto: Reprodução/TV Globo

Museu Nacional após incêndio ser controlado. Foto: Reprodução/TV Globo

Um grande incêndio acometeu o Museu Nacional por volta das 19h30 do último domingo (02). As chamas que destruíram a mais antiga instituição científica do Brasil só foram controladas aproximadamente às 2h da madrugada desta segunda-feira (03). De acordo com corporação de bombeiros, faltou água em hidrantes próximo ao edifício histórico. O Museu Nacional fica localizado na Quinta da Boa Vista, Zona Norte do Rio de Janeiro.

– Cedae nega falta d’água no combate a incêndio no Museu Nacional

Para o reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) — instituição vinculada ao Museu — faltou preparo dos bombeiros. Roberto Leher afirmou, durante entrevistas na última madrugada,  que os profissionais não agiram de acordo com a proporção do incêndio.

No entanto, segundo Roberto Robadey, comandante-geral dos bombeiros do Rio, a tarefa de conter o incêndio foi complicada. Entre os desafios encontrado pela corporação, a principal foi a falta de água nos hidrantes instalados perto do edifício. Os oficiais ficaram dependentes de caminhões pipas e precisaram utilizar, ainda, água do lago do parque da Quinta da Boa Vista.

As chamas que se espalharam rapidamente pelo local puderam ser vistas em diversos pontos da capital fluminense.

Autoridades comentam caso

O prefeito do Rio, Marcelo Crivella, lamentou a perda do acervo do Museu Nacional: “Trágico incidente que destruiu um palácio marcante da nossa história. É um dever nacional reconstrui-lo das cinzas, recompor cada detalhe eternizado em pinturas e fotos e ainda que não seja o original continuará a ser para sempre a lembrança da família imperial que nos deu a independência, o império, a primeira constituição e a unidade nacional”.

O ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, disse ao SRzd que “é uma imensa tragédia. Trata-se do museu mais antigo do país. Completou 200 anos em junho. Tem um acervo fabuloso em diversas áreas. Aparentemente vai restar pouco ou nada do prédio e do acervo exposto. A reserva técnica não foi atingida. É preciso descobrir a causa e apurar a responsabilidade. O BNDES assinou em junho um contrato de patrocínio no valor de R$ 21,7 milhões. Tenho procurado ajudar a instituição desde que entrei no MinC. O Instituto Brasileiro de Museus realizou diversas ações. Infelizmente não foi o suficiente. Temos que cuidar muito melhor do nosso patrimônio e dos acervos dos museus. A perda é irreparável. Certamente a tragédia poderia ter sido evitada. O MinC está de luto. A cultura está de luto. O Brasil está de luto. É vital refazer o Museu Nacional, revendo também seu modelo de gestão. E investir agora para que isso não aconteça nos demais museus públicos e privados”.

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Grande perda para a história

O Museu Nacional abrigava um vasto acervo com mais de 20 milhões de itens, englobando alguns dos mais relevantes registros da memória brasileira no campo das ciências naturais e antropológicas, bem como amplos e diversificados conjuntos de itens provenientes de diversas regiões do planeta, ou produzidos por povos e civilizações antigas. Formado ao longo de mais de dois séculos por meio de coletas, escavações, permutas, aquisições e doações, o acervo é subdividido em coleções de geologia, paleontologia, botânica, zoologia, antropologia biológica, arqueologia e etnologia. É a principal base para as pesquisas realizada pelos departamentos acadêmicos do museu — que desenvolve atividades em todas as regiões do país e em outras partes do mundo, incluindo o continente antártico. Possui uma das maiores bibliotecas especializadas em ciências naturais do Brasil, com mais de 470.000 volumes e 2.400 obras raras.

Palácio de São Cristóvão em 1862
Palácio de São Cristóvão em 1862

No campo do ensino, o museu oferecia cursos de extensão, especialização e pós-graduação em diversas áreas do conhecimento, além de realizar exposições temporárias e atividades educacionais voltadas ao público em geral. Administrava o Horto Botânico, ao lado do Palácio de São Cristóvão, além do campus avançado na cidade de Santa Teresa, no Espírito Santo — a Estação Biológica de Santa Lúcia, mantida em conjunto com o Museu de Biologia Professor Mello Leitão. Um terceiro espaço no município de Saquarema é utilizado como centro de apoio às pesquisas de campo. Dedica-se, por fim, à produção editorial, destacando-se nessa vertente a edição dos Arquivos do Museu Nacional, o mais antigo periódico científico brasileiro especializado em ciências naturais, publicado desde 1876.

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