Responsáveis por vazar vídeo de William Waack desabafam e esperam processo da Globo

Paulo Sotero e William Waack. Foto: Reprodução de Internet

O operador de VT Diego Rocha Pereira, de 28 anos, e o designer gráfico Robson Cordeiro Ramos, de 29, são os responsáveis pelas imagens em que William Waack fez comentários de cunho racista. Ambos são negros e se sentiram afetados com o comentário do âncora do “Jornal da Globo”.

No vídeo, gravado no dia 8 de novembro de 2016, e que circula na internet, Waack se prepara para uma entrevista durante a cobertura das eleições norte-americanas, quando alguém na rua começa a disparar uma buzina na rua. Contrariado, ele xinga a pessoa e depois dispara: “é coisa de preto”.

Com a repercussão do caso e diversas críticas nas redes sociais, a emissora afastou o jornalista na noite da última quarta-feira (9).

Em nota, o canal disse ser contra qualquer tipo de manifestação racial e que o veterano de 65 anos ficará longe de suas atividades até que a situação seja esclarecida.

– Clique aqui para ler o comunicado da Globo

Em depoimento ao jornalista João Guimarães, da rádio “Jovem Pan”, eles disseraram que Diego, ex-funcionário da “Rede Globo”, foi quem gravou as imagens. O rapaz, junto com sua equipe, se preparava para um link externo, em que Waack entraria ao vivo de Whashington junto com seu convidado, Paulo Sotero, diretor do Brazil Institute, do Wilson Center.

Diego Rocha e Robson Ramos. Foto: Reprodução de Internet
Diego Rocha e Robson Ramos. Foto: Reprodução de Internet

Diego contou que estava na sede da emissora em São Paulo, quando recebeu o sinal com as imagens feitas em Washington, nos Estados Unidos. Ele ficou indignado com a atitude de Waack e decidiu gravar com o próprio celular.

“Percebi que não tomaram providência nenhuma. Acho uma injustiça, ele, como formador de opinião, emitir uma ofensa racial sem qualquer tipo de justificativa. Esse tipo de pessoa não pode ter esse tipo de pensamento”, afirmou Diego após lembrar que após fazer a gravação, mostrou as imagens aos seus supervisores na época. Segundo ele, nada aconteceu. O técnico descartou ter divulgado o vídeo como uma vingança pessoal, dinheiro ou fama.

Robson explicou que a demora na divulgação das imagens se deu por acaso. Há uma semana, o designer encontrou o vídeo guardado em seus arquivos e decidiu torna-lo público.

“Eu me revolto porque ele [Waack] trabalha com milhões de negros dentro da Globo. Ele é o âncora, ele traz a informação, mas em volta dele tem um monte de negros trabalhando. Fico imaginando como ele é fora da câmera”, completou.

Robson e Diego, que são produtores de uma festa de música negra na capital paulista, têm recebido apoio de diversas pessoas pelas redes sociais, mas esperam represália da emissora.

“Sabemos que a Globo vai nos processar”.

Ele [Waack] cometeu um crime, eu não. Me senti ofendido. Estava trabalhando. Desnecessário ofender por nada”, explicou.

Diego ressaltou que outra parte negativa da situação é a reação das pessoas na momento do comentário. Em sua visão, atitudes racistas como a do apresentador precisam ser combatidas no cotidiano.

“Ele não foi repreendido depois. Ali estava cheio de gente, tinha coordenador, diretor de imagem, o próprio entrevistado poderia ter reclamado da ‘piadinha’”,  completou.

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