Camisa Verde e Branco: Entenda a introdução do samba que está dando o que falar

Desfile 2020 do Camisa Verde e Branco. Foto: SRzd - Ana Moura

Desfile 2020 do Camisa Verde e Branco. Foto: SRzd – Ana Moura

Assim que a Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo divulgou – através das plataformas digitais – as versões oficiais dos sambas para o Carnaval 2023, a faixa da tradicional Mocidade Camisa Verde e Branco chamou a atenção de parte dos sambistas.

Na introdução são reproduzidos trechos da canção “O Guarani”, de Carlos Gomes, uma fala do jornalista Luiz Bacci durante o programa Cidade Alerta da RecordTV e de sons de tiro.

Em conversa com o repórter Cláudio L. Costa, para o SRzd, o diretor de Carnaval e vice-presidente da escola João Victor Ferro e o carnavalesco Renan Ribeiro explicam qual foi a intenção de fazer a faixa neste formato.

Segundo João, a proposta do enredo “Invisíveis” é colocar o dedo na ferida das questões sociais brasileiras e fazer um grito pelos direitos de diversas áreas.

“A intenção foi criar um desconforto para que as pessoas entendessem que a escola está brigando pelos nossos direitos: dos gays, pretos, pessoas sem terra, de outros que não tem condições de comer e etc. A gente briga pelos direitos sociais da comunidade e a gente preferiu vir nesta contramão, de não fazer uma coisa confortável. Sabíamos que essa introdução não ia agradar a todos. O samba em si é um dedo na ferida e a introdução não poderia ser diferente”, afirmou.

João Victor Ferro. Foto: Reprodução/Facebook

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De acordo com Renan, a verde e branca está passando “uma mensagem de luta, de movimentos sociais, de busca dos direitos, de luta social em busca dos direitos básicos garantidos em constituição”. E a introdução do samba criado por Nikinha, Xuxo do Cavaco, Sandro Simões, Gustavo Santos, Toninho 44, Rodrigo Correia, Diegues, Pablo do Cavaco e Zé Robertto dá o clima daquilo que será o desfile do próximo ano.

“[O tema] aponta falhas na estrutura social do país, onde se evidência o caos instaurado dentro nas camadas sociais que geram os movimentos em busca de direitos, que mostra com evidência a ausência do estado no cumprimento dos seus direitos. A introdução do Camisa Verde pontua em vários momentos e clama o povo, mostrando em alguns momentos onde o estado se fez ausente, onde as distorções sociais se mostraram evidentes, isso dá o tom do desfile do Camisa Verde e Branco 2023”, explicou.

Renan Ribeiro, carnavalesco da Camisa Verde e Branco. Foto: Sintonia de Bambas/Reprodução/Instagram
Renan Ribeiro, carnavalesco da Camisa Verde e Branco. Foto: Sintonia de Bambas/Reprodução/Instagram

Ainda segundo o artista, a adição de um trecho de um programa jornalístico não tem a intenção de criticar as empresas de comunicação.

“O intuito não é criticar a imprensa, mas sabemos que parte da imprensa se alimenta disso, o sistema se alimenta. Infelizmente a máquina do sistema do estado se alimenta de tragédias sociais como aquelas que são mostradas na introdução do samba. Então acho que se amarra com o discurso que a gente vai fazer e o dedo na ferida que a gente vai colocar”, finalizou.

O Trevo fará o terceiro desfile no domingo, dia 19 de fevereiro, no Sambódromo do Anhembi, pelo Grupo de Acesso 1.

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