‘Com Amor e Fúria’: Juliette Binoche de volta aos cinemas brasileiros

“Com Amor e Fúria” é protagonizado por Juliette Binoche e Vincent Lindon (Foto: Divulgação).

Vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante por “O Paciente Inglês” (The English Patient – 1996, Reino Unido / EUA), Juliette Binoche invade as salas de exibição brasileiras nesta quinta-feira (03) com seu novo longa-metragem, o drama “Com Amor e Fúria” (Avec amour et acharnement – 2022, França).

Em “Com Amor e Fúria”, a atriz interpreta Sara, mulher que aparentemente vive muito bem com seu companheiro, Jean (Vincent Lindon). Entregue à paixão, o casal é surpreendido pelo retorno de uma pessoa que lhes é muito cara, François (Grégoire Colin), com quem Sara teve um romance no passado, além de ser amigo de Jean, que enfrenta dificuldades para encontrar novo emprego por ser ex-presidiário. E a presença de François coloca Sara e Jean numa situação cada vez mais complicada.

Durante quase duas horas, o longa mostra a desconstrução do conto de fadas por meio do desgaste, ciúme e sentimentos mal resolvidos. Assim, Sara e Jean embarcam numa jornada complexa e repleta de segredos que os consome dia após dia, principalmente quando François se aproxima ainda mais do casal, oferecendo emprego ao amigo e provocando um reencontro amoroso com Sara.

“Com Amor e Fúria” chama a atenção pela limitação das filmagens imposta pela pandemia de COVID-19, inserida com habilidade à trama, mas num momento de flexibilização do protocolo de segurança na França. Isso acaba por afetar sutilmente a dinâmica entre os personagens, que visivelmente se adaptam ao novo normal, enfatizando mais o jogo cênico dos atores.

Abordando rapidamente questões urgentes como racismo e xenofobia por meio do filho adolescente de Jean, “Com Amor e Fúria” prioriza a fratura na relação causada por um agente não tão externo assim, pois a ameaça representada por François, de certa forma, sempre existiu. Essa fratura é mostrada por um elenco em sintonia, destacando a atuação de Binoche, que trabalha as distintas camadas de sua complexa personagem com facilidade ímpar, passeando da euforia à angústia sem esforço.

Baseado no livro “Un tournant de la vie”, de Christine Angot, “Com Amor e Fúria” é um filme sobre incertezas e feridas não cicatrizadas do amor, conduzido com firmeza por Claire Denis, agraciada com o Urso de Prata de melhor direção no Festival de Berlim por esse trabalho na última edição do evento.