Diretor faz reflexão: ‘A Barroca chegou ao fundo do poço e muita gente nos deixou’

Marcus Paulo Tibechrani (Marcão). Foto: Reprodução/YouTube

Marcus Paulo Tibechrani (Marcão). Foto: Reprodução/YouTube

Após 15 anos longe da elite do samba paulistano, a Barroca Zona Sul teve a missão de abrir o Grupo Especial no Carnaval 2020. O desfile em homenagem a Tereza de Benguela rendeu a décima colocação para a verde e rosa, resultado que a manteve no grupo.

Durante o lançamento do samba-enredo 2021, quando a escola cantará “Seu Zé Pilintra” na Avenida, o diretor de Carnaval, Marcus Paulo Tibechrani, o Marcão, recordou sobre o momento em que a “Faculdade do Samba” disputou o então Grupo 2 da União das Escolas de Samba Paulistanas (Uesp) – atual Grupo Especial de Bairros – no ano de 2014.

“Chegar até aqui não foi fácil. Quem acompanhou a Barroca desde o começo, e não enche duas mãos, viu o quanto foi complicado chegar até o Grupo Especial e ficar no Grupo Especial. Hoje é fácil ter gente querendo desfilar, aparecer, isso é o que mais tem e em qualquer entidade, infelizmente. A Barroca chegou ao fundo do poço e muita gente nesse caminho deixou a gente de lado, mas o Seu Zé, não. Desde esse momento ele acompanhou todo o nosso trabalho”, contou.

Logo 2021 da Barroca Zona Sul. Foto: Divulgação

Em seu discurso, o dirigente também falou sobre a justificativa do título do tema “A evolução está na sua fé… Saravá Seu Zé!”: “A gente não consegue evoluir, crescer na nossa vida, atingir nosso objetivo, se a gente não acreditar. Não necessariamente precisa ser no Seu Zé Pilintra, que eu acredito, que é patrono da Barroca Zona Sul, mas você tem que acreditar em algo, a gente acreditou. Ele levou a gente até o Grupo Especial? Não! Ele abriu o caminho, a gente trabalhou muito”.

O sambista também prometeu apresentar no próximo desfile, uma proposta de enredo jamais vista na história do Carnaval.

“A Barroca Zona Sul vai contar a história do Seu Zé, a partir do nascimento dele e uma morte que não existiu, porque até hoje ele está presente na vida de milhares de pessoas. O que a gente viu muito por aí é explorar a questão da malandragem, do bar, da jogatina e da bebida do Seu Zé. Ele é muito maior do que isso. Seu Zé é o povo brasileiro. É aquela pessoa que cresceu no lugar com dificuldade, passou por sede, passou por fome, teve problemas de doença e morte dentro da família. É uma pessoa que quis algo melhor e que errou sim. Tenho certeza que uma parte das pessoas foi pesquisar a vida dele e se pergunta: como é que uma pessoa que errou tanto na vida, se torna uma entidade importantíssima para milhares de brasileiros e que representa a religião da Umbanda? É justamente porque ele admite os erros dele, quis evoluir e hoje ele está por aqui para nos ajudar. Então ao contar a história do Seu Zé, você conta a história do nosso povo brasileiro, que luta e dá com a cara na porta, que passa por dificuldade, por isso que ele é o advogado dos pobres, justamente a proteção daquelas pessoas que são menos favorecidas, que têm menos oportunidades”, explanou.

Marcus Paulo Tibechrani (Marcão). Foto: Reprodução.

Por fim, ao agradecer os carnavalescos Rodrigo Meiners e Rogério Sapo e o diretor espiritual da agremiação, Pai Douglas, Marcão expôs que o enredo tem que ser apresentado quando a população estiver feliz, ou seja, livre da pandemia.

“A gente está preparando um desfile que vai acontecer na hora certa. Estamos no momento de pandemia, muito respeito a todas as famílias e pessoas que nos deixaram nesse tempo todo. Temos que respeitar. O Carnaval é alegria do povo, então alegria tem que acontecer na hora que realmente o povo estiver bem, estiver feliz, para poder desenvolver o Carnaval”, concluiu.

No próximo ano, a escola presidida por Ewerton Cebolinha vai desfilar na segunda noite do Grupo Especial de São Paulo.










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