Criado em 1940 por Bob Kane e Bill Finger, o Coringa é um dos principais inimigos do Batman e, no passado, foi defendido brilhantemente na tela grande por Jack Nicholson e Heath Ledger em “Batman” (Idem – 1989) e “O Cavaleiro das Trevas” (The Dark Knight – 2008), respectivamente. Enquanto Nicholson apostou na loucura com traços de humor, Ledger compôs o personagem de forma mais perturbadora e violenta, o que lhe rendeu o Oscar de melhor ator coadjuvante, entregue postumamente. Há três anos, o Palhaço do Crime ganhou novo intérprete em “Esquadrão Suicida” (Suicide Squad – 2016), Jared Leto, que dividiu opiniões do público e da crítica. Agora, o icônico vilão da DC volta às salas de exibição elevando a insanidade à potência máxima em “Coringa” (Joker – 2019), mas sob a responsabilidade de Joaquin Phoenix. Com direção de Todd Phillips, da trilogia “Se Beber, Não Case” (The Hangover – iniciada em 2009), o longa é a principal estreia desta quinta-feira, dia 03.
Em “Coringa”, Arthur Fleck / Coringa volta a aterrorizar Gotham City, ainda mais caótica e anárquica em meio a uma greve de garis e tantos outros problemas sociais, como o corte de verbas na saúde, interrompendo o seu tratamento psiquiátrico. Trabalhando como palhaço e cuidando da mãe, antiga funcionária de Thomas Wayne (Brett Cullen), pai de Bruce Wayne (Dante Pereira-Olson), Arthur sonha em se tornar um comediante famoso, mas as constantes derrotas impostas pela vida e pelo sistema que ignora pacientes psiquiátricos de baixa renda permitem que o lado mais obscuro de sua personalidade venha à tona, transformando-o gradualmente no Palhaço do Crime.
Explorada nos mínimos detalhes pelo roteiro bem construído de Phillips e Scott Silver, a transformação de Arthur em Coringa tem como maior trunfo o talento e a versatilidade de Phoenix. Frágil num momento, perturbador e ameaçador em outro, Phoenix constrói o seu Coringa de maneira a trabalhar com propriedade as emoções de um homem acometido por uma doença mental e que é obrigado a se confrontar com o passado até então desconhecido quando seu mundo começa a desmoronar – “Eu só não quero mais me sentir tão mal”, diz ele. Isto pode ser observado não apenas no olhar que exprime dor, como também na risada insana capaz de deixar o espectador com calafrios. É uma atuação sublime que coloca Joaquin Phoenix como um dos nomes mais fortes para disputar a próxima temporada de premiações americana, inclusive o Oscar, prêmio no qual já foi indicado nas categorias de melhor ator, “O Mestre” (The Master – 2012) e “Johnny & June” (Walk the Line – 2005), e ator coadjuvante, “Gladiador” (Gladiator – 2000).
Bebendo diretamente da fonte do cinema de Martin Scorsese, sobretudo de “Táxi Driver” (Taxi Driver – 1976) e “O Rei da Comédia” (The King of Comedy – 1982), ambos estrelados por Robert De Niro, que aqui assume o posto de coadjuvante como o apresentador de talk-show Murray Franklin, “Coringa” prima por seu design de produção, fotografia, figurino e trilha sonora, que cresce em sintonia com a transformação de Arthur, potencializando sua dor, raiva, insanidade e violência. Outro fator que chama a atenção é a montagem de Jeff Groth, parceiro de Phillips em “Cães de Guerra” (War Dogs – 2016), que costura com habilidade realidade e ilusão.
Vencedor do Leão de Ouro no último Festival de Veneza, “Coringa” é um drama profundo que aborda temas importantes como doença mental, bullying e desigualdade social que origina uma onda de violência sem precedentes na fictícia Gotham City, que passa a tratar um psicopata sem nada a perder como ídolo. Ou seja, não é mais uma adaptação cinematográfica de HQ’s voltada para o público de todas as idades, mas uma produção perturbadora e violenta.
*Classificação indicativa: 16 anos.
Leia também:
– Homenageado em Toronto, Joaquin Phoenix fala sobre ‘Coringa’ e o irmão, River
– Festival de Veneza 2019: ‘Coringa’ vence o Leão de Ouro
Assista ao trailer oficial legendado:
Em meio aos esforços para fornecer ajuda humanitária aos cidadãos afetados pelas chuvas no Rio Grande do Sul, golpistas estão…
Após lançar oficialmente o seu enredo para o Carnaval de 2025, a Acadêmicos do Tucuruvi inicia, em busca do inédito…
Rio. "Para o Carnaval de 2025, a Mocidade fará uma viagem intergaláctica, onde ela se reconecta com seu brilho mais…
Solidariedade. O surfista e ex-BBB Pedro Scooby, Lucas Chumbo e outros surfistas estão ajudando no resgate de vítimas das enchentes do Rio…
Rio. Os desfiles oficiais do Rio de Janeiro terão mais um dia. Além das já tradicionais apresentações no domingo e…
Rio. Os desfiles oficiais do Rio de Janeiro terão mais um dia. Além das já tradicionais apresentações no domingo e…