Ana Carolina Garcia. Foto: SRzd

Ana Carolina Garcia

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, onde também concluiu sua pós-graduação em Jornalismo Cultural. Em 2011, lançou seu primeiro livro, "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema", da Editora Senac Rio.

Festival do Rio 2017: ‘Detroit em Rebelião’

Popularmente conhecido como o Finn de “Star Wars – O Despertar da Força”, John Boyega vive um jovem que à noite trabalha como segurança (Foto: Divulgação).

Selecionado para a Mostra Panorama do Cinema Mundial e com lançamento agendado para o dia 12 de outubro em salas de cinema de todo o país, “Detroit em Rebelião” (Detroit – 2017) é mais uma produção inspirada em fatos reais, dirigida por Kathryn Bigelow, vencedora das estatuetas do Oscar de melhor filme e direção por “Guerra ao Terror” (The Hurt Locker – 2008).

 

Seguindo a cartilha utilizada tanto no longa que lhe rendeu o prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood (Academy of Motion Picture Arts and Sciences – AMPAS) quanto em “A Hora Mais Escura” (Zero Dark Thirty – 2012), vencedor do Oscar de edição de som e indicado em outras quatro categorias (filme, atriz para Jessica Chastain, roteiro original e edição), Bigelow entrega um genuíno filme de guerra em seu primeiro ato. Para isso, aposta na ação bem executada para apresentar ao espectador a barbárie que tomou conta de Detroit (no estado americano de Michigan) em julho de 1967, quando 1.100 homens da Guarda Nacional foram enviados à cidade para controlar o caos instaurado pela segregação racial e a subsequente violação de direitos civis.

 

Utilizando como base lembranças e depoimentos de sobreviventes e testemunhas de uma das maiores ondas de protestos da história dos Estados Unidos, “Detroit em Rebelião” foca nos acontecimentos do Algiers Motel, cenário de terror oriundo do ódio racial, despreparo policial e, acima de tudo, da certeza da impunidade branca numa sociedade fraturada. E uma vez concentrada no hotel, a trama deixa a guerra em segundo plano para dar lugar ao drama por meio de uma atmosfera sufocante calcada na angústia de cada personagem abusado física e psicologicamente. E é exatamente nesse ponto que a produção dá uma derrapada.

 

Will Poulter condensa o ódio e a certeza da impunidade na figura de um policial violento que aterroriza os jovens no Algiers (Foto: Divulgação).

 

Apesar de eficientes e conduzidas com firmeza por Bigelow, tais sequências se alongam demais para apresentar ao espectador a dimensão dos abusos sofridos por jovens negros e brancos no Algiers. Por essa razão, o terceiro ato, focado no julgamento dos três policiais brancos, não é explorado em sua plenitude, prejudicando a urgente discussão sobre o papel da justiça num antigo sistema de abuso de autoridade que viola os direitos civis numa sociedade que ainda sofre com feridas causadas pelo preconceito racial.

 

Com um elenco bem integrado em que se destacam John Boyega (Dismukes) e Will Poulter (Krauss), “Detroit em Rebelião” segue a fórmula tradicional de fazer cinema para levar às telas uma trama sobre sonhos e vidas destruídos pelo ódio injustificado. Com isso, oferece um resultado final tenso e angustiante que visa garantir lugar de destaque na próxima temporada de premiações, que termina com a cerimônia do Oscar em 04 de março de 2018.

 

Assista ao trailer oficial:

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