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Respeito ou idolatria? Você sabe responder?

Reverência. Foto: Arte

Ednei Mariano traz novo texto em sua coluna no portal SRzd.

As publicações são semanais, sempre às sextas-feiras, na página principal da editoria do Carnaval de São Paulo. Leia, comente e compartilhe!

Respeito ou idolatria? 

Em Sampa o tratamento dado aos pavilhões das entidades carnavalescas é diferenciado daquele dispensado na maioria das cidades do país.

Isso se deve ao fato de nosso samba ser de origem rural, ou seja, veio do interior para a capital.

Carregado com a influência do batuque, desde a época da escravidão. Durante as festas públicas, os senhores escravocratas exibiam “seus” negros em trajes especiais com seus instrumentos em procissão.

Findado este triste período, os negros vieram para a cidade e adotaram o estandarte para identificar as confrarias e as irmandades. Estandartes adorados, pois ali estava a referência de cada grupo.

Só podiam tocar nele gente que era do meio!

Andando um pouco mais no tempo, chegando nas agremiações carnavalescas, o estandarte se tornou objeto de disputa. Quando o vencedor dessa disputa entre esse grupos arrebatasse o pavilhão da outra entidade, travava-se uma luta de dança.

O homem que carregava aquele símbolo era o mais ladino entre os membros daquela comunidade. Vinham em posição de proteção e ataque, eram os chamados batedores.

Passada a “era das brigas”, a mulher passou a ter a honra de conduzir os pavilhões, tanto nos Cordões, quanto nas escolas. Ela era a figura de destaque.

Vamos caminhar ainda mais.

Na década de setenta, os desfiles em São Paulo cresceram, e com eles, o nascimento de muitas escolas de samba, e junto, as transformações. O culto ao pavilhão cresce mais! Com esse crescimento, normas e regras, em torno dele.

Você conhece? Não? Vou ajudá-los!

Só se beija o pavilhão quando ele é oferecido pelo casal, e isso é tido como uma grande honraria para que recebe.

O homenageado não encosta a boca no pavilhão, o contato é protegido pelas mãos.

E mais; toda a reverência do mestre-sala, em sua performance, é para chamar a atenção de todos para a estrela maior: o pavilhão.

São passos, mesuras, torneadas! Tudo em função deste “pano” de 1,20 por 0,90 cm.

A porta-bandeira é chamada de primeira dama da escola. A porta-estandarte voltou em sua importância, a partir de 2018, vai ser quesito nos Blocos carnavalescos da cidade, pela Uesp.

Nunca, nunca mesmo, se cumprimenta um pavilhão de chapéu ou com uma bebida na mão. Uma mulher de calça então, essa jamais pode pegar em um pavilhão!

A porta-bandeira, para ostentá-lo, deve estar de saia, sempre abaixo do joelho. Além disso, só se abre uma evento em uma quadra, em um terreiro de samba, com a presença do pavilhão.

Somente pessoas autorizadas e devidamente trajadas podem transportá-lo para quaisquer lugares. O rigor também é exigido do mestre-sala, nesse sentido. Seu figurino segue regras que jamais podem ser desconsideradas; sua função não pode ser exercida se ele não estiver de calça social ou camisa.

Sim meus amigos! O respeito ao pavilhão, espelho e identidade de toda uma comunidade, é uma das maiores tradições e referências deste complexo universo que gira em torno das escolas de samba. Tradições que nos norteiam na preservação desta cultura, tão peculiar, e tão apaixonante.

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