Ana Carolina Garcia. Foto: SRzd

Ana Carolina Garcia

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, onde também concluiu sua pós-graduação em Jornalismo Cultural. Em 2011, lançou seu primeiro livro, "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema", da Editora Senac Rio.

Festival do Rio 2017: ‘A Guerra dos Sexos’

Emma Stone e Steve Carell são os protagonistas desse longa baseado em fatos reais (Foto: Divulgação).

Utilizando doses de humor para conceder certa leveza a temas como machismo, feminismo, adultério e homoafetividade, “A Guerra dos Sexos” (Battle of the Sexes – 2017) pode colocar seus protagonistas, Steve Carell e Emma Stone, em situação confortável na próxima temporada de premiações. Dirigido por Jonathan Dayton e Valerie Faris, dupla responsável pelo sucesso “Pequena Miss Sunshine” (Little Miss Sunshine – 2006), o longa tem estreia agendada para 19 de outubro em salas brasileiras e é um dos selecionados para a Mostra Panorama do Cinema Mundial do Festival do Rio 2017.

 

Baseado numa história real, o filme mostra a batalha travada pelos tenistas Bobby Riggs (Carell) e Billie Jean King (Stone) no Houston Astrodome em 1973. Machista assumido e autoproclamado “porco chauvinista”, Riggs cria um circo midiático para sair da aposentadoria num momento em que seu casamento está por um fio por causa do seu vício em apostas. Paralelamente a isso, a tenista número um, King luta pela igualdade entre atletas homens e mulheres, sobretudo em termos salariais. As trajetórias de ambos se encontram após Riggs desafiá-la para um jogo cujo resultado vai além do placar final porque ele deseja provar a superioridade masculina.

 

“A Guerra dos Sexos” surpreende por não levantar bandeiras numa época em que muito se discute sobre igualdade e respeito. Assim, o longa aposta explora piadas tanto feministas quanto machistas, assumindo um tom mais sério somente ao apresentar o romance extraconjugal de Billie Jean com sua cabeleireira, Marilyn Barnett (Andrea Riseborough). Contudo, o romance é mostrado de forma superficial, principalmente por negligenciar a discussão a respeito da necessidade de manter a imagem da atleta numa redoma de vidro heterossexual para garantir seus patrocínios – o relacionamento durou sete anos e rendeu um processo de Barnett contra King em 1981, de acordo com a Newsweek.

 

Andrea Riseborough e Emma Stone dividiram a cena anteriormente em “Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)” (Foto: Divulgação).

 

Com sua trama presa à superfície, “A Guerra dos Sexos” tem como principal alicerce as atuações de Steve Carell e Emma Stone. Vencedora do Oscar de melhor atriz por “La La Land – Cantando Estações” (La La Land – 2016), Stone assimila com muita naturalidade as características de sua personagem, oferecendo um trabalho consistente que equilibra a força da atleta com a fragilidade da mulher, sobretudo em sua vida pessoal. O mesmo acontece com Carell, que brilha em cena por transformar uma figura controversa num personagem que consegue arrancar gargalhadas da plateia por meio de tiradas absurdas e politicamente incorretas, aplicadas com desenvoltura pelo roteirista Simon Beaufoy – “porco chauvinista contra feministas de pernas peludas” é uma delas.

 

Equilibrando drama e comédia, “A Guerra dos Sexos” é interessante por mostrar a luta de um grupo subestimado e mal pago contra um sistema preconceituoso, personificado na figura de Jack Kramer (Bill Pulmann), diretor da Associação dos Tenistas Profissionais (ATP), que defendia a desigualdade entre homens e mulheres no esporte – “os homens têm famílias que precisam sustentar” é uma das frases proferidas pelo personagem.

 

* O Festival do Rio 2017 acontece até o dia 15 de outubro.

 

Assista ao trailer oficial:

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