‘Quem faz e decide sobre a festa é o povo’: blocos de SP defendem Carnaval de Rua no feriado de Tiradentes

Carnaval de rua de São Paulo. Foto: Edson Lopes Jr/Prefeitura de São Paulo

Carnaval de rua de São Paulo. Foto: Edson Lopes Jr/Prefeitura de São Paulo

Uma carta divulgada nesta segunda-feira (4), defende a realização do Carnaval de Rua na cidade de São Paulo no feriado de Tiradentes, 21 de abril, período em que as escolas de samba vão fazer seus desfiles no Sambódromo do Anhembi e no Autódromo de Interlagos.

O manifesto é assinado pelas entidades ABASP, Arrastão dos Blocos, Ocupa SP, Comissão Feminina, Fórum dos Blocos e UBCRESP – as três últimas publicaram no início de janeiro um outro texto afirmando que não se apresentariam no possível Carnaval no mês de fevereiro.

“Para defender a vida nós ficamos em casa o tanto quanto foi possível nos últimos dois anos. Não colocamos o bloco na rua e cumprimos nossa responsabilidade coletiva. Nos dias atuais, o cenário sanitário parece promissor e estável. Festivais, campeonatos esportivos, eventos religiosos e de negócios estão acontecendo normalmente. O sambódromo já está com a festa marcada e não há justificativa para proibir carnaval de rua livre, diverso e democrático, nesse abril de 2022”, diz um trecho da carta que tem como título “Carnaval de rua livre, com diversidade e democracia! Contra a violência policial e a censura”.

A publicação também questiona aglomerações em espaços privados em detrimento a eventos em locais públicos: “Temos a Lei do nosso lado, pois a garantia da manifestação livre é direito constitucional. E seguiremos multiplicando vida através da alegria. Contra todo tipo de autoritarismo, violência e censura contra a cultura popular! Em defesa do Carnaval de Rua Livre, com diversidade e democracia!”

Leia na íntegra:

Quando a humanidade inventou a rua, o carnaval já existia. É mais antigo do que a República Brasileira, mais antigo do que a Constituição Federal. Carnaval é tradição na Cultura Popular. Ele torna reais direitos necessários para a existência humana: direito à liberdade, direito à cidade, direito à democracia, direito à folia, à alegria, ao prazer… o direito à vida!

Estamos vivendo tempos difíceis e complexos para quem defende a vida. Guerra, genocídio, pandemia, fome, carestia, inflação e desemprego. Para aglomerar na rua com responsabilidade é necessário compromisso com a ciência, alto índice de vacinação, contaminações e mortes em curvas pequenas e descendentes.

Para defender a vida nós ficamos em casa o tanto quanto foi possível nos últimos dois anos. Não colocamos o bloco na rua e cumprimos nossa responsabilidade coletiva. Nos dias atuais, o cenário sanitário parece promissor e estável. Festivais, campeonatos esportivos, eventos religiosos e de negócios estão acontecendo normalmente. O sambódromo já está com a festa marcada e não há justificativa para proibir carnaval de rua livre, diverso e democrático, nesse abril de 2022.

Não podemos aceitar qualquer violência contra o carnaval. Não podemos aceitar ameaças, censuras, punições ou castrações – físicas ou jurídicas – contra aquilo que é nosso por direito:
bater nossos tambores em praça pública.

Governos deveriam apoiar a cultura e o carnaval popular. Desgovernos podem dificultar. Mas todos devem saber: quem faz e decide sobre a festa é o povo, auto-organizado em blocos, cordões, quilombos, escolas, fanfarras, suas comunidades, folionas e foliões… E não importa a forma: seja numa roda, num ensaio ou num cortejo, o carnaval deve ser respeitado.

Carnaval é respeito: aos corpos, às fantasias, à comunidade, a quem dele vive e trabalha. Carnaval é cuidar da natureza celebrando a entrada e saída de mais um ciclo. São os catadores que trabalham e se divertem, são os ambulantes que não atravancam o caminho, são as pessoas que voluntariamente cuidam da rua da cidade onde moram, são artistas. É trabalho coletivo, organicamente evocando toda nossa brasilidade.

As maiores riquezas do Brasil são nossa natureza, nosso povo e nossa cultura. Não os interesses que privilegiam o lucro, o individualismo, o consumismo e o patrimonialismo. Não aceitamos hipocrisias. Qual é o critério que privilegia aglomerações em espaços privados e reprime o livre encontro público? Nossa festa vai tomar forma e vai acontecer nas ruas, esquinas, vielas e praças de nossa cidade como sempre aconteceu, vai florescer em celebração como sempre fez.

A gente vem de longe: é ancestral e histórica a força do carnaval. Temos a Lei do nosso lado, pois a garantia da manifestação livre é direito constitucional. E seguiremos multiplicando vida através da alegria.

Contra todo tipo de autoritarismo, violência e censura contra a cultura popular!
Em defesa do Carnaval de Rua Livre, com diversidade e democracia!

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