Eduardo Ritschel. Foto: Divulgação

Eduardo Ritschel

Formado em Jornalismo e Administração de Empresas, atua há mais de 25 anos como consultor de comunicação para empresas em diversos segmentos, com destaque para as áreas de Educação e Saúde.

Organização social combate evasão universitária unindo estudantes a projetos transformadores

O Instituto Repartir gera aprendizado, trabalho e renda para estudantes de comunicação de famílias de baixa renda. Foto: Divulgação

Hoje, 28 de novembro, é o Dia de Doar e o Instituto Repartir é um belo projeto que pode receber sua contribuição. É aqui que começam lindas histórias de oportunidades e inclusão para estudantes de comunicação. Este é o que nos relata Laura Fernandes, de 25 anos, estudante negra e cotista de Jornalismo na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. No final de 2022, ela pensou em trancar o curso por questões financeiras. Tinha dificuldade para pagar, por exemplo, o transporte entre São Gonçalo dos Campos, onde mora, e Cachoeira, cidade 30 quilômetros distante onde fica a universidade. “Eu sempre acreditei que a educação seria a ferramenta de transformação da minha realidade social e fazer um curso superior também era um sonho, mas quase desisti”, lembra.

Nos últimos 10 anos, houve um avanço em políticas afirmativas para que os estudantes negros e em situação de vulnerabilidade social pudessem acessar às universidades. Entre elas, as políticas de cotas e de bolsas. No entanto, uma vez que chegam ao Ensino Superior, a permanência desses estudantes nas universidades passou a ser um desafio. Esse cenário agravou-se durante o período de pandemia de Covid-19.

De acordo com o Mapa do Ensino Superior do Brasil, divulgado em 2023 pelo Instituto Semesp, mais da metade dos estudantes desiste da faculdade no Brasil (55,5%). A desistência é maior em instituições privadas (59%), mas o número é alto inclusive entre as públicas (40,3%). Entre 2020 e 2021, 7,2 milhões de jovens abandonaram as faculdades privadas, a maioria de famílias de baixa renda. Falta dinheiro para transporte, moradia e até alimentação.

Instituto Repartir

Neste contexto, nasceu, no ano de 2021, o Instituto Repartir, uma organização social sem fins lucrativos que tem como propósito o combate à evasão universitária de estudantes de comunicação de famílias de baixa renda e a inserção deles no mercado de trabalho. “O meu encontro com o Instituto Repartir aconteceu em um momento muito delicado para mim. Hoje estou aqui, aprendendo e fazendo projetos de comunicação para organizações sociais que possuem causas muito relevantes”, conta Laura.

O Instituto Repartir gera aprendizado, trabalho e renda a estes jovens, por meio de um contrato de estágio remunerado, apoiando sua autonomia e protagonismo, ampliando a consciência social e valorizando a diversidade. Já são 11 estudantes beneficiados, sendo 91% de pessoas negras, 64% de mulheres e 45% de pessoas LGBTQIA+. São moradores de 5 Estados brasileiros: São Paulo, Bahia, Rio Grande do Norte, Pará e Paraná.

Ao mesmo tempo que esta juventude é impactada, ela também gera impacto a organizações sociais, ao desenvolver produtos de comunicação, gratuitamente, a estas instituições. Já são 23 organizações atendidas ou em atendimento, de 15 causas e 11 Estados do Brasil, que beneficiam, por sua vez, outras milhares de pessoas.

“Esta é uma tecnologia social inovadora. Unimos estudantes de comunicação a estas organizações transformadoras. Muitas áreas do conhecimento poderiam replicar esta nossa metodologia”, ressalta Emerson Couto, jornalista e cofundador do Instituto Repartir. O ciclo de atendimento a uma organização social leva entre 4 e 5 meses.

Durante todo esse processo, os estudantes aprendem na prática o impacto que a comunicação tem na vida das organizações, como uma verdadeira ferramenta de transformação e de desenvolvimento institucional.

A possibilidade de vivenciar a área escolhida é outra beleza do projeto. Sabrina Caroline, de 21 anos, estudante de Jornalismo e cotista na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, é um exemplo. “Quando eu trabalhava como recepcionista em um hotel, não podia me dedicar integralmente aos estudos. Depois que eu entrei no Instituto Repartir, minha vida mudou do ponto de vista pessoal, acadêmico, familiar e social”, conta Sabrina.

Mercado de trabalho

Mais do que a permanência na faculdade, a inserção no mercado de trabalho é outro desafio. O Instituto Repartir é a primeira experiência profissional na área de comunicação destes estudantes. “Aqui eles desenvolvem portfólio e repertório para que possam entrar no mercado de trabalho. E mais: conseguem elevar a sua autoestima e a segurança de que são capazes de fazer e conquistar o que quiserem. São jovens muito talentosos, que só precisam de uma oportunidade”, afirma Luciana Alvarez, jornalista e cofundadora do Instituto Repartir.

Caíque Silva, de 23 anos, de São Paulo (SP), estudante de Relações Públicas, é um dos que passaram pelo Repartir e já estão no mercado de trabalho, em uma empresa de seus sonhos. “Eu trabalhava em uma fábrica de lentes para óculos e estava muito difícil entrar no mercado de comunicação. Estava quase desistindo do curso, quando surgiu o Instituto Repartir na minha vida. Só tenho a agradecer por tudo que aprendi e pela segurança que me deu, de que era possível concretizar meu sonho. Hoje estou na área de Comunicação da Whirpool. Continuo aprendendo muito e colocando em prática muito do que aprendi no Repartir”, conta Caíque.

Prestação de serviço

Para se manter, o Instituto Repartir possui apoiadores institucionais, recebe doações de pessoas físicas e jurídicas e realiza prestação de serviços na área de comunicação. “O nosso desafio é escalar, impactar muito mais estudantes e organizações. Há dois anos estamos testando a nossa tecnologia e já vimos que deu certo. Precisamos de parceiros e empresas que queiram estar nesta jornada com a gente”, finaliza Luciana Alvarez.

Para saber mais informações, acesse: https://www.institutorepartir.com.br.

Para doar qualquer valor, acesse: https://institutorepartir.abraceumacausa.com.br/

 

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