Mestre Mercadoria propõe reflexão sobre modernidade e tradição no Carnaval

Desfile em 1984. Foto: Reprodução/Facebook/Rosas de Ouro

Desfile em 1984. Foto: Reprodução/Facebook/Rosas de Ouro

Raimundo Pereira da Silva, o mestre Mercadoria, um dos grandes ícones da história do Carnaval de São Paulo, fez uma reflexão sobre desfiles de escolas de samba de anos atrás e concluindo que se rende a modernidade mesmo sabendo que “estão acabando com a tradição”.

No texto, compartilhado em suas redes sociais nesta terça-feira (39), o sambista de 81 anos, cuja trajetória se mistura com a evolução do samba paulistano, se declara saudosista e recorda como eram vários itens da apresentação de agremiação na Avenida. “Simplesmente era um desfile”, iniciou ele a publicação.

Com passagem por diversas agremiações, trabalhos para a Liga Independente das Escolas de Samba e atuações como palestrante de diversos temas ligados ao Carnaval, Merca é considerado pelos sambistas como um dos principais expoentes de todos os tempos do Carnaval.

Leia na íntegra:

Muitas pessoas me perguntam como era o desfile das escolas de samba de São Paulo a anos atrás.
Até como um saudosista não me furto a responder
Simplesmente era um desfile
Onde você via samba no pé onde você reconhecia cada bateria o casal de MSPB evoluiam livremente pela AV.
Enredos todos com cara da própria escola de samba que você entendia.
Sambas de enredo belíssimos com uma estrutura literária e musical fortíssima
Alas de baianas e comissão de frente tradicionais onde o jurado da CF não precisava ter conhecimento em acrobacia
Ala coreografada era mesmo coreografia saudosas ala de Passo Marcado.
E todos componentes dentro da avenida cantavam
A as alegorias simples mas educativas tinha baliza tocador de pratos
Não tinha mestres mas tinha o Apitador tinhas alguns que solava o hino nacional no apito.
A as passista ou cabrochas não sambavam na ponta do pé não é Bene Rosas.
Mas eu me rendo a modernidade mesmo sabendo
que estão acabando com a nossa tradição
De um miliano
SAUDAÇÕES SAMBISTICA MERCADORIA

Mais sobre o “Mestre”

Pai de uma família de sambistas, sua trajetória no Carnaval teve início aos dez anos de idade e se confunde com o crescimento, mudanças e profissionalização do samba paulistano, onde se tornou lenda viva.

Na Sociedade Rosas de Ouro, ganhou notoriedade como diretor de harmonia, conquistando muito mais do que títulos, entre 1980 e 1996, fez escola. Passou também pela Unidos de Vila Maria, onde deixou sua marca e Estrela do Terceiro Milênio.

Ensaio técnico 2022 da Mocidade Unida da Mooca. Foto: Fausto D’Império/SRzd
Mercadoria. Foto: Fausto D’Império/SRzd

Atualmente, ocupa um cargo de direção na Mocidade Unida da Mooca, agremiação que integra o Grupo de Acesso 1 do Carnaval de São Paulo e comanda o departamento de Velha-Guarda e Baluartes do Carnaval paulistano.

Com estilo único e respeitado por integrantes de todos os pavilhões, tem por hábito se posicionar até diante de assuntos considerados polêmicos e delicados, colocando literalmente o “dedo na ferida” quando o assunto está relacionado a arte em que contabiliza mais de cinquenta anos de vivência intensa, conquistas das mais variadas e experiência com a massa que constrói o espetáculo chamado desfile de escola de samba.

Como comentarista do SRzd, entre 2012 e 2013, ou em qualquer roda de conversas entre sambistas, uma coisa é certa: Mestre Mercadoria está sempre disposto a compartilhar suas passagens, sempre com bom humor, conselhos, e o mais importante: brilho nos olhos de quem é testemunha e protagonista de histórias que contribuíram para muitas transformações no Carnaval de São Paulo nas últimas décadas.

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