Após ensaio técnico, Clovis Pê deixa Camisa Verde e Branco e explica decisão

Clovis Pê, intérprete da Mocidade Camisa Verde e Branco. Foto: Felipe Araujo/Liga-SP

Clovis Pê, intérprete da Mocidade Camisa Verde e Branco. Foto: Felipe Araujo/Liga-SP

Clovis Pê não faz mais parte da tradicional escola de samba paulistana Camisa Verde e Branco. Em texto enviado ao SRzd, no início da madrugada deste domingo (8), o cantor informou que pediu seu desligamento da agremiação e explicou o motivo.

A saída do intérprete, que havia sido anunciado pela escola em junho de 2022, acontece horas depois dele participar do primeiro ensaio técnico geral da verde e branca no Anhembi e dois dias depois da diretoria ter anunciado a contratação de Igor Vianna, voz oficial da União da Ilha no Carnaval do Rio.

“Estarei como intérprete na Unidos de Lucas no Rio de Janeiro, Mocidade Independente de Ilhabela, Império da Camisa Azul e Branco Maricá e Doce Mar em Presidente Epitácio”, disse Clovis sobre o Carnaval de 2023.


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Leia à íntegra:

Estava cuidando de uma pessoa muito importante e quando olhei, um bombardeio de mensagens. Amigos do samba, sites, blogs, revistas… Então pedi minha esposa que fosse respondendo que depois eu responderia a cada um. Resolvi ver como seria o ensaio técnico, o primeiro ensaio com o grande intérprete Igor Viana, e nossos perfis são muito diferentes.

Conversando com pessoas próximas e que entendem de Carnaval, lembrando que ano passado foi a mesma situação, chegamos há uma conclusão que não posso me sentir culpado com uma coisa que é acordada e no meio do caminho muda.

O patrão tem todo direito de escolher o melhor para a agremiação dele, eu que não sou obrigado a ferir meu caráter e minha honestidade dentro da minha história dentro do samba para evitar burburinhos e falácias de grupos de Carnaval.

Algumas pessoas se preocuparam com a minha imagem, outras com o que falariam de mim e eu, apenas quero cantar e ser quesito valioso na ajuda de tantos quesitos que contam pontos. Afinal, até hoje procuro levantar o astral de minha comunidade, a quem chamo de família.

Não comecei no Carnaval ontem. Sou um cantor de histórias crescentes, ainda aprendendo e muito, vendo meus amigos intérpretes que admiro o trabalho. Só paramos de aprender quando morremos.

Não tenho problema em dividir microfone, mas tem que ter o mesmo perfil vocal e muitas outras coisas que só quem divide sabe. Não cabe a quem não entende de música e a importância da ala musical questionar minha decisão.

Alguns aninhos de Carnaval me permitem não aceitar surpresas e mudanças no meio do caminho. Toda escolha trás consequências e eu sempre soube segurar as minhas. Que assim seja!

Escutei tantas coisas e pessoas magoam pessoas. Recebi alguns prints e áudios, dizendo até que eu estava com medo, medo eu nunca tive, nem mesmo quando meu ídolo Jamelão me escolheu como seu sucessor para gravar e cantar com ele na “maior escola de samba do planeta”. Tenham empatia com o caminho que cada um prioriza para si e sem achismo, não dêem ouvidos a qualquer falas. Eu não sou homem de ter medo, sou homem de fazer escolhas por mim e por quem diretamente depende da minha saúde física e emocional para exercer o dom que DEUS me deu, sempre foi ele em minha vida.

Para o meu querido Camisa, uma escola de samba tradicional e singular, tive dias maravilhosos conhecendo a família do trevo. Foram meses maravilhosos e que não abro mão de agradecer e guardar em meu coração. Fazem parte da minha história e sou muito grato.

Minha presidente, meu vice presidente, meu diretor musical e minha ala Musical, muito obrigado. Minha velha guarda, baianas, as alas, musas, passistas, a rainha tão dócil, princesas, musas, toda a comunidade, vão com tudo. A vitória é certa!

Ao grande intérprete Igor Viana, parabéns pelos trabalhos exercidos e arrebenta nesse Anhembi que o camisa merece e sei que você dará um grande show!

Vamos que vamos família, a vida é abençoada e somos bem aventurados!

Com muito amor e paz no coração!

Clovis Pê

Alô família, Graças a Deus existe o Camisa em nossas vidas, é só alegria! Sorria cavaco, sorria!

É isso, samba é família e nos encontraremos nos sambas da vida!

Clovis Pê. Foto: Studioanarte/Camisa Verde
Clovis Pê. Foto: Studioanarte/Camisa Verde

Trajetória de Clovis Pê

Filho de sambistas, sua mãe porta-bandeira e seu pai mestre-sala, Clóvis iniciou sua carreira muito cedo e, aos 12 anos, assinou seu primeiro samba-enredo na Tupy de Brás de Pina, mesma escola em que seus pais ostentavam o pavilhão oficial.

Essa foi a primeira de inúmeras parcerias de sucesso compondo e defendendo sambas de enredo até chegar ao time de canto da Estação Primeira de Mangueira e cantar como intérprete oficial ao lado do icônico mestre Jamelão, em 2000, 2001 e 2003, onde também assinou as obras.

Na verde e rosa, Clovis participou da ala musical em 2002, 2004, 2005, 2010 e 2019. No Rio, cantou na Caprichosos de Pilares, Grande Rio, São Clemente, Império Serrano e Arame de Ricardo.

No Carnaval de São Paulo, contabiliza atuações pela Unidos de Vila Maria, onde foi campeão em 2014 pelo Grupo de Acesso 1, Mocidade Alegre, onde foi tricampeão do Grupo Especial, e Estrela do Terceiro Milênio.

Carnaval 2023

Com o enredo “Invisíveis”, do carnavalesco Renan Ribeiro, o Trevo fará o terceiro desfile no domingo, dia 19 de fevereiro, no Sambódromo do Anhembi, pelo Grupo de Acesso 1.

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