Conselheiro da Gaviões da Fiel explica falta de títulos e mudança de opinião sobre Paulo Barros

Miranda. Foto: Vinicius Lucio/Gaviões da Fiel

Miranda. Foto: Vinicius Lucio/Gaviões da Fiel

Integrante da Gaviões da Fiel desde 1974, Carlos Tadeu Miranda já foi diretor de harmonia e hoje é conselheiro vitalício da entidade que contabiliza quatro títulos do Grupo Especial do Carnaval paulistano.

Em entrevista ao SRzd, Miranda, como é conhecido, relembrou sua chegada à agremiação, mencionou momentos marcantes em sua trajetória e projetou que em breve, com o trabalho que está sendo realizado, a Gaviões voltará a conquistar o campeonato.

Durante a conversa, ele também analisou a estreia do carnavalesco Paulo Barros em 2020 e comentou sobre a expectativa para os desfile do próximo ano em meio a pandemia do novo Coronavírus.

Miranda. Foto: Erika Papangelacos

SRzd: Como você ingressou na Gaviões da Fiel? 

Miranda: Fui levado em 1974, pelo Paulinho Arapirica, que era da Gaviões. A gente estudava na Escola Estadual Buenos Aires, em Santana. Tínhamos um grupo muito forte de corintianos, que iam para os jogos e o Paulinho insistiu para que eu ingressasse na entidade, e acabei entrando na família Gaviões da Fiel.

Já em 1978, as pessoas responsáveis pelo Carnaval me chamaram para fazer parte da escola, juntamente com o Lucas, Luiz Carlos, Biro-Biro, enfim, uma turma grande.

Assumi a coordenação da harmonia em 1982, até que em 1989 nós fomos convidados pela Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo para fazer parte do Grupo Especial. Inicialmente nós não aceitamos, aí insistiram e fizemos uma reunião do Conselho. A partir daí foi decido que até então, iriamos funcionar como escola de samba. 

Desfile da Gaviões da Fiel 1990. Foto: Reprodução YouTube

Em 1990 nós fizemos fizemos o desfile no Grupo Especial e não fomos muito felizes, aconteceram uma série de coisas. Após o desfile aconteceu uma votação no Conselho para avaliar se prosseguiria com o projeto. Resolvemos montar uma comissão de Carnaval que era formanda por Luiz Carlos, Ernesto Teixeira, Roberto Carlos e Biro-Biro. Nós fizemos este grupo forte e tivemos sucesso. Começou em 1991 e se perdurou durante muitos anos. A Gaviões teve êxito como escola de samba. Foi a entidade mais nova que foi campeã do Carnaval paulistano, em 1995, além de ser vice-campeã em 1994.

Essa trajetória toda foi como diretor de harmonia e diretor de Carnaval, cargo que ocupei até 2011. Agora eu estou sempre ajudando e colaborando no Conselho Deliberativo. Sou conselheiro vitalício até hoje.

Desfile da Gaviões da Fiel 1995. Foto: Reprodução

SRzd: Depois de todos esse anos, quais momentos considera como os mais importantes?

Miranda: Foram vários momentos de emoção. Quando fomos campeões em 1991 fizemos um esforço muito grande, porque criamos uma comissão que era responsável todinha pelo Carnaval. Foi um momento muito importante a separação administrativa da torcida com o Carnaval. Conseguimos fazer um maravilhoso desfile no Grupo de Acesso.

Outro momento que a gente nunca vai esquecer, é claro, foram os campeonatos de 1995 e 1999. A gente também teve momentos de satisfação e sabemos que nossa entidade foi modelo para o Carnaval de São Paulo.

SRzd: Por qual motivo você avalia essa ausência de títulos da Gaviões da Fiel? Já são 17 anos sem conquistar o Grupo Especial.

Miranda: Essa pergunta até nós fazemos. Talvez nesses 17 anos que nós não conseguimos um título, seja porque o Carnaval de São Paulo cresceu um absurdo e hoje em dia não tem mais ‘bobo no Carnaval’. As escolas se estruturaram e eu acho que nessa estruturação, a Gaviões não soube aproveitar a fase e talvez tenha ficado um pouco para trás, mas eu acredito que a Gaviões está fazendo um estrutura grande para daqui pouco tempo voltar a ser campeã do Carnaval.

Gaviões da Fiel 2003, último título da escola no Grupo Especial. Foto: Reprodução.

SRzd: Neste ano Paulo Barros estreou pela Gaviões da Fiel. O que você achou do trabalho desempenhado por ele?

Miranda: Primeiramente tenho que enaltecer um carnavalesco muito importante na vida da Gaviões da Fiel, o Raul Diniz. Ele nos ajudou a montar toda nossa estrutura de Carnaval, que ele pegou em 1991 e levou até 1997.

Depois trouxemos o Roberto Szaniecki, um grande carnavalesco também e o Jorge Marcos Freitas. O Jorge também nos ajudou muito e de lá para cá, não achamos mais ‘o carnavalesco’.

Surgiu a excelente ideia no ano passado de trazer o Paulo Barros. Eu tinha outra ideia sobre ele, mas com a oportunidade de conhecê-lo, notei que se trata de uma pessoa simples, humilde, inteligente, e que tem uma equipe maravilhosa, com ideias maravilhosas. Ele chegou para fazer uma renovação também dentro da nossa entidade e essa renovação continuará. É por esse motivo que eu estou muito confiante de que a Gaviões da Fiel será uma forte candidata ao título do Carnaval 2021.

Paulo Barros no desfile da Gaviões da Fiel 2020. Foto: SRzd – Bruno Giannelli

SRzd: Como você projeta o Carnaval 2021 em meio a esta pandemia?

Miranda: Sinceramente, está assustando muito essa pandemia e ela pode influir no Carnaval de 2021. Nós temos que tomar cuidado. Estamos perdendo amigos e amigas na Gaviões. Talvez isso sirva para refletir e para que a gente possa viver melhor.

Miranda no Sambódromo do Anhembi. Foto: Divulgação.

No Carnaval 2020, a “Torcida que Samba” ficou na décima primeira colocação do Grupo Especial, após apresentar na Avenida o enredo Um não sei quê, que nasce não sei onde, vem não sei como e explode não sei porquê…”.

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