‘Samba e Pandemia 2021 – O Ano em que o Samba Parou’: livro faz reflexão do samba de forma inédita

Livro livro Samba e Pandemia “2021- O Ano em que o Samba Parou. Foto: Divulgação

Livro livro Samba e Pandemia “2021- O Ano em que o Samba Parou. Foto: Divulgação

O lançamento do livro “Samba e Pandemia – 2021: O Ano em que o Samba Parou” acontecerá, no próximo sábado (13), às 14h, na sede da União das Escolas de Samba Paulistanas (Uesp), no centro de São Paulo.

A obra convida, ao longo das 200 páginas, à reflexão acerca da história do samba de forma inédita, ao mesmo tempo em que traz o profundo impacto da pandemia da Covid-19 na cadeia produtiva do Carnaval, no universo do samba e das escolas de samba.

“Desenvolver o livro foi muito especial, pois através dos depoimentos concedidos, pude reviver cada instante desde a minha infância. Entendi o quanto o nosso povo é poderoso, forte e resiliente, apesar de tão invisibilizado. Foram eles que construíram o maior espetáculo cultural a céu aberto. Como resistiram a tantas violências por causa da sua pele e ainda assim se propuseram a dar vida a algo tão lindo e poderoso? A resposta, para mim, é ancestral, é a espiritualidade, pois ninguém humanamente conseguiria suportar”, detalha emocionada a autora Sara Negritri, que convida para a obra , o sociólogo, sambista e compositor, T. Kaçula.

Na publicação, constam desde o samba rural, primeiros cordões, blocos, a profissionalização das escolas de samba com o prefeito Faria Lima e a oficialização, com Erundina, até os dias que antecedem a Pandemia.

Com o objetivo de pesquisar e sistematizar os impactos da pandemia do novo Coronavírus na cadeia produtiva do carnaval de São Paulo, o sociólogo, sambista, compositor T. Kaçula fez um recorte em suas pesquisas.

“Do meu ponto de vista, esse livro é uma obra sociológica importante para analisarmos as relações do trabalho, a precarização da produção artística nas periferias de São Paulo, na ausência de políticas públicas nas áreas da saúde, trabalho e renda, saneamento, mobilidade e desenvolvimento humano. Além disso, essa obra nos permite compreender o importante papel do samba como um instrumento de sociabilidade e aquilombamento da população preta e pobre das periferias de São Paulo”, ressalta.

Tadeu Kaçula. Foto: Joazin Fotografia
Tadeu Kaçula. Foto: Joazin Fotografia

O prefácio é assinado pelo arte educador, teólogo, advogado, especialista em direito legislativo e doutorando em direito pela Universidad Nacional Mar del Plata da Argentina, Ruy dos Santos Siqueira.

O professor já fez algumas resenhas crítica de livros, todavia, nesta obra em especial vê uma singularidade enorme: “Quando li a obra eu vi que só podia ser coisa de cineasta, roteirista, documentarista. Ela consegue ao mesmo tempo colocar os entrevistados como protagonistas e também ser protagonista. A mão invisível dela, a sutileza da intervenção da autora está de maneira bem poética”.

Olhares importantes

A obra conta com mais de 50 entrevistas, entre elas, do presidente da UESP, Alexandre Magno (Nenê), do presidente da Fenasamba, Kaxitu Campos, vice-presidente da UESP, Demis, do Sr. Carlão do Peruche – último cardeal do samba, além dos Integrantes da Embaixada do Samba como seu Fernando Penteado, Paulo Valentim, Mestre Gabi, dona Laurinha, H, Mestre Coca, Nena e outros. Além da Rose Lavapés Pirata Negro, Marcelo Cavanha (da CUFA), Jocimar Martins (a voz do Carnaval), Annelise Godoy (da Cultura), Robson (Comandante do Samba).

Inclusive, o presidente da Uesp, Alexandre Magno (Nenê), que contribuiu para a realização da obra, atuando como uma espécie de produtor cultural, também fez questão de deixar suas impressões sobre esse projeto.

“O livro não tem apenas o recorte da questão da saúde mental. Ele também tem o recorte da questão histórica. O leitor terá oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a UESP e as suas relações com os seus artistas. Ele traz à tona as pessoas que, talvez, estariam sendo invisibilizadas e, procuramos trazer muita luz para elas: mostrar que elas existem e são braços fortes para o Carnaval – uma festa que arrecada milhões, gera emprego e renda. Enfim, falar um pouco da história dessas pessoas que fazem uma festa gigantesca e ninguém sabe quem são”, destaca Nenê.

Outra personalidade, o Sr. Carlão do Peruche – um dos mais importantes sambistas de São Paulo e último cardeal vivo, enfatizou o valor da publicação. “O livro é para a história ficar para as gerações futuras conhecerem…”.

Sobre a autora

Mineira, Sara Negritri foi criada na cultura da igreja evangélica desde a infância, sempre teve curiosidade sobre os batuques que tocavam num terreiro ao lado da casa da avó, onde morava com a mãe e a irmã. Ela faz questão de enfatizar essa origem para mostrar a importância do respeito a todos e a todas independente da religião.

Também sempre nutriu interesse pela cultura de Congado que passava em sua rua. Anos depois, se apaixonou pelo gingado do samba e passou a frequentar espaços tradicionais em Belo Horizonte. Já na faculdade de Música, se aventurou como cantora de samba, entre outros ritmos, e se formou como compositora. Resolveu, assim, se aprofundar no projeto acerca das Escolas de Samba. Nessa fase, descobriu que um primo distante, o Mestre Conga, é o fundador de uma das mais tradicionais escolas de samba de Belo Horizonte, a “Inconfidência Mineira”.

Sara Negritri. Foto: Joazin Fotografia
Sara Negritri. Foto: Joazin Fotografia

Serviço

Lançamento do livro Samba e Pandemia “2021- O Ano em que o Samba Parou”
Quando: Sábado, 13 de maio a partir das 14hs.
Local: União das Escolas de Samba Paulistana.
Endereço: Rua Rui Barbosa, 588, Bela Vista, São Paulo
Mais informações: Instagram @sambaepandemia

Comentários

 




    gl