Colunas

Marcos do Val está cada vez mais envolvido num esquema para prejudicar Alexandre de Moraes, por Sidney Rezende

Marcos do Val e Alexandre de Moraes. Fotos: Marcelo Camargo/Agência Brasil e Carlos Moura/STF

Marcos do Val e Alexandre de Moraes. Fotos: Marcelo Camargo/Agência Brasil e Carlos Moura/STF

O meu artigo publicado no SRzd desta quinta-feira (2) trazia o título “Marcos do Val pode se tornar o ‘Pedro Collor’ de Jair Bolsonaro” e ficou menos de 1 hora disponível para o leitor. No curso das horas, depois de novas entrevistas do senador do Podemos, o mais prudente era aguardar novas informações. Fui o que fiz e passei a acompanhar a cobertura jornalística sobre o tema e melhorar o entendimento do que estaria oculto em jogo. Havia um cheiro de enxofre no ar.

O testemunho do senador parecia mirabolante demais, contraditório em muitos pontos, até porque as várias versões não batem. Estava nítido que havia um coelho na tuba.

Bastaram 24 horas incompletas para o senador não renunciar ao cargo como prometera, desdizer o que havia afirmado quanto a uma possível coação do ex-presidente Jair Bolsonaro para que ele participasse de um golpe e, o que me parece a ponta do iceberg agora, o fato de ele pedir o afastamento de Alexandre de Moraes de suas atividades. “Será comprovada a veracidade de tudo que tenho falado. Farei solicitação para a PGR afastar o ministro Alexandre de Moraes da relatoria referente aos atos antidemocráticos. Como ele vai entrar nos autos, ele não pode ser o relator”, afirmou.

Bem, o tal “Pedro Collor 2023 de Bolsonaro” que o articulista imaginara, não existe. É um equívoco. O depoimento do senador Marcos do Val não é sério. Ele está escondendo reais intenções e a julgar pelas afirmações agora de que Jair Bolsonaro não fez nada de errado e que ele nutre gratidão pelos filhos do presidente Flávio e Eduardo, soa estranho.

Parece óbvio que há interesse de uma trupe tirar das mãos de Alexandre de Moraes investigações que podem comprometer Bolsonaro.

Não dá para condenar os que possam pensar que o jogo é jogar Xandão numa arapuca, tirá-lo da jogada, dizer que ele prevaricou ao não mandar investigar o então presidente da República. Parece óbvio que há interesse de uma trupe tirar das mãos de Alexandre de Moraes investigações que podem comprometer Bolsonaro.

Mas será que o encontro do ministro Alexandre de Moraes e o senador, confirmado pelos dois, foi gravado? Se foi, por quem? GSI? Espiões particulares? Se existir o áudio, ele aparecerá nas redes sociais?

Por qual razão o gabinete do ódio não partiu para cima do senador com a fúria que o faz com pessoas que “incomodam” bem menos? Afinal, arquitetar um golpe e tentar colocá-lo para funcionar é crime grave. E sobre isso, Do Val não poderá dizer que não disse.

Sim, tudo está indicando que o senador Marcos do Val é mesmo um agente duplo, mas duplo não só por jogar em dois lados, ele deve ser de um lado só: o dos bolsonaristas. O que o ex-presidente da República quer é colocar Xandão numa fria. Jogo perigoso, senador!

Comentários

 




    gl