Ana Carolina Garcia. Foto: SRzd

Ana Carolina Garcia

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, onde também concluiu sua pós-graduação em Jornalismo Cultural. Em 2011, lançou seu primeiro livro, "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema", da Editora Senac Rio.

‘Três Anúncios Para um Crime’: faroeste moderno com elenco entrosado

Frances McDormand e Woody Harrelson em cena (Foto: Divulgação).

Vencedor do Globo de Ouro de melhor filme (drama) e forte concorrente ao Oscar da categoria principal, “Três Anúncios Para um Crime” (Three Billboards Outside Ebbing, Missouri – 2017) entra em cartaz nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, dia 15.

 

Com produção, direção e roteiro de Martin McDonagh, o longa mostra a obstinação de uma mãe, Mildred Haynes (Frances McDormand), em descobrir a identidade do homem que raptou, estuprou e assassinou sua filha. Indignada com a inércia da polícia local, Mildred paga três outdoors numa estrada pouco movimentada, próxima à sua casa, com as frases: “Estuprada enquanto morria”, “E ainda sem nenhuma prisão” e “Como assim, Xerife Willoughby?”. Sua atitude chama a atenção dos habitantes de Ebbing (Missouri), despertando as mais variadas reações, inclusive de seu filho Robbie (Lucas Hedges) e de policiais como Jason Dixon (Sam Rockwell) e Willoughby (Woody Harrelson), doente em estado terminal.

 

Classificado como drama e policial, o longa assume a roupagem de faroeste moderno e surpreende por sua simplicidade narrativa, mantendo o ritmo graças ao roteiro coeso e enxuto. Isto facilita o trabalho de todo o elenco, que está completamente integrado entre si e seus respectivos personagens. Dentre os atores, Harrelson e Hedges merecem menções honrosas, mas quem realmente se destaca e leva este longa nas costas são McDormand e Rockwell.

 

Sam Rockwell e Frances McDormand são os grandes destaques do longa de Martin McDonagh (Foto: Divulgação).

 

Dona de uma estatueta do Oscar de melhor atriz por “Fargo” (Idem – 1996), Frances McDormand, que é esposa de Joel Coen há mais de 30 anos, explora com destreza as características de Mildred, mulher outrora vítima de violência doméstica que precisa lidar com a dor da perda, a lentidão das investigações, a raiva da população e, acima de tudo, com o remorso oriundo de uma discussão com a filha pouco antes da tragédia. É um interessante trabalho de composição que em momento algum comete o deslize da pieguice comum a muitos dramas, mesmo quando a atriz se expressa somente pelo olhar. No entanto, é uma atuação que não surpreende tanto por transmitir a sensação de déjà vu. Ou seja, é o que pode ser chamado de “McDormand sendo McDormand”.

 

Enquanto a protagonista oferece uma atuação correta capaz de manter a linearidade no decorrer do longa, Rockweel surge como uma avalanche de emoções devido à irascibilidade de Dixon, policial racista que abusa de seu poder e ainda segue as ordens da mãe, tão complicada quanto ele. Desta forme, é apresentado como o típico produto do meio em uma cidade pequena e conservadora, mas que se permite absorver as mudanças que acontecem ao seu redor, procurando o necessário aprendizado, ao contrário de Mildred.

 

Inserindo algumas situações que facilitam a vida dos personagens em termos de justiça e redenção, mesmo que por caminhos tortuosos, “Três Anúncios Para um Crime” é uma produção politicamente incorreta e simplória em sua concepção. No entanto, apesar de prender a atenção da plateia por meio de uma trama forte e bem desenvolvida, trata-se de um filme superestimado.

 

*Indicado a sete estatuetas do Oscar: melhor filme, atriz para Frances McDormand, ator coadjuvante para Sam Rockwell, ator coadjuvante para Woody Harrelson, trilha sonora, roteiro original e edição.

 

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Assista ao trailer oficial legendado:

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