Ednei Mariano cobra dirigentes e avalia julgamento dos casais em São Paulo

Casal de mestre-sala e porta-bandeira. Foto: SRzd - Cláudio L. Costa

Casal de mestre-sala e porta-bandeira. Foto: SRzd – Cláudio L. Costa

Neste 10 de junho é celebrado o dia do mestre-sala e da porta-bandeira, em São Paulo.

Promulgada em 2011, a lei de autoria da porta-bandeira e vereadora Juliana Cardoso passou a integrar o calendário de eventos da Cidade de São Paulo como uma forma de homenagear esses artistas: o mestre-sala, a porta-bandeira e a porta-estandarte, que, durante muito tempo, têm cultivado a cultura popular nas escolas de samba paulistanas.

O dia para a comemoração foi escolhido porque nesta data, em 2009, foi feita uma homenagem na Câmara Municipal para Maria Gilsa Gomes dos Santos, tradicional porta-bandeira da folia paulistana que faleceu em dezembro de 2008 aos 56 anos.

Gilsa é lembrada como grande protagonista da história do samba paulistano, tendo dedicado 34 anos de sua vida ao posto de porta-bandeira em algumas escolas, entre elas a Acadêmicos do Tucuruvi e a Sociedade Rosas de Ouro. Seu legado se estende até os dias de hoje, já que muitos de seus ensinamentos são passados às novas gerações na formação de jovens dançarinos.

Também foi em 10 de junho, porém de 1995, que foi criada a Associação dos Mestres-salas, Porta-bandeiras e Porta-estandartes do Estado de São Paulo, a Amespbeesp, da qual Gilsa era vice-presidente e instrutora.

Presidente da Amespbeesp, Ednei Mariano conversou com o SRzd e deu seu ponto de vista sobre o momento atual da dança do mestre-sala e da porta-bandeira no Carnaval paulistano.

Ednei Mariano. Foto: Fausto D'Império/SRzd
Ednei Mariano. Foto: Fausto D’Império/SRzd

Julgamento na Liga-SP

Para o sambista, é importante que a troca de jurados não seja feita de uma vez, como, segundo ele, aconteceu após o Carnaval 2016. Ednei destacou que a mudança paliativa dos jurados ajuda na preparação deles e não atrapalha o julgamento dos casais.

“Nós tínhamos até 2016 um grupo que era liderado por Isabel Cristina, que é do Rio Grande do Sul e julgou o Carnaval de São Paulo nos anos 90. Este grupo ficou por 8 anos e eles já conheciam o bailado do mestre-sala e porta-bandeira. Para nós, isso é necessário para que o jurado saiba como é a evolução do casal ao longo dos anos. De quatro anos pra cá, é um outro grupo de jurados, principalmente no Especial. Então eles estão se adaptando a dança do mestre-sala e porta-bandeira e mergulhando devagar”, explicou.

“Junto a Liga-SP, pedimos algumas alterações no curso para que os jurados mergulhem na história do casal. É necessário que o júri conheça os movimentos. Se eles saberem da história dos movimentos, terão mais confiança e serão mais precisos na avaliação. Vale lembrar que os jurados são ligados à dança, mas não especificamente a do mestre-sala e da porta-bandeira”, completou.

Houve uma valorização maior da dança

O ex-mestre-sala declarou que o julgamento atual melhorou em relação aos últimos anos, principalmente devida a inclusão da necessidade dos casais em se apresentarem diante dos jurados.

“Em 2022 conseguimos avançar um pouco mais. Antigamente o casal era avaliado pelo campo visual e não era obrigado a se apresentar diante do júri. Agora que o casal tem que fazer todos os movimentos obrigatórios diante do jurado, ele tem mais condição de avaliar a perfeição ou não do mestre-sala e da porta-bandeira. Houve uma valorização maior da dança”, avaliou. 

A tradição da dança

O presidente da Amespbeesp opinou que é papel dos jurados em ajudar na valorização da dança tradicional do mestre-sala e da porta-bandeira.

Se a gente tiver jurados que deem a permissão de alguns novos movimentos na dança, mas que tenham como fundamental a tradição do mestre-sala e porta-bandeira, com certeza a dança irá perdurar por décadas”, disse.

Tem que haver uma preocupação na valorização do quadro de casais

Atenção ao quadro de casais

Mariano também cobrou os dirigentes das entidades filiadas à Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo e a União das Escolas de Samba Paulistanas (Uesp). Para ele, é necessário que o quadro de casais receba o mesmo cuidado dado ao mestre-sala e a porta-bandeira principal.

“Há de haver uma compreensão muito grande dos dirigentes da Liga-SP e da Uesp. Eles precisam entender que os casais são fundamentais para a disputa. Por exemplo, se o quesito mestre-sala e porta-bandeira fosse o último a ser lido, o resultado do Carnaval 2022 no Grupo Especial seria outro. Então tem que haver uma preocupação dos dirigentes na valorização do seu quadro de casais. O Sidnei Carriuolo (presidente da Liga) e o Alexandre Magno (presidente pela Uesp), devem passar essa responsabilidade para os presidentes das escolas de samba. Estão se esquecendo de alguns detalhes de prestígio do seu quadro de casais. Houve casos em diversos anos em que o segundo teve que substituir o primeiro, e às vezes vemos que o substituto não consegue alcançar o 10, é só a gente procurar nos mapas de notas”, destacou.

O futuro

Por fim, Ednei revelou que em breve a a Associação abrirá o seu vigésimo quarto curso básico e de aperfeiçoamento para mestres-sala e portas-bandeira.

“Tivemos uma grande procura. O nosso curso de formação será iniciado em meados de julho. Só vamos saber se a procura está grande de fato quando abrirmos as inscrições”, finalizou.

Leia também:

+ Vai-Vai tem novo coreógrafo de comissão de frente: ‘Prazer inenarrável’

+ Turismo em São Paulo cresce com desfiles de Carnaval em abril; veja dados

+ Datas, posições predefinidas e sorteio: o que se sabe do Carnaval 2023 de SP

Comentários

 




    gl