Ana Carolina Garcia. Foto: SRzd

Ana Carolina Garcia

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, onde também concluiu sua pós-graduação em Jornalismo Cultural. Em 2011, lançou seu primeiro livro, "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema", da Editora Senac Rio.

Presidente da AMPAS fala sobre diversidade e inclusão

John Bailey não vai instituir um “sistema de cotas” na Academia (Foto: Divulgação – Crédito: ©A.M.P.A.S.®).

John Bailey tem mais de 80 filmes no currículo, entre eles “Gigolô Americano”, “Feitiço do Tempo” e “Melhor é Impossível” (Foto: Divulgação – Crédito: Todd Wawrychuk / ©A.M.P.A.S.).

Eleito presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood (Academy of Motion Picture Arts and Sciences – AMPAS) no último dia 08, John Bailey se tornou protagonista de um imenso burburinho em torno de seu posicionamento sobre inclusão e diversidade na instituição. Substituto de Cheryl Boone Isaacs, o diretor de fotografia de “Gigolô Americano” (American Gigolo – 1980) disse em entrevista ao The Hollywood Reporter na última segunda-feira, dia 14, que esta é uma “ferida aberta” e que o fato de ser um homem branco não coloca a instituição de volta a tempos de conservadorismo.

 

“Besteira. Sim, sou um homem branco e heterossexual de 75 anos de idade; isso me define, mas não me limita”, disse Bailey, afirmando que sempre lutou por diversidade e inclusão, mesmo antes da questão chegar à mídia, sobretudo devido à polêmica do chamado “Oscar So White” (Oscar Tão Branco, numa tradução livre) em 2016, que colocou a AMPAS numa situação delicada. “Como muitas coisas que surgem espontaneamente, eles (os membros) estão tratando uma ferida aberta bastante visível”, completou o novo presidente.

 

O “Oscar So White” obrigou a AMPAS a realizar mudanças internas em prol de diversidade. À época, Cheryl Boone Isaacs disse: “Em 2016, o tema é a inclusão em todas as suas faces: gênero, raça, etnia e orientação sexual. Reconhecemos as preocupações reais em nossa comunidade e eu aprecio todos vocês que me procuraram em nosso esforço de seguir em frente juntos”. Tais mudanças foram intensificadas por meio de adesões de profissionais, inclusive estrangeiros, mas o impacto no quadro geral não foi tão significativo, pois a Academia continua com 87% de membros brancos e 72% de homens, de acordo com o The Hollywood Reporter.

 

Com isso, o novo presidente foi questionado sobre a meta instituída por sua antecessora de dobrar a quantidade de mulheres e outras minorias no quadro geral de membros da AMPAS até 2020. John Bailey disse desconhecer a existência desta meta e explicou que isto está além de porcentagens pré-estabelecidas, pois a questão da diversidade tem de ser abraçada para que possa ser alcançada ao “máximo possível”. Ou seja, não haverá na Academia um sistema de cotas, como alguns membros e parte da imprensa especializada supunham.

 

O mandato atual de John Bailey é de um ano, mas ele está apto a tentar a reeleição em 2018, segundo as regras da AMPAS. É tempo suficiente para que os resultados da nova gestão sejam analisados não somente no que tange à Academia em si, mas, sobretudo, ao Oscar, principal prêmio do cinema mundial cuja cerimônia tem perdido audiência gradativamente. Esta diminuição ocasionou mudanças perceptíveis nas últimas cerimônias, dentre elas, a tentativa de se aproximar da fatia jovem do público, apostando em apresentadores, números musicais e atrações mais populares e irreverentes.

 

Apresentada por Jimmy Kimmel, a 90a edição do Oscar será realizada no dia 04 de março de 2018 no Dolby Theatre em Los Angeles. A lista de indicados será anunciada em 23 de janeiro.

 

Leia também:

John Bailey é eleito presidente da AMPAS

Comentários

 




    gl