Com a presença de Ailton Graça, Lavapés dá mais um passo na regularização de sua quadra

Roberto Arantes (primeiro da esquerda para direita), Tiago de Almeida Machado (segundo da esquerda para direita), Ailton Graça (quarto da esquerda para direita) Arnaldo Faria de Sá (sexto da esquerda para direita) com a equipe. Foto: Divulgação

A escola de samba Lavapés Pirata Negro, uma das mais antigas em atividade na cidade de São Paulo, deu mais um passo para a cessão definitiva de sua quadra.

Nesta quinta-feira (10), em reunião com o presidente da SP Urbanismo, Roberto Arantes,  o subprefeito do Jabaquara, Tiago de Almeida Machado, o vereador Arnaldo Faria de Sá e o presidente da agremiação, o ator Ailton Graça, foi discutida a regularização final da área.

Em 2019, quando Faria de Sá era subprefeito, foi conseguido um espaço para a agremiação na Avenida Barro Branco, 770, na Zona Sul da cidade de São Paulo. Desde então, Ailton tem realizado as atividades da entidade no local.

Em 2020, a Lavapés conquistou o título do Grupo de Acesso de Bairros 2 da União das Escolas de Samba Paulistanas, a Uesp, com o enredo “O mundo a partir da África e o tambor que faz a gira girar”. O resultado  garantiu a vaga no Grupo de Acesso de Bairros 1 no próximo Carnaval.

Apuração do Carnaval 2020 da Uesp. Foto: Uesp – Daniel Amorim

Lavapés: Uma das mais belas histórias do Carnaval de São Paulo

Tudo começou com a dedicação de Deolinda Madre, mas que em função dos inúmeros afilhados era conhecida como “Madrinha Eunice”.  Filha de escravos, nasceu em 14 de outubro de 1909 em Piracicaba vindo a morar em São Paulo com doze anos. As notas musicais do jongo, samba rural e do batuque foram as bases de sua formação para que futuramente se tornasse um ícone do carnaval paulista.

Na capital, morou na Rua Tamandaré, residindo posteriormente nas ruas da Glória, Galvão Bueno e Barão de Iguape (onde foi instalada a quadra da agremiação). Tinha como companheiro o italiano Chico Pinga, um exímio cavaquinhista que ajudou também a fundar a Lavapés. A “Rainha Negra do Samba” falecia em 1995 deixando um imenso legado.

Uma inspiração carioca

Madrinha Eunice e Chico Pinga se conheceram na Festa de Pirapora, uma tradição que envolvia romarias, sambas e batuques de diversas partes do estado para a cidade de Pirapora do Bom Jesus.

Durante vários anos Dona Eunice manteve o costume de levar os integrantes da escola e sua família a famosa festa comemorada em 06 de agosto, que gira em torno da imagem que foi encontrada na região em 1725, aproximadamente, às margens do rio Tietê, e que passou a ser considerada milagrosa. Na capital paulista fez parte de um do bloco carnavalesco do Glicério, na década de 1930, chamado “Baianas Paulistas” que durou cerca de três anos, até que, em 1936, o casal foi passar uma temporada com familiares no Rio de Janeiro quando assistiram ao Carnaval da Praça Onze.

Encantada com o desfile da escola de samba vermelha e branca “Deixa Malhar” ela, então, reuniu alguns batuqueiros e 20 homens do bairro para desfilarem vestidos de baianas. Assim nascia a Lavapés. Dona Eunice escolheu as cores vermelho e branco, como eram as da escola que ela dissera ter gostado de ver no Rio de Janeiro e o símbolo adotado para a escola foi uma baiana, figura pela qual tinha grande admiração. Ela representaria a tradicional ala carnavalesca e as grandes matronas dos terreiros de grupos vindos da Bahia para o Rio de Janeiro e São Paulo.

O sonho que virou escola, que virou realidade

A escola foi considerada uma das mais fortes em sua época áurea e dela participaram vários sambistas que, mais tarde, fundariam e participariam de outras escolas da cidade. Entre eles, Carlão do Peruche (fundador da Unidos do Peruche, em 1956), Silval do Império (fundador da Império do Cambuci, em 1963), Chiclé e Mestre Thadeu (do Vai-Vai), os radialistas Moraes Sarmento e Evaristo de Carvalho, Mestre Lagrila e o multiartista Germano Mathias. A Lavapés passou por, praticamente, todos os espaços dedicados aos desfiles de carnaval desde sua fundação em 1937. Praça da Sé, Vale do Anhangabaú, Avenida São João, Tiradentes e até o sambódromo.

Bateria da escola de samba Lavapés em desfile de 1970 e ensaio em rua da Zona Leste. Foto: Divulgação
Bateria da escola de samba Lavapés em desfile de 1970 e ensaio em rua da Zona Leste. Foto: Divulgação

No final da década de 30 e década de 40, participava de disputas organizadas por comerciantes e rádios em diferentes pontos da cidade, sendo considerada a maior campeã deste período. Na década de 50, houve a unificação das disputas de agremiações carnavalescas na Praça da Sé e, entre escolas e cordões, a Lavapés foi tetracampeã (1950 a 1953) e também ganhou o campeonato em 1956.

Comandada até então por Rosemeire Marcondes, neta de Madrinha Eunice, e mesmo longe dos holofotes do sambódromo, a Lavapés sempre foi respeitada e admirada por todos, considerada a escola de coração pelos verdadeiros sambistas do Carnaval de São Paulo. A Lavapés tem verdadeiros guerreiros que honram seu pavilhão. Finalizamos com uma frase memorável da querida madrinha fundadora: “Lavapés teve começo, mas não terá fim”.

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