Fruto da parceria da O2 Play, GloboNews e Canal Brasil, “O Samba é Primo do Jazz” (2020) é mais um concorrente ao Kikito de melhor longa brasileiro do Festival de Gramado 2020. Dirigido por Angela Zoé, o documentário conta a trajetória da cantora Alcione, um dos maiores nomes da música brasileira.
Exibido na noite da última segunda-feira, dia 21, “O Samba é Primo do Jazz” começa em Lisboa, Portugal, onde Alcione, durante um passeio, é reconhecida por fãs. Cortando para os bastidores de uma gravação no Rio, o longa tenta esmiuçar a personalidade da cantora, adepta do “mais ou menos não rola. Ou faz direito ou não faz” para nortear sua vida pessoal e profissional. Destacando a paixão pela Estação Primeira de Mangueira, classificada por ela como “uma das árvores de sua vida”, e o aprendizado adquirido no período em que cantou na noite carioca – “cantora da noite tem que cantar de tudo” –, Alcione explica como o jazz a influenciou como profissional, inserindo o ritmo americano num repertório eclético que contava também com samba e músicas maranhenses que a aproximavam de suas raízes.
“O Samba é Primo do Jazz” tem na montagem de Angela Zoé e Nina Galanternick seu principal alicerce. Mantendo a fluidez narrativa, a edição costura com eficiência tanto depoimentos de músicos e familiares, quanto imagens de arquivo e da rotina de trabalho da sambista, que enaltece a importância da cultura e educação para o indivíduo.
No entanto, “O Samba é Primo do Jazz” tem no roteiro de Zoé e Luis Abramo sua maior fragilidade, pois a produção permanece na superfície durante todo o tempo, assumindo roupagem de especial televisivo. Isto se deve, sobretudo, ao fato de o documentário explorar a imagem da cantora como uma divindade, livre de qualquer defeito e questionamentos inerentes ao ser humano.
Criticando rapidamente o pouco espaço concedido à música brasileira nas rádios, comparado aos produtos da indústria fonográfica estrangeira, “O Samba é Primo do Jazz” não oferece ao espectador nenhum elemento que não tenha como única função enaltecer a retratada. Neste sentido, não cumpre o papel documental esperado, servindo apenas como uma homenagem à cantora, pois não há o distanciamento necessário entre a câmera e o seu objeto de estudo, no caso, Alcione. Esta opção de Zoé surpreende principalmente se este trabalho for comparado a outro documentário dirigido por ela, “Henfil” (2017), que mantém o distanciamento e não reverencia o retratado, sendo guiado pela imparcialidade necessária ao gênero cinematográfico ao qual faz parte.
Clique aqui para conferir a programação completa do Festival de Gramado 2020, que acontece até o próximo sábado, dia 26, quando serão anunciados os vencedores do Kikito.
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