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O Natal diferente de Kelly na Turquia

Ceia farta, vinho, espumante, bolinhos de bacalhau, rabanadas, presentes, corre-corre nas lojas, bonecos de Papai Noel e muitos votos de boas festas. Pelo menos em dezembro deste ano, a brasileira Kelly Muller estará longe de tudo isso. Atuando no basquete da Turquia, país em que 97% da população é islâmica, a pivô vai treinar pesado na véspera e no dia de Natal, considerado a maior data do cristianismo. A jogadora defende o Edremit Belediyesi Gurespor, que se prepara para receber o Akdeniz Universitesi, no próximo dia 29, sábado, pela penúltima rodada do primeiro turno da Primeira Liga de Basquete daquele país.

Nesta liga, equivalente à segunda divisão nacional, o Edremit vem lutando para obter uma das duas vagas para a ascensão à Super Liga, a divisão especial. Na última sexta-feira, fora de casa, Kelly comandou a equipe azul e amarela na vitória de 68 a 59 sobre o Marsin, obtendo um duplo-duplo de 18 pontos (cestinha do jogo) e 11 rebotes, além de 6 assistências. A equipe da brasileira está em décimo com 5 vitórias e 8 derrotas, mas faltando dois jogos no turno e mais 15 no returno, pode subir de posição e entrar nos playoffs decisivos. Mesmo longe da família, que vive em São Paulo, no Natal e no Réveillon, Kelly está muito motivada.

“Estou tão feliz em ter voltado ao basquete de alto nível da Turquia, que já me sinto consolada do fato de estar longe dos meus amigos e familiares. Atualmente, a Turquia tem as duas ligas mais competitivas e bem remuneradas do mundo (mais até que a WNBA americana). Estou no topo do mundo do basquete, e sinceramente, não poderia haver um Natal melhor na minha vida – afirmou. – No dia 24, vamos treinar em dois períodos, e no dia 25, à tarde. Treinar no Natal não me incomoda. Já passei muitos Natais fora de casa e fora do Brasil. Mas treinando é a primeira vez em 25 anos.

Esta é a terceira vez em que Kelly atua na Turquia, depois de suas passagens pelo Besiktas, por três anos, e pelo Osmaniye, por uma temporada.

“Noutras ocasiões aqui na Turquia, os dirigentes me liberavam por 10 dias neste período, e eu voava para Europa ou América. Uma vez, viajei para a Espanha no fim da noite de 31 de dezembro, e passei a virada de ano dentro do avião, de madrugada – riu, desejando boas festas aos parentes e amigos no Brasil.

Atualmente, Kelly está morando e defendendo a equipe da cidade de Edremit, muito conhecida na Turquia pela produção de oliveiras e de azeite de oliva.

“Tirando o Brasil, este é o país de que mais gosto, e a capital Istambul é um dos destinos que recomendo. Sou sempre muito bem tratada aqui”, contou. “Aqui, costumo tratar a todos com a palavra ‘canim’, que quer dizer algo como ‘meu querido’, ‘minha querida’, ‘minha vida’. Uma expressão muito carinhosa, que ajuda a conquistar todo mundo e a fazer amizades. Trato todos assim: os dirigentes, as companheiras de time, os funcionários do clube, do hotel. E todos me tratam assim também, mesmo quem não sabe direito o meu nome.”

Dentro de quadra, a comissão técnica do Edremit tem dado muita mobilidade à atleta, para aproveitar ao máximo sua experiência.

Por isso, embora seja pivô, aquela que atua bem embaixo da cesta, tem se deslocado para a cabeça do garrafão e até mesmo saído um pouco dessa região, fazendo algumas jogadas típicas dos alas-pivôs e alas.

“Tenho distribuído a bola para as companheiras de time, em especial para as arremessadoras de três pontos, além de às vezes atrair a marcação de duas adversárias”, explicou.

Kelly deverá ficar naquele país até o fim da Primeira Liga, possivelmente em abril ou maio. Ao término de tal compromisso, pretende retornar ao Brasil para a disputa da Liga de Basquete Feminino, a LBF, a competição nacional da modalidade, prevista para ter início em abril. Sua preferência é a de retornar ao Ituano, pelo qual disputou recentemente o Paulista, sendo eliminada na semifinal.

“O Ituano é minha prioridade quando voltar ao nosso país”, declarou. “A cidade de Itú acolheu muito bem o projeto de basquete, as pessoas apoiam muito o time e nossa equipe obteve um feito histórico, o da primeira medalha da cidade em esportes coletivos nos Jogos Abertos do Interior, em novembro, em São Carlos. E foi logo a memória de ouro! Entramos para a história do esporte da cidade”.

Bronze nos Jogos Olímpicos de Sydney-2000, ela é a única atleta brasileira de basquete em atividade, seja no feminino ou no masculino, a ter conquistado um pódio olímpico. Em novembro, completou 39 anos. Mas isso não parece obstáculo a alguém que quer voltar a vestir o uniforme da seleção nacional.

“Acredito que os meus números nas estatísticas dos jogos aí no Brasil e aqui no exterior comprovam que eu ainda tenho basquete para representar a seleção. Então, quero, sim, disputar os Jogos Pan-Americanos pela quinta vez, em Lima-2019, e minha quinta Olimpíada, em Tóquio-2020”, declarou, com total convicção, a atleta que esteve nos Pans de 1999, 2003, 2007 e 2015 e nos Jogos Olímpicos de 2000, 2004, 2008 e 2016. “Nem me importo se alguém achar ridículo eu pensar nisso. Como atleta, sempre estabeleci objetivos muito difíceis, teoricamente impossíveis. Mas, como eu não sabia ser algo impossível, fui lá e fiz. Preciso disso, de buscar metas muito difíceis. Mato um leão por dia, mas o meu olhar está sempre lá bem adiante.”

Fonte: Birtel Comunicação

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Tags: Claudio NogueiraTurquia

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