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Vândalos que agiram em Brasília não são patriotas, mas criminosos, por Sidney Rezende

Terroristas bolsonaristas invadem Congresso, STF e Palácio do Planalto. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Terroristas bolsonaristas invadem Congresso, STF e Palácio do Planalto. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Os terroristas que dilapidaram as instalações do Palácio do Planalto, Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional estão sendo tratados pela direita brasileira como patriotas. Inúmeras postagens nas redes sociais trazem comentários afirmando que os manifestantes se expressam democraticamente porque estariam inconformados com a condução do processo eleitoral brasileiro que culminou com a vitória do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Este pensamento é difundido pelo senador eleito Magno Malta e pelo deputado Ricardo Barros, por exemplo.

A inoperância do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, que serviu de motivo incontestável para seu afastamento do posto; a forma suspeita como o ex-secretário de Segurança do DF, o bolsonarista Anderson Torres, agiu em todo processo de organização, financiamento e baderna na capital do país; a convocação de “patriotas” pelo senador Magno Malta para o que foi inicialmente chamado por sua postagem de “greve geral” e “resposta firme”; a condescendência dos extremistas que tentam “administrar” a herança do que pior deixou o antigo governo; a forma displicente dos agentes do Gabinete de Segurança Institucional que deveriam preservar o entorno da presidência; o aparelhamento do GSI deixado pelo general Augusto Heleno e a nítida inspiração e liderança conectada da Flórida pelo derrotado Jair Bolsonaro são alguns dos exemplos do caráter golpista que norteou toda a ação dos criminosos.

Não foram patriotas que estiveram em Brasília neste domingo, embora envoltos em indumentária nas cores verde e amarelo.

Patriotismo é o sentimento de amor à pátria, aos seus símbolos nacionais (bandeira, hino, brasão, vultos históricos, riquezas naturais e patrimônio material e imaterial) e não o oposto. Os bandidos que agitam Brasília roubaram esculturas, destruíram obras de arte, atearam fogo nos cômodos, quebraram mesas e cadeiras, arremessaram móveis pelas janelas, estraçalharam todos os vidros das paredes internas e externas, defecaram nas mesas, urinaram em documentos, desmontaram da parede a porta da sala do ministro do Supremo Alexandre de Moraes, furtaram as togas de ministros e a ostentaram pela praça pública enquantos policiais militares os escoltavam, tomavam água de coco, tiravam foto e não tinham vergonha de mostrar sua adesão à baderna. Fala-se que estes serão identificados e expulsos da corporação. Difícil acreditar!

Não. Não foram patriotas que estiveram em Brasília neste domingo (8), embora envoltos em indumentária nas cores verde e amarelo. Não se demonstra patriotismo apenas ao vestir a camisa da CBF. Longe disso.

Certas estão as autoridades que acordaram nesta segunda-feira (9) dispostas a impor os limites das leis e punir os criminosos. É preciso agir agora para não ficar pior depois. Imagine o risco da impunidade ser o caminho seguido. Qual a garantia de ação das Forças Armadas se alguns quartéis se sublevarem? Imagine um bloqueio em estados do agro no Centro-oeste, em Santa Catarina ou interior de São Paulo? Os argumentos dos terroristas não podem vencer a convicção da esmagadora maioria dos brasileiros que quer a democracia.

Governos estaduais

Os bolsonaristas estão prometendo agora bloquear as refinarias e estradas para estrangular a economia do Brasil. Em Araucária, eles já ensaiaram nesta madrugada uma ação. O governador do Paraná, Ratinho Junior, tem que ser rápido e determinado. No Rio, o governador Cláudio Castro se reuniu com secretários de Estado nesta segunda-feira (9), no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), e determinou às forças de segurança que continuem um intenso monitoramento para impedir qualquer ação contra o patrimônio público e privado do Estado do Rio de Janeiro.

“É importante que as inteligências da Polícia Civil e Militar trabalhem conjuntas, com todos mobilizados para que continuemos tendo paz no Rio de Janeiro. Reitero o compromisso com a sociedade de ser enérgico para garantir a tranquilidade e impedir o fechamento das vias”, declarou Cláudio Castro.

A reunião aconteceu nas primeiras horas no CICC, que recebe imagens de câmeras em pontos estratégicos do Rio, em tempo real.

De acordo com o secretário de Polícia Militar, Luiz Henrique Marinho Pires, prédios públicos, como o Tribunal de Justiça, Tribunal Regional Eleitoral e a Assembleia Legislativa, estão com reforço de policiamento. Na Refinaria Duque de Caxias estão atuando o Batalhão de Choque e o Regimento de Polícia Montada.

Castro afirmou que as cenas ocorridas neste domingo, em Brasília, não serão permitidas no estado do Rio de Janeiro.

“Não vamos permitir que haja ataques e que as ruas se transformem em uma praça de guerra no nosso estado”, ressaltou o governador.

Estiveram presentes, o vice-governador, Thiago Pampolha, e os secretários Nicola Miccione (Casa Civil), Luiz Henrique Marinho Pires (Polícia Militar), Fernando Albuquerque (Polícia Civil), Edu Guimarães (Gabinete de Segurança Institucional), Maria Rosa Lo Duca Nebel (Administração Penitenciária), Rodrigo Abel (Chefia de Gabinete) e Rodrigo Bacelar (Governo).

Eduardo Paes

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, também está atento e operoso. Ele publicou nas redes sociais que vai reforçar a colaboração com o Exército e com a Polícia Militar para promover a retirada do acampamento de bolsonaristas na Praça Duque de Caxias, no Centro do Rio. Neste domingo, o Ministério Público Federal (MPF), através da Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC), já havia solicitado ao Exército que tome providência urgente para desalojar fanáticos que combinam atos criminosos no acampamento de tendas e barracas montadas há semanas no local.

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