Ana Carolina Garcia. Foto: SRzd

Ana Carolina Garcia

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, onde também concluiu sua pós-graduação em Jornalismo Cultural. Em 2011, lançou seu primeiro livro, "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema", da Editora Senac Rio.

Festival do Rio 2022: ‘A Felicidade das Pequenas Coisas’

“A Felicidade das Pequenas Coisas” é o primeiro título do Butão a concorrer ao Oscar de melhor filme internacional (Foto: Divulgação).

Primeira produção do Butão a concorrer ao Oscar de melhor filme internacional, “A Felicidade das Pequenas Coisas” (Lunana: A Yak in the Classroom – 2019, Butão / China) foi escolhido para abrir a versão online do Festival do Rio na última sexta-feira (15), realizada em parceria com a Rede Telecine, que disponibiliza cada um dos 10 títulos gratuitamente por 24 horas – a mostra especial acontece até o próximo dia 24.

 

“A Felicidade das Pequenas Coisas” é dirigido por Pawo Choyning Dorji (Foto: Divulgação).

Estreia na direção do indiano Pawo Choyning Dorji, o longa conta a história de Ugyen (Sherab Dorji), jovem que vive com a avó e assinou contrato com o governo para lecionar por cinco anos, mas no quarto ano, cansado de exercer a função para a qual não tem nenhuma vocação nem entusiasmo, é enviado para a escola mais isolada do planeta, na pequena aldeia de Lunana. No local, nutrindo o sonho de emigrar para a Austrália e seguir carreira musical, Ugyen começa a repensar seus valores por meio da aprendizagem proporcionada pela convivência com os habitantes da aldeia, especialmente com as crianças.

 

Citando superficialmente os efeitos do aquecimento global, “A Felicidade das Pequenas Coisas” explora sentimentos variados do protagonista, que chega à aldeia não por vontade própria, mas por obrigação, manifestando seu desejo de sair dali o quanto antes. Contrapondo cidade grande e campo, o longa se desenvolve de maneira a mostrar a transformação do protagonista, inicialmente apresentado como um jovem egoísta e insensível, num homem maduro graças ao acolhimento de pessoas que vivem em situação bastante precária e não sabem nem o que são escova e pasta de dentes, por exemplo. E, mesmo no contexto de pobreza extrema, são indivíduos espirituosos, gentis e, ao contrário de muitos nos grandes centros urbanos, reconhecem o valor de um professor, respeitando-o – “um professor transforma o mundo”, diz um dos alunos que deseja lecionar quando crescer.

 

Com uma fotografia que serve tanto para transmitir a sensação de opressão da cidade quanto para contemplar a natureza que rodeia a remota aldeia, “A Felicidade das Pequenas Coisas” se encaixa no conceito de feel-good movie em determinados momentos, sobretudo naqueles em que mostra a felicidade dos habitantes de Lunana apesar dos poucos recursos disponíveis. Com isso, transmite a mensagem que nem sempre a concretização do antigo sonho é aquilo que o indivíduo realmente necessita. E é exatamente neste ponto que o drama butanês, vencedor de 18 prêmios, inclusive o da audiência concedido pelo Palm Springs International Film Festival, divide a opinião da plateia, pois, para apreciá-lo em sua plenitude, é imprescindível que o espectador embarque na jornada de amadurecimento e autoconhecimento de Ugyen, impulsionada pelo carisma de seus alunos, especialmente de Pem Zam (Pem Zam).

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