Museu do Futebol promove palestras gratuitas sobre a história das Copas

Museu do Futebol fará ciclo de palestras gratuitas sobre a história das Copas. Foto: Divulgação

Museu do Futebol fará ciclo de palestras gratuitas sobre a história das Copas. Foto: Divulgação

É possível encontrar um novo viés para falar sobre um dos temas mais revisitados de um país? Essa dúvida sustenta o evento de abertura do ciclo de palestras “A história das Copas do Mundo”, que o Museu do Futebol, instituição da Secretaria da Cultura do Estado, promoverá a partir de 26 de abril deste ano.

A apresentação inaugural ficará a cargo do francês Clement Astruc, da Sorbonne Nouvelle Paris 3, atualmente em meio a uma pesquisa de doutorado acerca da participação da seleção brasileira no Mundial de 1970. Quarenta e sete anos depois de o mundo ter sido impactado pela seleção que reunia nomes como Gérson, Jairzinho, Rivellino, Tostão e Pelé, o historiador mostrará dados de um levantamento inédito sobre a percepção dos estrangeiros a respeito do time.

Baseada em jornais europeus e em fontes diplomáticas brasileiras (arquivos do Itamaraty), a pesquisa de Astruc sobre a Copa de 1970 ajuda a entender a seleção que conquistou o tricampeonato mundial como fenômeno além do esporte e oferece dados para questionar o uso da equipe canarinho como ferramenta de política externa pelos militares que comandavam o país na época.

Museu do Futebol fará ciclo de palestras gratuitas sobre a história das Copas. Foto: Divulgação
Museu do Futebol fará ciclo de palestras gratuitas sobre a história das Copas. Foto: Divulgação

O trabalho faz parte de um estudo mais amplo sobre a projeção internacional do futebol brasileiro entre os anos 1950 e 1970.

“Existem muitos e bons trabalhos sobre aquela Copa, tanto na questão de instrumentalização política quanto na construção de uma narrativa nacional em torno do futebol. A maioria privilegia uma perspectiva interna, seja para analisar como o governo [do general Emílio Garrastazu] Médici [presidente do Brasil entre 1969 e 1974] tentou explorar o evento para estabelecer uma retórica nacionalista e ufanista, seja para analisar o discurso de jornalistas e intelectuais em torno da questão do chamado ‘futebol arte’. Partindo dessa constatação, achei relevante analisar o tema a partir de uma perspectiva externa”, conta o autor.

A pesquisa também faz parte de uma ampla ligação de Astruc com o Brasil. Nascido em Lyon, o pesquisador começou a se interessar por futebol em 1998, ano em que a Copa do Mundo foi realizada na França e vencida pelos anfitriões em decisão justamente contra os sul-americanos. Depois, afeiçoou-se ao Olympique Lyon, time da cidade natal, e teve ídolos como “Sonny” Anderson e Juninho Pernambucano.

Astruc fez um intercâmbio e passou um ano como leitor de francês na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Quando voltou à França, decidiu iniciar pesquisa de doutorado sobre a percepção internacional do futebol brasileiro entre os anos 1950 e 1970. O estudo que tem como foco a seleção tricampeã mundial é parte disso.

“Durante o mestrado, trabalhei com depoimentos de jogadores da seleção dessa época numa perspectiva de história social. Já tinha um interesse muito grande pela história das Copas do Mundo, mas fiquei também curioso pelas excursões internacionais que os times faziam. Aí escolhi tratar mais da dimensão internacional do futebol brasileiro, do futebol brasileiro visto desde o exterior e em particular desde a Europa. Essa perspectiva me pareceu ainda pouco estudada e correspondia também ao meu posicionamento com relação ao meu objeto de pesquisa, ou seja, ao fato de ser um estudante francês pesquisando sobre o Brasil”, diz Astruc.

“Estudar o período me permitiu perceber melhor o contexto político, tanto nacional quanto internacional, no qual o tricampeonato ocorreu. Antes de entrar na universidade e de estudar o Brasil e o futebol brasileiro, só tinha em mente imagens do que aconteceu no gramado, fragmentos da difusão televisiva da época e em particular da final contra a Itália”, complementa.

Com entrada franca, a palestra de Clement Astruc será realizada no auditório do Museu do Futebol, que tem capacidade para 174 pessoas (quatro lugares para deficientes), às 14h.

Sobre o Museu do Futebol

Museu do Futebol fará ciclo de palestras gratuitas sobre a história das Copas. Foto: Divulgação
Museu do Futebol fará ciclo de palestras gratuitas sobre a história das Copas. Foto: Divulgação

Inaugurado em setembro de 2008, o Museu do Futebol está instalado em uma área de 6,9 mil metros quadrados que fica embaixo das arquibancadas do Estádio Paulo Machado de Carvalho, conhecido como Pacaembu. Trata-se de um espaço interativo, lúdico e multimídia, no qual a história do esporte mais popular do Brasil acaba se confundindo com a própria história do país.

A exposição de longa duração do equipamento está espalhada por 15 salas, com 1.500 imagens e cinco horas de vídeos. O passeio está alicerçado em três eixos (emoção, história e diversão).

* Endereço: Praça Charles Miller, S/N São Paulo, SP

* Funcionamento: Terça a domingo, 09h00 às 18h00

* Ingressos: R$ 12/Meia-entrada: R$ 6/Entrada gratuita às terças-feiras.

* O Museu não abre às segundas-feiras.

* Estacionamento na Praça Charles Miller, sendo necessário o uso de Zona Azul Digital, que pode ser adquirido por meio de aplicativos para celulares ou em postos oficiais.

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