Artistas denunciam assédio e homofobia de Cássia Kis na Globo, diz colunista

Cássia Kis. Foto: Foto: Divulgação/Globo

No ar em “Travessia”, novela exibida no horário nobre da Rede Globo, a atriz Cássia Kis, que interpreta Cidália, teve seu nome em evidência nos últimos dias. O motivo, no entanto, não está relacionado à sua atuação na trama, mas por declarações e atitudes consideras polêmicas e que geraram indignação no público e também na classe artística.

Cássia, de 64 anos, foi denunciada por um grupo de pelo menos 15 artistas, entre atores, atrizes, diretores, roteiristas e produtores que trabalham na Globo.

De acordo com o colunista Gabriel Vaquer, do Notícias da TV, entre as denúncias feitas estão casos de homofobia dentro e fora do ambiente de trabalho, além de comportamento inadequado nos bastidores das gravações da novela.

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Segundo a publicação, os profissionais, cujos nomes foram mantidos em sigilo, se uniram e decidiram levar outras situações ocorridas nos bastidores para reforçar o pedido de uma atitude mais drástica e colocar em questão a permanência dela na empresa.

O jornalista teve acesso a situações em que a atriz é acusada de ter reproduzido falas homofóbicas durante as gravações de cenas da novela de Gloria Perez. Uma delas envolve uma conversa com uma camareira, ocorrida duas semanas antes do segundo turno da votação que elegeu Lula presidente do Brasil. Um ator que contracena frequentemente com Cassia também relatou que “estava cansado” e que a atriz pesa o clima durante o trabalho.

Procurada pelo Notícias da TV para falar sobre o assunto, Cássia Kis, que se mantém em rota de colisão com a produção da trama e boa parte do público, não respondeu. Já a direção do canal informou que irá investigar as situações relatadas, mas que não comenta detalhes.

“Como você sabe, não comentamos questões de compliance. A Globo tem um Código de Ética, que deve ser seguido por todos os colaboradores e igualmente por todas as áreas da empresa – e em nenhuma delas é tolerada qualquer forma de discriminação. Da mesma forma, tem uma Ouvidoria pronta para receber quaisquer relatos de violação, que são apurados criteriosamente”, afirma a nota da emissora.

Preconceito e participação em ato antidemocrático

Após a repercussão negativa das declarações homofóbicas de Cassia Kis feitas em outubro, a Globo já havia afirmado em comunicado enviado à imprensa que “tem um firme compromisso com a diversidade e a inclusão e repudia qualquer forma de discriminação”.

Cassia Kis foi alvo de críticas por conta de declarações preconceituosas em entrevista para Leda Nagle no YouTube. A veterana ainda militou contra a legalização do aborto, detonou até mesmo o uso de métodos contraceptivos e se juntou aos manifestantes bolsonaristas que fazem bloqueio de ruas no centro da cidade na última quarta-feira (2).

Usando um casaco longo por cima de uma blusa verde, Cássia aparece em vídeos compartilhados nas redes sociais aplaudindo bolsonaristas na Avenida Presidente Vargas, uma das principais vias do Rio.

A atriz se manifestou pela primeira vez sobre a repercussão negativa de suas declarações considerada como homofóbicas. Em resposta ao programa Fofocalizando, do SBT, ela disse não ter sido preconceituosa quando afirmou que “homem com homem não dá filho”, o que estaria “destruindo as famílias”.

“Não sou homofóbica e não fiz uma declaração homofóbica. Não há mentira no que disse”, respondeu Cássia Kis, reforçando seu posicionamento preconceituoso.

Homofobia é crime

Desde 2019, a homofobia pode ser enquadrada judicialmente como racismo. Foi o que decidiu o Supremo Tribunal Federal (STF), que criminalizou a discriminação contra a população LGBTQIA+ com a aplicação da Lei 7.716/1989. O crime tem punição de um a três anos de prisão, é inafiançável e imprescritível.