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SALVE O DIA NACIONAL DO SAMBA

Instrumento. Foto: Reprodução

Saudações ao povo do samba e do Carnaval!

“É hoje o dia da alegria e a tristeza nem pode pensar em chegar”, afinal é 2 de dezembro, Dia Nacional do Samba!

Temos também o terceiro jogo da seleção brasileira, e se tudo der certo, e uma vitória vier, vamos tomar “um porre de felicidade”, pois em plena sexta-feira, as energias impulsionam para uma bela celebração desta data, tão especial para todos nós, apaixonados pelo samba e Carnaval.

Estava curioso em descobrir o porque do dia do samba acontece em 2 de dezembro, fui fazer uma rápida pesquisa e descobri que, claro, foi a data sancionada em lei, ainda na antiga Guanabara, em 1964. Mas qual foi o motivo de ser nesse dia? Segundo algumas informações encontradas, tudo tem haver com o compositor mineiro Ary Barroso, autor de “Aquarela do Brasil”, música que consolidou o estilo samba-exaltação, com seus versos que trazem encantamento a nossa alma e despertam em cada um de nós o sentimento de amor a essa “terra abençoada” que é nosso Brasil.

“Ô! Esse Brasil lindo e trigueiro É o meu Brasil brasileiro Terra de samba e pandeiro. Brasil! Brasil! Pra mim! Pra mim! ”

Este samba descreve o quanto é especial ser brasileiro, e é a composição que ajudou a elevar o gênero samba à categoria de Símbolo Musical Nacional. Mas e o dia 2? Neste dia em especial, segundo informações, o compositor Ary Barroso visitou pela primeira vez a Bahia, onde o samba surgiu em nosso país. Foi na Bahia que o samba nasceu, mas foi no Rio de Janeiro que ele encontrou solo fértil para se tornar esse fenômeno musical nacional.

No país onde nasceu o samba, houve uma época em que sambar era proibido. Falamos do início do século XX, os locais de samba eram proibidos e quem fosse pego dançando ou cantando, poderia ser preso. Naquela época, esses locais eram considerados sujos, perigosos e de perdição. A escravidão no Brasil havia terminado em 1888, então, na verdade, era o muito forte o racismo e o preconceito da sociedade contra todas as manifestações provenientes do povo preto e pobre. Foi assim com o samba, o candomblé, blocos de Carnaval e tudo mais que fosse originado na cultura afro-brasileira.

As coisas começaram a mudar com a chegada do Estado Novo de Getúlio Vargas, na década de 1930. O governo Vargas precisava de algo que tocasse a alma do povo e o seu amor a sua “terra”, e em 1939, é composto o samba “Aquarela Brasileira”, um verdadeiro hino de amor a pátria. Esta composição fez todos perceberem que estava ali, o que procuravam.

Esse é um período que o Brasil buscava encontrar na cultura popular algo que simbolizasse a unidade nacional e os intelectuais e políticos da época viram que era o samba, criado no seio das populações pobres e pretas, a resposta para sua procura.

Dessa forma, tiveram que se curvar a importância dessa criação, esquecendo qualquer tipo de pré-conceito, o elegendo, na década de 1940, como Símbolo da Unidade Nacional. Em 2007 o Samba foi registrado como “bem cultural de natureza imaterial” e assim, virou Patrimônio Imaterial da Cultura Brasileira.

E hoje celebramos a alegria da criação desta joia lapidada no Rio de Janeiro, onde em 1916 foi composto, aquele que é considerado primeiro samba a ser gravado no país, de autoria dos compositores Donga e Mauro de Almeida: “ Pelo Telefone”. Segundo muitos pesquisadores, esse samba nasceu no quintal da Tia Ciata, onde frequentavam tantos sambistas históricos como João da Baiana, Pixinguinha, Caninha, Hilário Jovino Ferreira, Sinhô, dentre tantos outros, um verdadeiro celeiro de bambas, que merecem todas as nossas homenagens neste dia tão especial.

Algo importante de saber é que o “Dia Nacional do Samba” marca uma data de celebração que não envolve somente o ritmo musical, mas todos os artistas e compositores que contribuíram na criação e evolução da música ao longo do tempo. Então, amigo leitor, vamos nesta sexta-feira, dia 2 de dezembro, buscar uma boa roda de samba para celebrar este dia tão especial. A cidade vai ferver com inúmeras festividades que devem atravessar o final de semana, e na realidade vão se prolongar pela próxima semana.

Uma dica no 0800, acontece no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), ali no centro do Rio, a apresentação do músico Marquinhos de Oswaldo Cruz, mostrando o seu novo trabalho “Uma África chamada Rio de Janeiro”, começando às 18h, com convidados anunciados na hora, uma boa pedida.

O tradicional “Trem do Samba” foi transferido para amanhã, sábado (3). A 27ª edição do tradicional Trem do Samba, com partida da Central do Brasil em direção à Grande Madureira. O evento será conduzido pelo músico Marquinhos de Oswaldo Cruz, que receberá o público na Central, a partir das 15h, acompanhado das velhas guardas da Vila Isabel, Mangueira, Império Serrano e Salgueiro. O projeto foi inspirado no itinerário feito por Paulo da Portela anos 1920. Para embarcar no Trem do Samba, basta doar 1kg de alimento não perecível e trocar pelo bilhete de acesso às composições.

Serão dadas três viagens (sem parada) sentido Zona Norte: 18h04, 18h35 e 19h15. Ao todo, serão disponibilizados 1,8 mil lugares (sentado ou em pé) a cada partida, outra boa pedida para o sabadão. A programação dos palcos fixos que ficarão em torno da Estação de Oswaldo Cruz, ponto final do “Trem do Samba” será da melhor qualidade, tudo começando às 19hs. Teremos as presenças do Grupo Raça, Leci Brandão, Dudu Nobre, Paulinho da Viola e muito mais, vale dar uma conferida na programação. Imperdível!

Na Cidade do Samba, localizada na Zona Portuária, as Escolas de Samba do Grupo Especial fazem sua arrancada para o Carnaval de 2023, sábado (3) e domingo (4), com a abertura do Rio Carnaval 2023. Outra boa pedida para celebrar o nosso samba cantando e conhecendo os sambas-enredos que serão cantados na Marques de Sapucaí no próximo ano.

Outra boa pedida para aqueles que gostam de se aprofundar nos estudos do funcionamento de uma Escola de Samba, será realizada na semana que entra; a Jornada de Capacitação de Harmonia e Carnaval. O evento acontecerá nos dias 7 e 8 de dezembro, das 17h às 20h, no Auditório n° 71 da UERJ. Este evento é organizado pela Associação Recreativa dos Diretores de Harmonia das Escolas de Samba do Estado do Rio de Janeiro em parceria com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

O evento será dividido em dois módulos, sendo que o módulo 1, no dia 7, falará sobre a história do samba, a origem da harmonia no Carnaval, a harmonia musical e a performance do casal de MSPB.

O modulo 2 que acontecerá no dia 8 e falará sobre a organização e técnicas para um desfile correto, critérios adotados para o julgamento do quesito enredo, samba-enredo e harmonia, processo construtivo das alegorias, planejamento setorial junto à comunidade, atuações nos diversos setores da Escola de Samba, movimentos técnicos dos desfiles. Este evento tem o apoio da Liesa,  Liga-RJ, SUPER LIGA, FICCCERJ, FENASAMBA, HARMONIAS EM HARMONIA.

Para os interessados em participar, a inscrição é gratuita e será feita pelo site: https://forms.gle/Pw4vEPuhMHk7HBmSA. O colunista que vos escreve, estará participando da mesa de debates do módulo 2.

O Dia Nacional do Samba promete, com festividades e eventos para todos os gostos e bolsos e em todos os cantos. O importante é você não deixar de celebrar nosso Patrimônio Imaterial da Cultura Brasileira.

Este final de semana, pelo que tudo indica, será todo dedicado a celebração do samba! Finalizo rendendo minha homenagem a esse dia tão especial, lembrando um dos maiores hinos do samba nacional, a composição de Edson Conceição e Aluísio Silva, eternizado na voz da cantora Alcione: “Deixo ao sambista mais novo o meu pedido final: não deixe o samba morrer, não deixe o samba acabar”. Salve o Samba!

Jaime Cezário é arquiteto urbanista, carnavalesco, professor e pesquisador de Carnaval.

Começou sua carreira como carnavalesco no ano de 1993, no Engenho da Rainha. Atuou em diversas escolas de samba do Rio de Janeiro, entre elas, a Estação Primeira de Mangueira, São Clemente, Caprichosos de Pilares, Paraíso do Tuiuti, Acadêmicos do Cubango, Leão de Nova Iguaçu e Unidos do Porto da Pedra. Fora do Rio, foi carnavalesco da Rouxinóis, da cidade de Uruguaiana, e União da Ilha da Magia, de Florianópolis.

Em 2007 e 2008 elaborou o trabalho de pesquisa que permitiu a declaração das escolas de samba que desfilam na cidade do Rio de Janeiro como Patrimônio Cultural Carioca, junto da Prefeitura do Rio de Janeiro e do IRPH, o Instituto Rio Patrimônio da Humanidade.

Em 2013, a fantasia da ala das baianas – criada por Jaime para o Carnaval de 2012 para a Acadêmicos do Cubango –, entrou para o acervo permanente do Museu de Arte Moderna de Iowa, no EUA.

Essa fantasia está exposta no setor dedicado as festas folclóricas da América Latina e representa o Carnaval das escolas de samba do Brasil. Esse feito fez de Jaime o primeiro carnavalesco a ter uma obra exposta em acervo permanente num museu internacional.

Crédito das fotos: divulgação
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do portal SRzd

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