As cidades vão se recompondo diante dos olhos do leitor: Pirapora, Diamantina, Curvelo, Belo Horizonte. Minas Gerais de décadas atrás, surgindo por detrás daquela palpitação de vida, com toda a singeleza e o romantismo de um tempo de memória que a autora soube amar e preservar. Com sensibilidade e delicadeza, Maria Helena resgata, em Por onde andou meu coração, recordações repletas de poesia e lirismo.
Como seria de esperar de um livro que conta fielmente a vida, este livro fala muito da morte. Mas da morte como uma usina de saudade, e nesta usina a fonte de uma luz na qual os mortos são vistos em toda a sua íntegra relação humana. Os mortos estão comodamente sentados na lembrança, com o tom amorável de sua participação anterior, com seu desatino e obstinação, vincados como inesquecíveis personagens de um novo ciclo de romance que, à maneira de Bíblia, ou à maneira de Proust, recompusesse a fábula universal da alma humana, a partir de regiões mágicas e terrestres.
Longe das prateleiras há algum tempo, Por onde andou meu coração ganha, no aniversário de 40 anos de seu lançamento – e de 10 anos de morte da autora -, uma nova edição. Com belo projeto gráfico, a obra recebe o selo da Editora Civilização Brasileira e volta ao mercado. Um presente para os leitores.
MariaHelena Cardoso nasceu em Diamantina, Estado de Minas Gerais, a 24 de maio de 1903. Filha de Joaquim Lúcio Cardoso, um desbravador, nômade e aventureiro, e de Maria Wenceslina Cardoso. Tinha um ano de idade quando foi com sua família residir em Curvelo, lugar de origem de sua mãe. Fez o curso primário em Curvelo. Mais tarde seu pai transferiu a família para Belo Horizonte, para que os filhos pudessem continuar a estudar. Em Belo Horizonte, fez o curso secundário, prestando exames finais no Ginásio Mineiro. Entrou para a Escola de Farmácia, anexa à Escola de Medicina. Concluiu o curso de farmacêutica e um ano depois mudava-se para o Rio de Janeiro, com toda a família. Era no mês de março de 1923. Nunca teve oportunidade de exercer sua profissão. Empregou-se numa Cia. de Seguros da qual tinha sido fundador seu tio materno, Oscar Neto. Trabalhou depois no escritório do Hospital Samaritano. Posteriormente, tendo sido vendido o hospital, foi trabalhar no Grupo Atlântica de Seguros. Morreu em 1997.
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