Ana Carolina Garcia. Foto: SRzd

Ana Carolina Garcia

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, onde também concluiu sua pós-graduação em Jornalismo Cultural. Em 2011, lançou seu primeiro livro, "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema", da Editora Senac Rio.

‘Besouro Azul’: fator humano é o grande diferencial

“Besouro Azul” é protagonizado por Xolo Maridueña (Foto: Divulgação / Crédito: Warner Bros.).

“Besouro Azul” é dirigido por Angel Manuel Soto (Foto: Divulgação / Crédito: Warner Bros.).

Há 20 anos, Bruna Marquezine encantou e emocionou o Brasil como a pequena Salete na novela “Mulheres Apaixonadas” (2003), contracenando com nomes de peso como Tony Ramos, Susana Vieira e Rodrigo Santoro, que estreava em Hollywood numa participação em “As Panteras: Detonando” (Charlie’s Angels: Full Throttle – 2003, EUA), de McG. Agora, Marquezine faz sua estreia na capital do cinema em grande estilo, como uma personagem brasileira de extrema importância para o desenvolvimento da trama de “Besouro Azul” (Blue Beetle – 2023, México / EUA), que chega ao circuito comercial nesta quinta-feira (17).

No novo longa-metragem da DC/Warner, Bruna Marquezine interpreta Jenny Kord, jovem que se opõe à obsessão pelo poder desmedido de sua tia, Victoria Kord (Susan Sarandon), responsável por administrar a empresa da família e com planos de criar um exército imbatível por meio de um escaravelho de origem alienígena. Durante uma discussão entre as duas, um funcionário da mansão de Victoria, Jaime Reyes (Xolo Maridueña), sai em defesa de Jenny e é demitido, recebendo dela a promessa de novo emprego. Mas, ao procurá-la, Jaime acaba envolvido numa confusão e leva o escaravelho para casa sem saber como isso mudaria sua vida para sempre.

Dirigido pelo porto-riquenho Angel Manuel Soto, “Besouro Azul” é a produção da DC que mais se aproxima da Marvel em termos de diversão, especialmente aos longas protagonizados por Homem-Aranha (Tom Holland) e Homem-Formiga (Paul Rudd), pois consegue construir um canal de comunicação leve com o público mesmo quando o drama familiar domina a narrativa. E, no caso de “Besouro Azul”, parte do drama é apresentado com doses de comicidade consideráveis devido às brincadeiras com novelas mexicanas, impedindo a plateia de segurar as gargalhadas.

A comicidade fica sob responsabilidade do núcleo familiar do protagonista, principalmente de sua avó, Nana (Adriana Barraza), e tio, Rudy (George Lopez), que trabalham com esmero a latinidade numa produção hollywoodiana. Isso é mostrado por meio da união que carrega uma importante mensagem do filme, a de que o amor é capaz de vencer qualquer obstáculo, fazendo um contraponto aos Kord, divididos entre a tia gananciosa e a sobrinha que sente falta do afeto que sobra na família de Jaime. E é nesse sentido que Jaime e Jenny se completam, algo observado logo em suas primeiras cenas.

“Besouro Azul” marca a estreia de Bruna Marquezine em Hollywood (Foto: Divulgação / Crédito: Warner Bros.).

Popularmente conhecido como o Miguel de “Cobra Kai” (Cobra Kai – desde 2018, EUA), série da Netflix derivada da franquia “Karatê Kid” (The Karate Kid – iniciada em 1984, EUA), Xolo Maridueña constrói Jaime / Besouro Azul com naturalidade ímpar. O ator está muito à vontade em cena, tanto na comédia quanto na ação e no drama, mais condensado na personagem de Bruna Marquezine, que explora a dor da perda de maneira a impulsionar sua luta contra a tia e, consequentemente, ajudar Jaime, não sendo ofuscada nem mesmo pela oscarizada Susan Sarandon. São atuações que se complementam, expondo a inegável química entre Maridueña e Marquezine, que têm tudo para despontarem na competitiva indústria hollywoodiana como dois nomes muito importantes de sua geração.

Levando às telas o primeiro personagem latino da DC Comics, “Besouro Azul” chega aos cinemas como grande promessa para a Warner Bros., que está comemorando seu centenário, pavimentando o caminho para a criação de nova franquia para o estúdio. Tendo o fator humano como grande diferencial, inclusive por tecer uma rápida crítica à situação de imigrantes mexicanos em grandes metrópoles americanas, o filme é guiado pelo vigor juvenil de personagens que ainda têm muito a mostrar para o público, sendo exemplo de representatividade latina numa indústria acostumada a trabalhar com estereótipos desde os seus primórdios, chacoalhada nos últimos anos pelas novas demandas do público. E, sem dúvida alguma, é um dos lançamentos mais divertidos desse ano.

* “Besouro Azul” tem duas cenas pós-créditos.

+ assista ao trailer oficial legendado:

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