Plano para celular pós passa pré-pago pela primeira vez

Celulares. Foto: Reprodução

Celulares. Foto: Reprodução

O número de usuários de celulares pós-pagos ultrapassou o de pré-pagos pela primeira vez no país, segundo a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). A modalidade começou a crescer no país em 2015, ano de crise econômica, passando de 71 milhões de chips naquele ano para 114 milhões em 2020.

A preferência por planos pós-pagos — que superaram os pré-pagos em mais de 1 milhão de usuários em setembro — pode ser atribuída também à maior necessidade de acesso à internet. Durante a pandemia da Covid-19, o uso de celulares para acompanhar aulas remotas, ferramentas de trabalho e outros programas virtuais impulsionou a busca por pacotes de banda larga.

Uma pesquisa do Comitê Gestor da Internet no Brasil divulgada nesta segunda-feira (9) confirmou o aumento desta demanda: 37% dos estudantes e 41% dos trabalhadores têm o celular como principal meio para acompanhar aulas e realizar atividades profissionais.

Segundo o coordenador do programa de Telecomunicações do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor), Diogo Moyses, os planos pré-pagos são mais acessíveis, mas oferecem um acesso de “segunda classe”.

“Neles, o consumidor passa a maior parte do tempo com a internet bloqueada, porque não coloca créditos o tempo inteiro”, explica. “O que gera tanto uma autocensura no uso da rede, para reduzir o consumo dos créditos, quanto um problema prático, quando o acesso é bloqueado ou reduzido. Portanto, a busca do pós-pago é justificada pela necessidade da conectividade contínua, ininterrupta, à semelhança da internet fixa”, completou.

Embora a modalidade pós-paga traga maior retorno financeiro às operadoras e esteja em expansão entre usuários, ela é também líder em reclamações: em 2019, foram 1.043.533 de queixas sobre celulares pós-pagos, ante 377.296 para pré-pagos.

Embora o celular esteja sendo o principal dispositivo de acesso à internet durante a pandemia, as formas de acompanhar aulas remotas e desempenhar atividades profissionais online não são as mesmas para todos os brasileiros. “A forma de uso da rede pelas diferentes classes sociais, para trabalhar e estudar, deixam ainda mais claro as desigualdades existentes no país”, afirma o secretário-executivo do Comitê Gestor da Internet no Brasil, Hartmut Glaser.

A pesquisa do comitê descobriu que, enquanto 45% dos estudantes das classes A e B utilizam notebooks para acompanhar aulas, apenas 10% das classes D e E recorrem ao mesmo método.

Entre os trabalhadores, 84% das classes de menor renda dependem apenas dos celulares para acessar a internet — o computador é o método preferido para 77% das classes mais altas.










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