‘Armadilha Explosiva’: ‘dano colateral’

Lançado na Europa antes da invasão da Ucrânia pela Rússia, em março deste ano, “Armadilha Explosiva” (Déflagrations – 2021, França) leva às telas uma trama sobre as consequências da escalada de violência na região de Donbass, leste da Ucrânia, mesmo para aqueles que não lá residem. E é a partir deste ponto que a história do longa, uma das estreias desta quinta-feira (16) no circuito brasileiro, se desenvolve.

Ambientado na garagem de um prédio residencial de Paris, “Armadilha Explosiva” mostra uma especialista em minas terrestres presa numa armadilha dentro do próprio carro, ao lado do filho e da enteada. Correndo contra o tempo, Sonia (Nora Arnezeder), que voltou de uma missão na Ucrânia, pede ajuda à sua equipe enquanto o companheiro, Fred (Pierre Kiwitt), tenta descobrir a identidade do responsável pelo atentado.

Marcando a estreia de Vanya Peirani-Vignes na direção e roteiro de longas-metragens, “Armadilha Explosiva” apresenta trama um tanto previsível, mas sua condução se destaca por utilizar a tática como guia, potencializando a tensão e permitindo que a emoção cresça gradativamente. Desta forma, o carro se torna uma espécie de panela de pressão que serve de cenário para o surgimento de diversos conflitos interpessoais. Há muitas questões abordadas naquele carro, desde suspeitas de corrupção até a dor do filho preterido pelo arriscado trabalho da mãe, que precisa lidar com o fato de não mais ser a responsável pelo salvamento, e, sim, uma das vítimas que precisam ser salvas.

Com elenco em sintonia, no qual se destacam três figuras femininas, Arnezeder, Sara Mortensen (Camille) e a menina Lewine Weber (Zoé), “Armadilha Explosiva” é, no fim das contas, um filme sobre as terríveis consequências da barbárie que vitima inocentes e trata a perda de crianças como dano colateral, levando o espectador à reflexão.

Assista ao trailer oficial legendado: