Ana Carolina Garcia. Foto: SRzd

Ana Carolina Garcia

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, onde também concluiu sua pós-graduação em Jornalismo Cultural. Em 2011, lançou seu primeiro livro, "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema", da Editora Senac Rio.

‘Loucos por Justiça’ estreia em VoD

“Loucos por Justiça” é protagonizado por Mads Mikkelsen (Foto: Divulgação / Crédito: Kasper Tuxen).

Protagonista do vencedor do Oscar de melhor filme internacional deste ano, “Druk – Mais Uma Rodada” (Druk – 2020, Dinamarca), Mads Mikkelsen interpreta um homem amargurado e sombrio no drama “Loucos por Justiça” (Retfærdighedens ryttere – 2020, Dinamarca), que estreia na sexta-feira, dia 06, em VoD.

 

“Loucos por Justiça” é dirigido por Anders Thomas Jensen (Foto: Divulgação).

“Loucos por Justiça” conta a história de Markus (Mikkelsen), militar que é obrigado a deixar o front e voltar para casa após a morte da esposa num acidente de trem. Lidando com o luto e com a relação conflituosa com a filha adolescente, Markus começa a investigar a possibilidade de a tragédia ter sido orquestrada por uma gangue, recebendo a ajuda de um dos sobreviventes, Otto (Nikolaj Lie Kaas), e de uma dupla um tanto improvável.

 

Partindo da premissa de que pessoas com problemas tendem a se unir, “Loucos por Justiça” é construído de maneira linear, contrapondo gêneros cinematográficos distintos, como se fosse dois filmes em um. Com isso, o espectador se depara com a ação e o drama no núcleo principal e com o humor, politicamente incorreto na maioria das cenas, dos coadjuvantes, tendo a dupla formada por Lars Brygmann (Lennart) e Nicolas Bro (Emmenthaler) como alívio cômico. Isto funciona devido não apenas ao roteiro, mas à direção de Anders Thomas Jensen, que realiza um trabalho perspicaz ao unir com naturalidade mundos opostos.

 

Mas a grande aposta deste longa é a versatilidade cênica de Mads Mikkelsen, que compõe Markus de maneira a remeter aos anti-heróis interpretados por John Wayne, Liam Neeson e Sylvester Stallone, respectivamente em “Rastros de Ódio” (The Searchers – 1956) e nas franquias “Busca Implacável” (Taken – 2008) e “Rambo” (Rambo – iniciada em 1982), no que tange à tentativa de sufocar seus conflitos internos e à utilização de técnicas adquiridas pela profissão numa caçada na qual justiça e vingança caminham lado a lado. Contudo, para a fatia mais jovem do público, é mais fácil encontrar similaridades com o último título da franquia estrelada por Stallone devido à composição do cenário que tem como um dos destaques a casa no campo que possui enorme celeiro capaz de criar expectativa junto ao espectador, ansioso para o momento no qual a ação precisa dominar a narrativa.

 

Levando o espectador a refletir sobre os atos do protagonista, sobretudo em sua segunda metade, a trama de “Loucos por Justiça” tem como elemento essencial a questão familiar, explorando a falta de comunicação entre pai e filha por causa do distanciamento imposto pelos longos períodos em serviço longe de casa e a necessidade de se conhecerem, de fato, após a tragédia, mesmo que por caminhos nada convencionais. Neste sentido, os dois são apresentados ao novo conceito de família que invade sua casa por meio do grupo de Otto, que mantém laços fortes independentemente das diferenças, e permite tanto ao pai quanto à filha a quebra da barreira erguida por ideias pré-estabelecidas, criando, assim, relações afetivas totalmente desprovidas de julgamentos.

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