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Bolsonaro estica a corda e aumenta nível de tensão política, por Sidney Rezende

Jair Bolsonaro. Foto: Foto: Isac Nóbrega/PR

Jair Bolsonaro. Foto: Foto: Isac Nóbrega/PR

O momento político é delicado. As autoridades do Governo Federal envolvidas na investigação dos atos golpistas em Brasília e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, precisarão ter sangue frio – e serenidade – na condução do processo de punição aos terroristas que atacaram os poderes da República e destruíram os prédios que simbolizam a democracia brasileira na capital federal.

Bolsonaro optou por esticar a corda na presunção de que os militares das Forças Armadas brasileiras embarcarão numa aventura golpista com ele na liderança.

A sinalização de que o ex-presidente derrotado nas urnas, Jair Bolsonaro, cogita retornar ao país é a certeza de seus aliados de que aqui ele poderá liderar um levante com mais eficácia do que à distância, em Orlando, na Flórida, Estados Unidos. Bolsonaro aguardou no exterior alimentando delírio semelhante ao vivido por Jânio Quadros por época de sua renúncia, de que o povo o carregaria de volta nos seus braços para reassumir seu posto, só que desta vez como ditadores com plena autonomia. Como isto não aconteceu, a distância encheu o coração do capitão de angústia.

Como consequência, Bolsonaro optou por esticar a corda na presunção de que os militares das Forças Armadas brasileiras embarcarão numa aventura golpista com ele na liderança. Qual a explicação para o ex-chefe da nação compartilhar um post sua conta oficial no Facebook, na noite desta terça (10), com um vídeo que questiona a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva? Provocação clara.

Bolsonaro ou quem administra sua conta nas redes sociais deixou a fake news disponível no perfil por um bom tempo, duas horas, o suficiente para inflamar seus seguidores mais fanáticos. Para manter viva a chama do golpismo, adotou-se a estratégia de fustigar Lula e pavimentar uma ruptura institucional.

Os extremistas não escondem o desejo pela radicalização, no sentido claro de derrubar o governo eleito e afrontar a democracia.

Bolsonaro deu voz ao procurador direitista do Mato Grosso do Sul Felipe Gimenez, que afirma que Lula foi “escolhido pelo serviço eleitoral e pelos ministros do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral”. O vídeo era acompanhado de uma legenda onde se lia: “Lula não foi eleito pelo povo, ele foi escolhido e eleito pelo STF e TSE”.

Depois do vandalismo em Brasília e ameaças a refinarias e distribuidoras de energia elétrica, os extremistas não escondem o desejo pela radicalização, no sentido claro de derrubar o governo eleito e afrontar a democracia.

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